Em causa está a exigência apresentada pela RENAMO, principal partido da oposição, de que as negociações para o adiamento do escrutínio sejam encetadas pelas cúpulas dos dois principais partidos e não apenas por via parlamentar. A FRELIMO, que há cerca de duas semanas apresentou na Assembleia da República a proposta de emenda constitucional com vista ao adiamento das referidas eleições - com o argumento de que o adiamento corresponde ao sentimento de "diversos sectores da sociedade moçambicana"-, parece pouco disposta a ceder à exigência apresentada pelo líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, numa entrevista a um semanário moçambicano.
Esta semana, o Presidente moçambicano e também líder da FRELIMO, Armando Guebuza, comentou o impasse, sem deixar antever qualquer solução. "Parece-me que as eleições não estão emperradas. Parece-me que há um debate público sobre a questão e uma parte decidiu apresentar publicamente as condições ou os condicionalismos que impõe para que se proceda à emenda constitucional", disse, à margem da visita oficial a Moçambique do seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos. Mas acrescentou: "Quero acreditar que a situação parece estar a ser ultrapassada".
Na "frente" parlamentar, continua por agendar o debate em plenário sobre o adiamento das eleições e sobre a proposta de emenda pontual da Constituição apresentada pela FRELIMO, que tem 160 deputados na Assembleia da República, mas precisa dos votos do maior partido da oposição para a aprovar, já que é necessária uma maioria qualificada de três quartos dos 250 deputados.
A proposta do partido no poder visa permitir ao parlamento dotar-se de poderes extraordinários para alterar a determinação constitucional de que as eleições para as assembleias provinciais se realizem até Janeiro de 2008. Noutro plano, o do recenseamento eleitoral em curso, as trocas de acusações e falhas técnicas sucedem-se, tendo até ao momento sido registados apenas 2,4 milhões dos 10,5 milhões de eleitores inicialmente previstos.
O último contratempo ilustra os percalços que têm marcado o processo: todos os computadores utilizados no recenseamento eleitoral ficaram paralisados no dia 23 de Outubro devido a um erro de programação cometido pela empresa sul-africana que o forneceu (por lapso, as máquinas foram programadas para bloquear a 22 de Outubro e não 22 de Novembro).
As eleições provinciais, órgãos de fiscalização da actividade dos executivos das 11 províncias do país (cujos governadores são nomeados pelo Presidente da República), já foram adiadas duas vezes este ano. Depois de, em Junho, ter marcado o escrutínio para 20 de Dezembro próximo, Armando Guebuza foi sensível a um pedido de adiamento da comunidade muçulmana (as eleições coincidiam com o feriado do Eid ul-Ad'ha, que marca o fim da peregrinação a Meca) e, em Julho, foi adiado para 16 de Janeiro de 2008.
A União Europeia, principal financiador dos actos eleitorais em Moçambique, tinha recusado financiar o acto, com o argumento de que para conter custos devia realizar-se em simultâneo com as municipais, previstas para meados ou finais de 2008, ou com as gerais (legislativas e presidenciais), agendadas para 2009. Este horizonte foi agora subscrito pela FRELIMO, que na proposta apresentada no parlamento defende o adiamento para 2009 eleições, fazendo-as coincidir com as próximas eleições gerais (legislativas e presidenciais).
"Com o adiamento das eleições provinciais passaremos a ter um ciclo eleitoral menos sobrecarregado, evitando duas eleições diferentes, em momentos diferentes no mesmo ano", argumentou o partido no poder. Com as posições extremadas, têm-se sucedido na imprensa declarações de alguns dos principais dirigentes dos dois lados da "barricada". Pela FRELIMO, vários foram os dirigentes e deputados que ao longo da semana foram prestando declarações à imprensa dissuadindo a RENAMO de prolongar
o braço-de-ferro e advertindo que, em qualquer caso, o partido no poder está preparado para ir a votos no dia 16 de Janeiro.
A todas as vicissitudes por que tem passado o escrutínio soma-se a circunstância de, no cenário de as eleições acontecerem na data prevista, a campanha eleitoral arrancar no início de Janeiro, deixando às máquinas eleitorais pouco mais de um mês e meio para se prepararem para irem para "a estrada".
Ps: E' dado adquirido que a Frelimo se viu numa encrusilhada nestas provinciais, e dai' este "volt-face" para depois chamar de burra a oposicao, com a tao propolada "sede propria" do seu secretario de mobilizacao e propaganda ja' que sabe que e' nessa sede propria onde vai cometer as piores atrocidades contra uma democracia que a oposicao e demais mocambicanos a querem vibrante e nao a reboque da Frelimo.
Fonte: NOTÍCIAS LUSÓFONAS
A Frelimo deixou desta vez os seus creditos em maus alheias a medir pela tamanha desorganizacao do processo eleitoral. Veja que nem a fasquia de 3% se logrou atngir em nuhuma provincia. Cremildo
ResponderEliminarNa verdade, so' visto. Como pensa que que o processo devia ser gerido?
ResponderEliminarEsta questão deixa-me inquieto e, mais inquieto porque já eu contava com alguma coisa deste tipo de jogo. Há também dentro deste assunto e os demais outra coisa que me inqueieta, nomeadamente falta de flexibilidade por parte dos quadros da Renamo em estudar o jogo do seu adversário, desenhando vários cenários. Se os quadros da Renamo estudam o jogo da Frelimo, poucas vezes eles têm demonstrado que o fizem. Eu devia falar de todos os partidos de oposição, sociedade civil, mas, os primeiros não existem e os segundos sei lá são o quê. Nisto cabe à Renamo e os seus quadros a agir estrategicamente contra as manobras do partido no Poder. E, a Renamo tem que assumir o seu papel, a sua responsabilidade e mesmo a sua culpabilidade quando ela não conseguir fazer com estratégia aquilo que a sociedade moçambicana espera dela.
ResponderEliminarOra, a Frelimo não vai ceder sobre isto que ela própria provocou como jogo de mestre conforme Jeremias Langa disse? Não vai ceder o quê? Quando é que a Frelimo cedeu e para ceder quando tempo passa e de que maneira ela apresenta a sua cedência? De princípio, isto de propôr o adiamento das eleições, não é cedência de alguma pressão? Mas, com que esperteza apresenta ela a cedência?
Vejamos, sobre a impossibilidade de realização das eleições dentro do tempo estabelecido pela Constituição da República, quase que todos nós moçambicanos sabíamos. A Comunidade Internacional disse de cara e a tempo que o prazo não era realista para eleições sérias e por causa disso não lhe valia em investí-las. Quando digo nós, falo aqui mesmo da Frelimo como a Renamo, entanto que partidos representados na Assembleia da República e com o poder de FAZER QUALQUER COISA nisto, nomeadamente proceder a emenda constitucional. Para nós, os quaisquer, a questão estava quem poderá ousar a lançar a proposta. O problema residia na enterpretação do outro. Muitos de nós (eu escrevi sobre isto no meu blogue há já 5 meses), pensávamos que existia uma via democratimente menos problemática que passava pela recomendação directa do Presidente da República à Assembleia da República ou passando pelo Conselho de Estado. O pior ainda é que os partidos ditos da oposição extra-parlamentares fizeram uma carta ao Presidente da República, o senhor Armando Emílio Guebuza.
E o que é que aconteceu afinal? Ele não usou as vias que pensávamos. Nós todos, incluindo a Renamo, devíamos ter gastado tempo para reflexão sobre isto. O PR não respondeu aos partidos extra-parlamentares e como não são o que dizem, não exigiram resposta a ele, entanto que Presidente da República. Ao contrário, aplaudem a mestria maquiavélica da Frelimo. Como não sou jurista, algo gostaria de me escusar, mas sinto-me obrigado a interrogar-me se o Presidente da República é um órgão de soberania, razão pela qual os extra-parlamentares escreveram-no, será isto a mesma coisa com o partido Frelimo... Será esse grupo extra-parlamentar é algo que se delecomanda pelo partido no poder? E, se for, terá jogado bem? Pois, a meu ver, esse grupo escreveria uma única carta à Assembleia da República, também órgão de soberania e com o poder de emendar a CR ou distribuiria a carta à Frelimo e Renamo para cada partido responder-lhe individualmente.
E a Renamo não compreendeu o jogo da Frelimo? Isto é o que me parece? Mas será mesmo que nenhum quadro da Renamo descobriu a carta que a Frelimo está a jogar? Isto não me parece, porque a Renamo de quadros e bons a notar pela forma como trabalham quando assumem uma tarefa INDIVIDUAL... O que me leva a fazer estas perguntas é o facto de ela não apresentar até aqui a carta superior a da Frelimo, embora ela, a Renamo, tenha muitas. Se o que a Frelimo quer é fingir que ela é una e internamente democrática, porquê a Renamo não mostrá-la que ela é mais una e mais democrática? Esta é a minha questão principal?
P.S. estou fazendo alguma revisão deste post para provelmente publicá-lo no meu blogue.
Muito boa apreciacao. Colocaste as cartas na mesa. Resta saber que se as misturarmos que tipo de "sumo" tiramos delas. Um bom fim de semana.
ResponderEliminarObrigado, Dede. Passei bem o fim de semana, mas com um pouco de trabalho e reflexões.
ResponderEliminarDe facto, penso que o que falta é mistura de ingredientes para um sumo muitíssimo gostoso. Há coisas que não se dizem inteiramente ao público por... Ora, veja uma coisa que qd a Renamo realizou o seu último Conselho Nacional alargado, seguido de seminário dos fiscais eleitoral e com palestras orientadas pelos quadros seniores, a Renamo saiu REFORCADA e cá fora ela impressionou aos mocambicanos. Houve muita festa. A Frelimo ficou totalmente fria.
E eu então pergunto, quem esse que não está a dizer que este é o melhor caminho a seguir? Não deve haver por aí vigaristas, os preguicosos e oportunistas (e se possível frelimistas) de que falei num dos artigos no meu blogue?
Eu acho que não é necessário que Afonso Dhlakama venha à imprensa e diga que Emílio Guebuza tem que falar com ele. A Renamo tem neste momento um meio que pressionaria Guebuza/Frelimo para num mínimo de uma semana ele/ela solicitar um encontro com Dhlakama/Renamo. E nesse encontro, seria Dhlakama/Renamo com mais palavras e a ganhar.
Não basta ter razão, mas estratégia política vale mais e leva a um partido à vitória.
Compreendi o teu fio de pensamento. E' lisongeiro a Renamo que os mocambicanos nao estajam a saber ao certo qual e' a sua linha de estrate'gia para a governacao. Se ganha amanha as eleicoes, e depois? Voltar a 1975 e' que nao, meu caro! Nao basta ter o povo ao teu lado. A Renamo deve mostrar o seu capital estrategico para vencer as eleicoes. No's podemos ser uns felizardos de falar directamente com um membro senior daquela agremiacao politica, a sra Ivone. Mas nao sei se ela baldeia para la na 'confusao' das hostes do seu partido estes raciocinios. Alias, tu fizeste esta mesma pergunta no blogue dela. Mas penso que ela foi um pouco evasiva [vamos dar um ta-tauzinho aqui] na resposta. Penso que temos que continuar a alimenta-la com ideias, talvez ai' veremos as coisas a mudarem. Boa dissertacao, gostei!
ResponderEliminarComo podes entendes, dede, podes ter uso do meu e-mail... eu dialogo com a Ivone sem crise. Temos essa sorte especial de ela estar a ler aqui e nos outros lugares sobre a opinião pública. A até podes acreditar que a minha não é uma dessas opinões... Ela faz (dá ao partido, à pátria mãe) o máximo que pode e mt bom, mas é caso não comum em Mocambique onde chego a conclusão que mts lutam por darem o mínimo ou nadinha que podem à nacão ou aos partidos que pertencem, mas tirarem de lá o máximo que podem. ISTO É QUE É MAU E EU SOU MUITO CRÍTICO DISSO.
ResponderEliminarVeja, meu irmão, os poucos que criaram blogues, coisa gratuita, os poucos que debatem dos problemas do país, nem que as vezes o facam em cafés internets, fazem com a sua magra economia, o seu mínimo de tempo que sobra, se é que sobra mesmo, pois o bem dito seria que eles sacrificam o mínimo tempo que seria para descansar, etc. Por exemplo, está aí o Prof Carlos Serra a ler o Notícias que comeca a sair as 23 h 30 min e escrever artigos para o seu blogue. Se tu vais para o blogue as 7 h, ele está lá. Quanto é ele recebe como professor universitário? que regalias tem ele em comparacão com uns deputados aí, directores, ministros que não fazem nada?
Isto enquanto que os com salários chorudos e mordomias vindo dos cofres do nosso estado não fazem absolutamente nada senão bla, bla, bla a enganarem os líderes. São pessoas que não querem se sentar uma hora por semana para organizar no mínimo o local que lhes daria prestígio...
Logo, eu já sei quem são os que trabalham horas a fio. Edson Jesus tem muita razão.
Porém, nós não devemos desistir em nada senão continuarmos a trabalhar e sobretudo sermos crítivos à apatia, gostem os preguicosos ou não...
Hi! I'm here...Oi ilustres, desculpem-me pelo atraso, chego atrasada ao debate. Achei vossos comentários extremamente frutíferos. Muitas coisas aqui ditas vão em 99% de acordo com o meu pensamento. Concordo com o ilustrissimo Reflectindo quando critica aqueles que têm salários chorudos e que pouco dão de si para causas nacionais. Infelizmente os interesses pessoais sobrepõem-se aos da colectividade. Mas o ideal é continuarmos esta nossa missão de despertar aos adormecidos.
ResponderEliminarUm abraµço forte para todos. É pertinente esta discussão. Parabéns Dedé.
Ivone
Que isso ilustre, tu e's da casa nao tens que te descupar de jeito nenhum. Mas agora, sobre o se poe seria bom que comec;assemos a medir por resultados. Ha' muitas criticas, mas tambem deve haver alternativa para viabilizarmos esta situacao. Sabe Ivone, agente esta' a espera que a tua organizacao politica de^ mais um passo corajoso para outro patamar. Ai' sim, vai vencer com a nossa ajuda. O discurso deve ser outro aqui para dominar o dominante. Tenho um artigo de hoje dia 6 onde me debruc;o destas questoes todas. Uma boa noite.
ResponderEliminarEstamos abertos para sugestões ilustrissimo. Qual seria o passo decisivo?
ResponderEliminarEstamos abertos para sugestões ilustrissimo. Qual seria o passo decisivo?
ResponderEliminarAgradec;o esta pergunta, ilustre. Sou um claro corraborador do argumento de que por detras duma grande vitoria esta' uma organizacao efficiente. Neste capitulo a Frelimo sempre levou a vantagem sobre a Renamo. Mas a Renamo tem visao e tem programa que eu ate' aprecio. O mais importante aqui e' trazermos isso ao plano da accao, atraves de estrategias de implementacao. Eu sei por exemplo que a Renamo nao pode dizer que vai treinar tanta gente para serem agentes de guarda da costa maritima, mas deve explicitar que uma vez Governo eleito democraticamente a costa maritima mocambicana estara' segura nestes e naqueles termos e adoptam este e aquele modelo. Ou ainda, no tocante ao Transportes e communicacoes podera' portanto previlegiar por exemplo o desenvolvimento duma rede que....tal e tal...custando ao futuro governo nao abaixo da inflacao nacional. Podem ate afirmar que proconizam subsidiar ou deixar de subsidiar este e aquele sector. Neste jogo todo, nao pode ser coisa doutro mundo, estar na posse das documentacoes principais do partido adversario. Porque assim e' que veremos a Renas a marcar diferenca claro, nao digo que nao esta' a marcar, mas diferenc;a clara ao governo do dia. Mobilizem o governo sombra para comec;ar a trabalhar nessas frentes e nos varios sectores. Sao ideias para debate apenas, ilustre.
ResponderEliminarTomei nota ilustre. Mas o Governo sombra tem feito algumas coisa, talvez estejamos a pecar por nao difundir. Direi a nossa Primeira Ministra, Dra. Angelina Enoque, que sugere isto. OBRIGADOOO
ResponderEliminarOla ilustrissima, seria bom que a primeira-ministra-sombra viesse ao publico para mostrar alternativa, e tambem nas ocasioes que ha' pronunciamentos ou assuntos relativos 'as outras areas do governo-sombra. E' de capital importancia isso e de extrema necessidade. Senao no's estaremos sempre a peensar que nada se esta' a fazer. Usem o meu site se quiserem para difundir dede_moquivalaka@yahoo.com ou directamente ao publico dede_moquivalaka.miradouro@blogspot.com. Forc;a!
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