"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,

VOA News: África

segunda-feira, 13 de junho de 2011

MDM, assim é demais!

Tal como Dhlakama, Daviz Simango recusou a visibilidade que todos os políticos visionários procuram no parlamento para ficar no seu cantinho, na Beira, a construir o seu castelo de intrigas. Por isso, hoje, o MDM perdeu a visão nacional e virou um partido de base regional, clientelista, paternalista.
O Conselho Nacional do Movimento Democrático de Moçambique, MDM, reunido esta semana, em Cabo Delgado, Pemba, resolveu da pior maneira a sua crise interna: ratificou a demissão do seu ex-secretário-geral, Ismael Mussa, e para o penalizar ainda mais, pela sua ousadia de pensar diferente da liderança do partido, convidou-o a abandonar o cargo de vice-chefe da bancada parlamentar daquele partido na Assembleia da República. Para compor integralmente a peça, só faltava mesmo o mandarem embora. O que só não sucedeu porque o partido não teve como o fazer.

Ao proceder como o fez, o MDM passou uma mensagem clara ao seu eleitorado e aos moçambicanos, em geral: a sua liderança não aceita opiniões diferentes das suas e quem pisar a linha não tem lugar nas estruturas do partido. Por isso, Ismael Mussa, não partilhando da linha de orientação da liderança de Daviz Simango, inevitavelmente, tem que colocar à disposição todos os cargos que ocupa no partido.
É, sem dúvidas, uma forma de estranha de praticar democracia. Se os partidos políticos não são suficientemente democráticos, não têm como, em definitivo, praticar qualquer democracia na gestão do país.
Curiosamente, o MDM adoptou como slogan, desde a sua criação, “Moçambique para Todos”. Ou seja, os seus dirigentes disseram-nos que estavam a criar um partido para lutar por um país em que todos tivéssemos lugar por igual, independentemente das nossas opiniões. Mas não é esta a realidade que os seus dirigentes cultivam, dentro do seu partido. Como, então, acreditar que a praticarão uma vez no poder?
O próprio pai de Daviz Simango, Uria Simango, figura de proa da Frente de Libertação de Moçambique, foi vítima disto que, hoje, o seu filho pratica. Morreu porque tinha uma visão diferente da dos seus pares de direcção da Frelimo. A sua família, até hoje, tem um ódio de estimação pela Frelimo, por esta ter calado a boca ao seu progenitor de forma tão brutal, só porque pensava diferente.
Nas várias entrevistas que deu, quando se anunciou à política nacional, e até nos seus primeiros passos como presidente do município da Beira, nomeadamente quando rompeu com a Renamo e Afonso Dhlakama, Daviz Simango disse que lutava pela democracia e que queria ser uma alternativa credível à Frelimo para a governação deste país. Mas Daviz está a sair-se uma fotocópia perfeita de Afonso Dhlakama e a frustar, a cada dia, as enormes expectativas que os moçambicanos que, não se identificando com a Frelimo e não sentindo credibilidade na Renamo, viam no MDM e nele um oásis no deserto.
O MDM, para a infelicidade da nossa democracia, herdou as guerras intestinais que se travavam na Renamo e vai deixando cair, um a um, todos os seus membros que se sentem com o direito de discordar das opiniões correntes e prevalecentes. À volta do líder, só ficarão os que souberem fazer as vénias. Algures, em Nampula, foi assim como ruiu outro promissor projecto político. A história repete-se, infelizmente.
Tal como Dhlakama, Daviz Simango recusou a visibilidade que todos os políticos visionários procuram no parlamento para ficar no seu cantinho, na Beira, a construir o seu castelo de intrigas. Por isso, hoje, o MDM perdeu a visão nacional e virou um partido de base regional, clientelista, paternalista.
Luís Boavida, o novo secretário-geral, homem com carreira política feita na Renamo, onde foi parlamentar nas primeiras três legislaturas multipartidárias, é apenas a próxima vítima que se segue.
Num partido cujas fundações se constroem à volta da figura do líder, a questão central é saber até onde irá a margem de manobra do novo secretário-geral, vivendo ele na capital e centrando-se a base do partido no cantinho do presidente, na Beira.
PS:
O seleccionador nacional, Mart Nooij, disse esta semana que não tinha o compromisso de qualificar os Mambas para o CAN 2012. Perante as visíveis dificuldades de fazer frente à Zâmbia e à Líbia, mas sobretudo de colocar os Mambas a jogar futebol de verdade, depois de inúmeras promessas frustradas, o holandês refugia-se em justificações sem sentido. Com os dirigentes da FMF unicamente preocupados em fazer campanha para se (re)elegerem para os cargos – e está visto que só os cargos contam para aquela gente da FMF - teve que ser o ministro da Juventude e Desportos, Pedrito caetano, a vir tentar colocar o holandês na linha, lembrando-lhe que o primeiro compromisso assumido por Mart é o CAN 2012. Então, que sentido faria pagar 15 mil dólares a um técnico e sei lá quanto aos seus adjuntos, unicamente, para se passear numa fase de  qualificação, como esta.

Mas este episódio serviu para nos dar conta do que, realmente, sucede à volta desta fase de qualificação dos Mambas. A direcção da FMF está-se nas tintas, qualifique-se ou não a selecção nacional. Afinal, este é o projecto do ministro Pedrito, que negociou e contratou o seleccionador. É ele que tem que lidar com Mart Nooij. Há um ano, aqui neste mesmo espaço, escrevi que era de ganhos duvidosos a intromissão do ministério da Juventude e Desportos na esfera técnica da FMF. Hoje, infelizmente, o tempo está a dar-me razão.  

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