A Comissão Católica para a Justiça e Paz no Zimbabwe (CCJPZ) considera que “é no interesse da paz e da busca pela justiça que os resultados das eleições presidenciais realizadas a 29 de Março de 2008 sejam divulgados com carácter de urgência.” Num comunicado assinado pelo seu director nacional, a CCJPZ refere que a demora até agora verificada “causa suspeitas desnecessárias de que a Comissão Eleitoral do Zimbabwe está a ser manipulada tendo em vista o anúncio de resultados que divergem do veredicto do povo.”
A ZEC começou por atribuir a demora verificada na divulgação dos resultados à complexidade do processo eleitoral, mas à medida que os dias foram passando a opinião pública apercebeu-se de que tudo não passava de uma cabala destinada a manter o regime de Mugabe no poder. A atitude complacente dos países africanos, em particular os Estados membros da SADC, encoraja o regime da ZANU-PF a prosseguir com a batota eleitoral, a intimidar o povo mediante o desdobramento em locais públicos de efectivos do seu aparelho repressivo, e a agir com astúcia, prometendo aos seus lacaios mais propriedades agrícolas, confiscadas aos respectivos proprietários, e os proventos das empresas de exploração mineira que diz estarem prestes a ser nacionalizadas.
Confirmando a sua natureza despótica, o regime ameaça a independência do poder judicial, põe em perigo sectores tão sensíveis como o da aviação civil, conforme ficou patente ainda esta semana quando uma aeronave das linhas aéreas sul-africanas se viu temporariamente impedida de aterrar no Aeroporto Internacional de Harare pois as luzes da pista haviam sido propositadamente desligadas. Não se tratou de um mero problema técnico, mas antes uma acção deliberada do regime que, tendo conhecimento de que o líder da oposição, Morgan Tsvangirai, se encontrava a bordo, pretendia que o avião abortasse a aterragem e regressasse a Joanesburgo – em suma, condenar Tsvangirai a um exílio forçado.
O líder do Movimento para a Mudança Democrátrica regressava ao Zimbabwe após ter-se reunido com o presidente do ANC, Jacob Zuma, e o ministro do poder local, Sydney Mufamadi. Para a esmagadora maioria do eleitorado zimbabweano resta agora aguardar pelo veredicto do Supremo Tribunal de Justiça em Harare que continua a analisar a moção apresentada pelo MDC, exigindo que aquela instância obrigue a ZEC a respeitar a lei, divulgando sem mais subterfúgios os resultados do escrutínio presidencial
(Canal de Moc. / The Zimbabwean / Allafrica.com / The Star)
(Canal de Moc. / The Zimbabwean / Allafrica.com / The Star)
Sem comentários:
Enviar um comentário