SÃO muitos questionamentos que se levantam no país quando determinadas individualidades governamentais realizam uma visita de trabalho, precisamente neste período em que foi decretada a política de austeridade, ou seja, a utilização racional dos parcos recursos financeiros disponíveis.
Maputo, Quarta-Feira, 13 de Julho de 2011Notícias
Alguns não “olham com bons olhos” a deslocação em missão de serviço de um governante de nível central para as províncias, assim como dos directores provinciais para os distritos. Dizem que as visitas, no geral, não passam de um esbanjamento do pouco que se tem. Os mais críticos dizem até que as visitas de trabalho não passam de simples passeios ou mesmo viagens turísticas, sobretudo quando se visita uma província como Inhambane, uma bandeira turística.
Há sete dias, neste mesmo espaço, lancei um vigoroso apelo sobre o estado deplorável de como é dirigido o sector das estradas na província de Inhambane. Coincidência ou não, a resposta não tardou.
Por causa da anunciada visita do ministro das Obras Públicas e Habitação a esta província, exactamente num dos troços que indiquei na minha crónica, o troço Mutamba/Agostinho Neto, na cidade da Maxixe, as máquinas começaram a roncar.
O empreiteiro que ganhou a obra de reabilitação deste troço, que há cerca de um mês andava fugitivo depois de acumular numa das faixas de rodagem montes de areia, ressurgiu e com uma camioneta começou a regar a estrada e espalhou montinhos de areia, num gesto típico de tentativa de fechar a vergonha, já que o ministro que tutela o sector das estradas hoje vai passar por aquela via.
O reaparecimento do empreiteiro, cuja identificação ainda não consegui apurar, se calhar não tem nada a ver com o cumprimento do contrato. Talvez seja para justificar ao ministro, que amanhã se reúne com os empreiteiros na cidade de Inhambane, onde é que andava e por que razão no lugar de facilitar a circulação de pessoas e bens naquela via, objecto do seu contrato, complicou mais a vida das pessoas ao deitar areia e simplesmente desaparecer.
Será que os gestores das estradas em Inhambane foram buscar um outro empreiteiro para pôr em ordem a estrada que o ministro vai utilizar hoje na saída de Inhassoro para cidade de Inhambane?
Seja o que for, na minha modéstia análise, graças à visita do ministro das Obras Públicas e Habitação, a empreitada foi retomada, no mínimo, espalharam areia na estrada e regaram. Curioso foi o facto de se terem esquivado do barro dos artesãos que continua a ocupar uma boa parte da faixa de rodagem do mesmo troço, no sentido Mutamba/Agostinho Neto.
Senhor ministro, durante a sua visita de trabalho a esta província, esclareça aos residentes de Inhambane quando vai terminar a reabilitação da estrada Maxixe/Homoíne. Quando passar por esta via, tal como está programado, procure melhor inteirar-se do que a TARCON, empresa zimbabweana, precisa para terminar a obra que começou há mais de cinco anos. Porque é que abandonou a construção das pontecas nesta estrada?
Todavia, fica aqui um agradecimento pela visita do ministro das Obras Públicas e Habitação porque, no mínimo, foi feito algo na estrada Mutamba/Agostinho Neto. Se o ministro visitasse todos os meses a província de Inhambane, se calhar os problemas que existem hoje já teriam solução. Esta é a importância das visitas de trabalho. Ganham as comunidades que vêem os seus problemas resolvidos, problemas resolvidos muitas vezes não pela necessidade do cumprimento normal das actividades de quem é de direito, mas talvez por medo do superior hierárquico. Era bom que esse superior hierárquico estivesse em todos cantos do país quase sempre para resolver os problemas que afligem as populações.
- Victorino Xavier
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