Maputo
(Canalmoz) – O ministro das Finanças, Manuel Chang, disse na última
sexta-feira que o Governo está a “inteirar-se do conteúdo do relatório”
que relaciona José Pacheco, o ministro da Agricultura, com o contrabando
de madeira de Moçambique para a China e “dará resposta, no momento
certo”.
“O
meu colega da Agricultura (José Pacheco) não está aqui presente, mas
como faço parte do Governo, gostaria de dizer que o assunto de madeira
veio de um relatório e não podemos sair publicamente a especular.
Estamos a procurar nos inteirar melhor sobre o conteúdo do relatório. No
momento certo, os moçambicanos encontrarão a resposta”, disse Manuel
Chang falando para a sociedade civil.
No
encontro do Fórum das Organizações Não-Governamentais da província de
Gaza (FONGA) havido na última sexta-feira em Maputo, a sociedade civil
manifestou-se preocupada com o alegado envolvimento do ministro da
Agricultura no contrabando de madeira, exigindo explicação do Governo.
Foi em resposta a esta inquietação que o ministro Chang se pronunciou
nos termos acima transcritos.
O encontro contou com a presença de membros do Governo, embaixadores e sociedade civil.
Recentemente,
num relatório da Agência de Investigação Ambiental Britânica, José
Pacheco foi relacionado com o contrabando da madeira de Moçambique para a
China, juntamente com um outro ex-ministro da Agricultura, Tomás
Mandlate.
Vítimas das cheias devem ser indemnizadas
No
encontro, o FONGA exigiu ainda que o Governo moçambicano indemnize as
vítimas das cheias que no início deste ano assolaram a província de Gaza
e outros pontos do País.
Anastácio
Matavele, representante do FONGA, disse que se o Governo não agiu de
má-fé na gestão das cheias, então os países a montante devem ser
responsabilizados pelos danos no âmbito dos acordos que o Governo diz
ter com estes países.
“O
impacto das cheias é desolador. As vítimas deviam ser indemnizadas. Ou
isto aconteceu por má-fé do nosso Governo, ou os países a montante devem
ser responsabilizados porque nos garantiram que iriam controlar as
águas”, disse. Referia-se aos países do hinterland, com rios que
desaguam no Oceano Indico depois de atravessarem Moçambique,
nomeadamente a África do Sul.
O
representante do FONGA disse ainda que às vezes quando a sociedade civil
pretende ter alguns esclarecimentos é acusada de estar ao serviço de
oposição ou estar a fazer uma “agenda oculta”.
Resposta do vice-ministro das Obras Públicas e Habitação
Em
resposta, o vice-ministro das Obras Públicas e Habitação, Francisco
Pereira, disse que até Dezembro do ano passado, instituições ligadas a
meteorologia diziam que na zona sul não haveria cheias. Explicou que o
que aconteceu em Janeiro foi um fenómeno natural “estranho” em que se
chegou a registar uma precipitação de 225 milímetros em apenas um dia.
“Estas
situações, para um país como Moçambique com infra-estruturas fracas,
ocorreram devido a mudanças climáticas. As previsões anteriores foram
contrariadas”, disse também Francisco Pereira.
O
vice-ministro das Obras Públicas e Habitação, acrescentou que Moçambique
tem acordos com África do Sul e Zimbabwe e obrigatoriamente há troca de
informação. “Não houve omissão de dever de cuidado, houve, sim, um
fenómeno”, observou.
Lembre-se
que as cheias no Chókwè, que afectaram milhares de famílias, se
deveram, sobretudo, a descargas das barragens sul-africanas e a
negligência das autoridades moçambicanas em termos de medidas de
prevenção e manutenção de diques.
Rombo no Ministério da Educação
O
representante da FONGA, Anastácio Matavele, afirmou ainda que a
sociedade civil está preocupada igualmente com o desvio de fundos no
Ministério da Educação. No seu ponto de vista esta situação deve ser
considerada e tratada como um crime e o Governo deve esclarecer
publicamente o que aconteceu e onde é que estão as pessoas envolvidas.
A
secretária permanente do Ministério da Educação, Maria Zacarias, disse
que o caso de desvio de fundos está em investigação e o Governo não pode
vir a público sem que as verdades tenham sido apuradas.
“A
inspecção das Finanças está a trabalhar connosco. Agimos de imediato.
Trabalhamos com os parceiros de cooperação e isto toca a seriedade do
Governo. É do nosso interesse esclarecer este assunto e responsabilizar
os implicados”, disse.
O
Governo tem tardado a esclarecer este caso de desvio de fundos do
Estado, deixando a ideia de que se está a tentar deixar passer o tempo
para se deixar cair o assunto no esquecimento.
O problema do desvio de fundos do Estado afecta não só o Ministério da Educação como o de outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário