Pretória (Canalmoz) - Três pessoas presas em Cabinda revelaram aos investigadores que o veneno é uma composição que tem como solvente a conhecida “creolina”, resultante do cresol, composto químico com alguma toxicidade quando ultrapassados os níveis normais.
A ponta do novelo para o esclarecimento dos casos de intoxicação dos alunos nas escolas de todo o país foi encontrada na província de Cabinda, onde peritos de investigação investigaram três cidadãos associados ao crime.
A fonte, que falou sob anonimato, disse ao jornal angolano O PAÍS que os dados preliminares indicam que a creolina é o solvente de outras substâncias químicas resultando no composto que tem sido utilizado na prática do crime.
Durante as investigações ainda em Cabinda, foi descoberto que as acções de coordenação do grupo são feitas em Luanda por três indivíduos que encaminham o composto venenoso para o resto do país, preferencialmente por via terrestre.
“As análises confirmam que a creolina associada a outras substâncias podem provocar desmaios o quadro clínico frequentemente observado nos alunos”.
A disseminação do veneno, segundo explicações da fonte que reportava informações dos detidos, é feita por meio de pequenos recipientes e frascos pulverizadores, não sendo estranho, portanto, o facto de a Polícia ter preso, em algumas escolas, alunos na posse de frascos de perfumes.
A estrutura organizativa deste grupo, entre os quais faz parte “um cidadão mestiço com uma cicatriz no rosto” é de tal ordem difusa que leva mesmo à presunção da existência de um grupo mafioso.
“Existem vários grupos espalhados, mas estes mesmos grupos não se conhecem entre si”, disse a fonte ao jornal angolano quando dava explicações sobre o ‘modus operandi’ e a estrutura organizativa do grupo criminoso.
A fonte não pôde precisar ainda com que fins os supostos autores realizam estes “ataques químicos” às escolas, garantindo tão só que as investigações continuarão até se chegar a um fim esclarecedor do caso.
Histórico: as primeiras vítimas
A Escola São Domingos Sávio, no bairro Fubú, município do Kilamba Kiaxi, foi a primeira a registar o fenómeno que viria a espalhar-se pela província de Luanda, num primeiro momento, e depois pela maioria das províncias. Nessa escola foram afectadas de uma só vez 19 meninas que foram atendidas em postos de socorro próximos da escola e os professores disseram mais tarde ao jornal angolano O PAÍS que o causador do distúrbio tinha sido um antigo aluno que frequentava regularmente a escola.
Depois do sucedido, a direcção notificou os pais do aluno para dar a conhecer o seu comportamento e ele refugiou-se algures no bairro Cazenga. Informada, a Polícia do referido município tomou conta da ocorrência, deslocou-se ao local e nada mais fez em relação ao caso.
Com o registo de situação idêntica nas escolas do Projecto Nova Vida, a situação mereceu, enfim, a atenção das autoridades, porque foi nessa altura que também se notaram mais desmaios embora ainda circunscritos ao município do Kilamba Kiaxi.
Daí a alastrar-se por Luanda e quase o país inteiro foi como que num estalar de dedos e a realidade não podia mais ser escamoteada, tendo a opinião pública sido apanhada de surpresa quando foram revelados publicamente pela Polícia os primeiros dados sobre o assunto, numa apresentação que não colheu a “simpatia” da sociedade.
OMS também admite existência de veneno
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu o que agora as investigações policiais encontraram os primeiros sinais: houve contágio por substância química dos alunos das escolas do país. (por Eugénio Mateus com a devida vénia do Canalmoz)
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