Jimmy Dludlu no palco em Maputo
No próximo dia 30 deste mês, no Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo, vai haver uma verdadeira guilhotina aos santos!
Quase cinco anos depois de tocar para o seu povo, Jimmy Dludlu apresenta-se em palco, com a sua luxuosa banda, para lançar, finalmente, o “Tonota”, o seu último disco.
O músico, que neste momento se encontra em Gaborone, numa visita privada de uma semana, não vê a hora de desembarcar em Maputo para celebrar este sonho antigo, de tocar para o povo moçambicano e para a terra que o viu nascer. (O país)
A produção do concerto de Jimmy Dludlu, a cargo da agência Mafalala Libre, já confirmou, em primeira mão, a realização do tão aguardado espectáculo e, neste momento, decorrem, a dedo e unha, todas as demarches técnicas para que no dia 30 não falhe nada e Dludlu suba ao palco para mostrar o que mais sabe na vida: tocar a guitarra.
“Confirmo o espectáculo para o dia 30 de Setembro. Para nós, é a realização de um sonho. Estamos há cerca de 4 meses a andar de trás para a frente a tentar assegurar a realização deste concerto e estava realmente difícil, devido à agenda do Jimmy e à falta de parte dos patrocínios”, começou por indicar Mickey Fonseca, da Mafalala Libre, para depois deixar mais palavras de júbilo.
A ideia de trazer Jimmy Dludlu, segundo Fonseca, surgiu depois que veio ao público o último trabalho discográfico do músico, o “Tonota”, e também da constatação de que Dludlu já não tocava em Moçambique há cerca de 5 anos. Mesmo quando lançou ao mercado o penúltimo disco, o “Portrait”, Jimmy Dludlu não o apresentou ao público moçambicano.
Esta “ausência” acumulou a fome da sua inesgotável legião de fãs nesta zona do mundo, os quais nunca viram a hora chegar para ter o seu “guitar maestro” ao vivo. A escolha do Franco-Moçambicano, segundo a produção, deriva do facto de ser uma casa tradicionalmente especial para este naipe de espectáculos.
O “Franco” vai abarrotar de gente
“Nós achamos que o ‘Franco’ em si já tem o seu público e tem o melhor espaço da cidade e melhores condições em termos de camarins, som, luz e de segurança. Gostaríamos de ter ido a um outro local, mas, neste momento, esta escolha foi a melhor”, justificou Mickey Fonseca, admitindo que está consciente de que, mesmo assim, pelo nome do artista em causa, “há muita gente que vai ficar de fora no dia do evento”.
Jimmy Dludlu leva quase sempre uma banda de 8 a 10 elementos. “Tonota” é um disco rico em diversidades rítmicas e as suas melodias mergulham em influências que vão da África Ocidental ao Cabo, do Brasil a Moçambique, e da África do Sul ao Botswana. O tema número 7, “Tonota”, que, curiosamente, dá título ao álbum, tem inspiração no Botswana.
Tonota é um lugar de vivências profundas e de simbolismos particulares para Jimmy Dludlu. É nome de uma vila fronteiriça, no Botswana, e que se situa a 30 kms de Bulawaio. É onde Jimmy Dludlu, depois de sair da Suazilândia, viveu e amadureceu como músico de referência internacional. Foi em Tonota onde, inclusive, teve a sua primeira filha, a Linda.
Depois de sair de Botswana para se estabelecer em Cape Town, Jimmy Dludlu pediu a uma família, em Tonota, para que ficasse a cuidar da filha. Não tendo podido ir com o pai a Cape, a pequena Linda ficou, então, sob cuidados da família Mulawa, durante muitos e longos anos. Na parte final da música em apreço, ouve-se, na voz das coristas e de Jimmy, as referências a esta família.
O novo disco de Jimmy Dludlu é, em primeiro lugar, um tributo a esta família remota e generosa de Tonota, pelo papel que teve na vida do artista e na educação da sua filha. Quando diz “Tonota into the Groove”, ele quer dizer que os milagres da música podem nascer do insólito. Quer dizer que as capitais do jazz não estão somente nos pubs onde se toca o estilo, mas no amor daqueles que, com a sua imaginação, criam os artistas. O “Tonota”, com 15 temas musicais, é a festa do amor africano e é um disco que em Maputo, particularmente neste início de verão, vai-se dançar até dizer chega! Jimmy Dludlu diz que pretende dar em Maputo o melhor concerto da sua vida!
Empresários bilionários agraciam Jimmy Dludlu
No passado dia 18 de Agosto, Jimmy Dludlu fez um concerto exclusivo de apresentação do “Tonota”, dirigido a 100 individualidades das mais ricas e poderosas de Cape Town. O espectáculo de gala teve lugar no hotel One&Only. Quem entrasse, um a um, recebia uma caixa dourada e selada que continha, no seu interior, uma cópia do disco, um charuto havano, e uma garrafa de Whisky KWV, 20 anos “extra-old”. A caixa contém ainda um folheto que cataloga a biografia resumida do artista, incluindo todos os prémios que já ganhou na vida. Na verdade, não é a primeira vez que Jimmy Dludlu é agraciado por gestos desta dimensão.
Em 2008, por exemplo, e por ocasião da distinção do “Portrait” com o prémio “Sama Awards” de “melhor Álbum de jazz”, clientes do banco privado Investec, da África do Sul, com saldos bancários individuais que ascendem os 3 milhões de randes, decidiram organizar e oferecer um chorudo jantar ao músico, para expressaram o quanto amam a sua música.
Na mesma ocasião, Jimmy Dludlu recebeu também das mãos da senhora Jade Brits, representante do grupo Investec, um copo castanho debruado de leda, onde consta um magnífico desenho de uma fotografia sua, de habitual chapéu e guitarra na mão. Este copo, avaliado em muitos milhares de randes e que pesa pouco mais de 600 gramas, chama-se “Jimmy Dludlu Glass”, e foi comprado com dinheiro dos poderosos clientes daquele banco.
O jantar, que teve lugar no Restaurante Feast, em Pretória, na África do Sul, recebeu um nome genérico: “Jazz Everning with Jimmy Dludlu”. No ano passado, Jimmy Dludlu, que é professor universitário em muitos países, incluindo em Moçambique, tornou-se embaixador das Nações Unidas para o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, tendo produzido a canção “Eight Goals for Africa”, que foi largamente tocada durante a realização do Mundial de Futebol.
Nessa altura, ele efectuou uma digressão de dois meses com artistas africanos de peso para vários países do mundo, incluindo em Boston, cidade americana que tem um colégio de música onde é também professor.
Jimmy Dludlu, com catálogos indiscutíveis como um dos executores mais versáteis e mediáticos do estilo afro jazz em África e no mundo, e o músico americano Norman Brown, comparado mais de perto a George Benson, pela sua “prudência instrumental e doçura de voz”, cruzaram, pela primeira vez, no mesmo palco, caminho em Agosto de 2009.
Os dois músicos foram os cartazes principais, em Newtown, Joanesburgo, do festival sul-africano anual “Joy of Jazz”, que é organizado, como sempre foi de praxe, pelo banco Standard Bank, num evento que assinalava os dez anos de existência do festival. Os organizadores do evento foram buscar os dois artistas com base numa convicção acertada: são mesmo muito bons a tocar.
Mais recentemente, Jimmy Dludlu foi uma das personalidades de peso presentes no aniversário natalício de Nelson Mandela e prestou, nessa ocasião, lado a lado com nomes como o de Denzel Washington, R.Kelly, Frederick De Klerk, os 67 minutos de silêncio em homenagem ao prémio nobel.
Jimmy Dludlu esteve recentemente em Maputo e passou, como é o seu estilo, quase despercebido aos olhares dos fãs. No dia em que o fomos acompanhar ao aeroporto, já de partida para o Cabo, só dois agentes da MAHS Care Team é que o reconheceram. Trajando jeans azuis, chapéu de sol e um casaco sport de leda e umas sapatilhas, o músico foi assediado por aqueles dois agentes, pedindo autógrafos. Ao lado, no banco de espera, estava a sua guitarra, companheira preferida de longos anos.
“O senhor não é Jimmy Dludlu”? perguntou um deles.
“Não, não sou”, devolveu, brincando aos risos, Jimmy Dludlu, ante a incredulidade dos dois. Depois dali, ele embarcou e, seguramente, volta no dia 30, directamente para o Franco-Moçambicano!
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