- Afonso Dhlakama, acusa, na primeira pessoa, em entrevista ao O Autarca.
O líder da Renamo e, praticamente da oposição política moçambicana, Afonso Dhlakama, concedeu há dias uma entrevista ao nosso jornal.Também é conhecido como um dos poucos generais que teria conseguido parar em menos de 24 horas a guerra travada, imediatamente a assinatura do Acordo Geral de Paz, a 4 de Outubro de 1992, a partir de Roma, Itália.
Refira-se que nessa altura havia uma visão segundo a qual a guerrilha da Renamo era descomandada, mas ao ter conseguido ordenar os seus homens a cessar fogo imdiatamente a assinatura do AGP, Dhlakama provou o contrário, merecendo até hoje interrogações por parte de muitos analistas sobretudo internacionais.Na entrevista que concedeu ao nosso jornal, no seu gabinete de trabalhos, em Maputo, o líder da Renamo,Afonso Dhlakama, afirmou peremptoriamente que se não fosse a roubalheira escandalosa protagonizada pela Frelimo, o seu Partido já estaria no poder desde as primeiras eleições multipartidárias realizadas em1994.Dhlakama, um Ndau que se afigura numa etnia reduzida quase em nada, no Centro de Moçambique, Sofala, mas que se resume muito prestigiada em relação a outra sua rival, Sena, disse que, mesmo assim, deixa tudo na mão de Deus e do povo moçambicano que saberá dar o melhor destino a si e ao seu Partido Renamo.
Bastante humilde e muito reservado na sua locução, Afonso Dhlakama transmitiu que, provavelmente, a Comunidade Internacional pode estar a tapar o sol com a peneira para evitar um possível colapso da Frelimo, supostamente por este partido não estar habituado a conviver com a Oposição. “Então se não estiver entrará em colapso consigo mesmo”, disse o carismático líder da Renamo enquanto, como lhe é peculiar, libertava sorriso ante o olhar sereno da nossa reportagem.O líder disse ainda que acredita que se um dia a Frelimo deixar o poder pela força do voto popular ela poderá simplesmente desaparecer com medo de vir a ser julgada pelos alegados desmandos que vêem cometendo desde que se encotra no poder, em 1975, altura da Independênia nacional.Considerou que 32 anos de governação emanados na base de amiguismo é muito. “Muitos quadros tiveram de abandonar o País à procura de outros horizontes e teimam em não regressar à sua própria pátria enquanto a Frelimo continuar no poder, porque acreditam que nada mudou. É a mesma Frelimo de sempre” – referiu.
Dhlakama disse ainda que se a Frelimo alguma vez mudou então apenas mudou a táctica de atacar.Afirmou ainda questionando que se, por um lado, a Frelimo diz que nós não temos quadros porque viemos da mata, então pecou por ter governado com quadros de portugueses porque ela também vinha do matocom um uniforme militar e não do saber governativo.Como que a filosofar, o líder da Renamo indicou, a dado passo, nunca ter conhecido nem ouviu dizer do nascimento de uma criança já com dentes, acreditando que tudo isso se desenrola com o tempo. “A Renamo pelo menos aprendeu dos erros cometidos pela Frelimo durante esse período em que governa o País, por isso estamos melhor preparados para governar Moçambique sem desiludir o povo” assegurou, confiante, Afonso Dhlakama.Afonso Dhlakama já perdeu três eleições na sua corrida ao Palácio da Ponta Vermelha, duas vezes derrotado pelo anterior candidato da Frelimo, Joaquim Chissano, e agora nas últimas pelo actual Chefe do Estado, Armando Guebuza, mas sempre se mostrou inconformado.(Mohamed Siad)
Fonte: O AUTARCA
Sem comentários:
Enviar um comentário