Evitando debate do tráfico de madeira no Parlamento
Maputo (Canalmoz) – O Governo foi esta quinta-feira à Assembleia da República para responder às perguntas formuladas pelas bancadas parlamentares. A sessão ficou marcada por um episódio caricato que teve como figura de cartaz a presidente do Parlamento, Verónica Macamo, ao evitar que o ministro da Agricultura fosse questionado pelos deputados da oposição, relativamente o seu envolvimento no caso de tráfico de contrabando para China.
Da lista das perguntas formuladas ao Governo, pela bancada parlamentar da Renamo, constava o pedido directo de explicações ao ministro da Agricultura sobre o seu envolvimento no tráfico de madeira.
Lembre-se que nos princípios deste ano a agência britânica do meio ambiente (EIA) publicou um relatório que concluía o envolvimento de figuras de proa na área da Agricultura na facilitação de contrabando de madeira a favor de empresas chinesas e em
José Pacheco, actual ministro da Agricultura, e Tomás Mandlate, ex-ministro do mesmo pelouro, são citados pelos chineses entrevistados pela EIA como sendo “irmãos” dos contrabandistas: uma relação de proximidade criada muito pelo apadrinhamento que estas figuras alegadamente fazem aos chineses na facilitação de contrabando de madeira. Um dos chineses chega mesmo a dizer no relatório que quando Pacheco quer dinheiro vai nele buscar!
Os deputados da Renamo quiseram saber da versão do ministro perante tão graves acusações. Como no Parlamento moçambicano não se debate com os ministros, José Pacheco foi ao pódio ler sobre os “sucessos” da política agrária e em nenhum momento falou do seu envolvimento na exportação ilegal de madeira nacional para a China. José Pacheco apenas mostrou fotos de plantações de alfaces e couves para sustentar o sucesso da “produção e produtividade”. Do tráfico de madeira em que, segundo a EIA, ele é o verdadeiro padrinho, nada disse.
Verónica Macamo entra em acção
Apercebendo-se que Pacheco contornou o assunto, a bancada da Renamo, através do deputado José Manteigas, pediu a palavra e informou à sala que José Pacheco não respondeu à questão sobre o seu alegado envolvimento no roubo e venda ilegal de madeira.
Eis que verónica Macamo interrompe o deputado e diz que o ministro respondeu às questões colocadas pela bancada e se tiver dúvidas sobre as respostas do ministro deverá voltar a fazer a pergunta no dia de insistências.
“Senhor deputado, desculpe-me. Sua excelência, o ministro da Agricultura, respondeu às questões levantadas pela Renamo. Se a Renamo tiver outra questão, vai colocar no dia das insistências (esta sexta-feira)”, disse Macamo salvando a pele de José Pacheco que anda com a imagem muito chamuscada depois do escândalo dos chineses.
Importa abrir parênteses para explicar que Verónica Macamo e José Pacheco são ambos membros da do órgão máximo de direcção do mesmo partido Frelimo, a comissão política.
Espera-se que hoje (sexta-feira) Pacheco volte a ser confrontado com a questão da madeira. (Matias Guente)
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