...Como lemos o que lemos
Um dos piores defeitos de nós humanos é pensarmos que já aprendemos o suficiente. Anónimo
Caro Dede,
Passei ontem pelo teu Miradouro e vi la a minha carta. Minha ou tua já nem sei como distinguir uma das outras. Não sei se minhas são as que te escrevo ou as que me escreves. Estou todo confundido. Esta carta é extraordinária e involuntária podes acreditar . Nasceu dum comentário que um anónimo quase identificável me deixou aqui
A postagem era mais um daqueles meus exercícios conspiratórios só que dessa vez menos conspiratório. Dei asas as declarações de Mugabe quanto a mãos limpas, mais limpas e menos limpas de alguns lideres africanos, e fiquei criando hipóteses. Me convencendo de que sei oque Mugabe pode estar a se referir com expressões do tipo "mãos mais/menos limpas" e economizando as palavras, preferi dizer "mãos suja" em lugar de "mãos mais/menos limpas". Vem dai que o querido anónimo se foi dar ao trabalho de ler rigorosamente "todos os documentos informativos" e no fim se frustrou por não ter achado em nenhum deles Mugabe falando de "mãos sujas".
Tem mais Dede, ainda me pediu a mim e aos outros que me secundaram, que lhe mostrássemos onde tínhamos ido buscar "aquilo". Me esclareceu que Mugabe tinha falado de das "mäos MAIS (+) limpas que as dele, e que pela lógica, antes das mãos MAIS limpas se encontram as LIMPAS, não as sujas". Como se não bastasse o anónimo me deixou um conselho, esse que quero compartilhar contigo meu caro Dede. Segundo ele, "Se quisermos comentar sobre um assunto devemos nos abdicar de leituras apaixonadas e procurar perceber muito bem o que está escrito, para não induzirmos ao erro,os que nos admiram".
Ao terminar e como a pressentir que seu comentário provocaria guerra, o nosso anónimo humildemente escreve. "Sem guerra se faz favor". O conselho esta dado Dede veja la como lemos oque lemos. Nao venha cá me dizer que temos que ler nas entrelinhas. Nao venha me dizer que temos que ler oque lemos de forma activa questionando oque lemos e não como consumidores passivos. Nao venha me dizer que temos que deixar que oque lemos vá interagir com oque já sabemos sobre o assunto. Nao me diga nada disso Dede, pois pode significar "ler ao contrario e induzir ao erro, os que nos admiram".
Nelson
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