A Junta Nacional de Salvação da Renamo (JNSR), uma fação do maior partido da oposição de Moçambique, desaconselhou hoje o "boicote eleitoral" e apelou ao Governo para dialogar, disse à Lusa fonte do grupo.
Simone Muterua, porta-voz da JNSR, formado maioritariamente por dissidentes, incluindo fundadores, da Renamo (Resistência Nacional de Moçambique), disse que, sendo o partido parte da história da democracia no país, não demonstraria "maturidade" ao boicotar as eleições, mas considerou que o "Governo precisa ser humilde" e partir para o diálogo.
"Moçambique é democrático, e a Renamo é parte importante dessa democracia. Se o Governo é pelo diálogo, agora é o momento de mostrar o seu discurso e o Presidente Guebuza ir à Gorongosa conversar com Afonso Dhlakama", disse Simone Muterua.
O líder da Renamo está desde finais do ano passado na Gorongosa, em antigas bases da guerrilha, e tem reiterado que o seu partido não vai permitir a realização das eleições autárquicas, em 20 de novembro deste ano, e gerais, em 2014.
Para Muterua, havendo manifestações da Renamo à escala nacional, como resultado da sua indignação pelos "atropelos" dos Acordos Gerais de Paz (AGP), a população pobre e o crescimento económico do país vão "sair sacrificados", pois haverá "vandalização dispersa", o que poderá estar fora do controle da Renamo.
"Se Dhlakama está a fazer as ameaças, é uma forma de pressionar o Governo para o diálogo. Se quisesse fazer guerra não anunciaria, como fez em 1976. A concretizar-se, haverá adesão, mas não será política, mas sim de pobreza, pois vai reinar vandalismo e destruição de infraestruturas", previu Muterua.
"A Junta fez uma carta para o líder da Renamo, sobre a necessidade de o partido voltar a ser unido com uma liderança coesa, em que falamos sobre esta situação (de boicote) das eleições. Porque se a Renamo quer voltar a ganhar, deve ser aquela união eleitoral que ganhou em seis províncias nas primeiras eleições", defendeu.
A JNSR surgiu publicamente em 2006 para contestar a alegada intransigência na gestão da Renamo, que, acusou, "facilita as vitórias" da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência em 1975, mas este movimento nunca apostou em transformar-se em partido político.
AYAC // VM
Lusa – 02.04.2013
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