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VOA News: África

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Carta ao meu amigo Nelson no Chitengo, Gorongosa (5)


Caro Nelson,

Esta é a minha primeira carta que faço desde que ti transferiste para o ‘interland’; ou seja na pequena aldeia de Chitengo, dentro do Parque Nacional de Gorongosa (PNG). Vou me escusar de fazer uma descrição imaginária do local da tua nova estadia pois seria repetir o retrato das tuas impressões iniciais. Nelson, tenho ido bem graças a Deus e a família vai acompanhando a música. Espero que os teus primeiros dias aí sejam como esperavas.

Ora bem, o que não vai bem mesmo é uma espécie de ‘comuniqué à imprensa’ dum ‘menino’que nos caiu aterradoramente. Ti lembras da declarações do ‘menino’ porta-vozinho do partidão? Naquela arrogãncia desorientada que o caracteriza, ‘expõs’ a verdadeira cara dos camaradas ausentes, face à crise que se vive no muenemutapa mugabio. Isto só me lembra um pai vádio que teima usar seus filhos inocentes para confessar a mãe das suas atrocidades ‘extra’-conjugais. Nelson, aqui está a ‘maka’!

Falando da ‘maka’ há maka com os ‘cotas’ lá do Atlãntico. É tanta a maka que assustaram as pessoas ao despertar num dos dias da semana que termina, ao notarem que aquela rádio predilécta do seu “Despertar” já não os despertava. Já não lêm o jornal ‘folha 8’ com o sabor nos olhos ante o ‘fuge’, o cacusso e o pitéu à boa maneira angolana. Não está a cheirar tudo, um tudo por tudo, para os cotas tentarem tapar o sol com a peneira? Angola de gente abandonada,vilipendiada, e usurpada da verdade e consciência pugna e mostra-se ávida a mudança sem os cotas! Ao que vejo, Nelson, a estratégia cino-mugabia pode pegar na terra da ‘sagrada esperança’.

Por falar da ‘sagrada esperança, do café, dos diamantes e do petróleio, tive ocasião de ouvir um cheirinho duma entrevista entre uma locutora da RM e um ‘muangolê’ que já faz grande sucesso em Moçambique, musicalmente falando. Fiquei envergonhado por ter corrigido a locutora entrevistado pelo compasso e entoação falada dum dos temas que ele canta em Changana. A locutora não estava preparada para fazer a entrevista, diga-se de passagem. Mas, ‘este miúdo!’ (roubando uma expressão do cota dos cotas da música angolana, Bonga ao Stewart) está mesmo a dar-se bem , depois da desventura na JB recording. Isto é lá no Atlantico.
Aqui no Índico, para além da confeccioária entrevista de uma das pedras basilares no xadrex que faz a Frelimo, JR, três questões merecem que eu ti diga pela sua importãncia. Os desaires do Comiche, a reúnião do CC da Frelimo com fito nos pleitos eleitorais e as arruaças gratuitas do Chipande.

No tocante à primeira questão Nelson, se reparas bem o Comiche deve estar a levar um ‘tiro mortal’ lento directo ao estomâgo, por a Frelimo ter decidido põr em marcha um plano de desafiá-lo, mas estando atrás da curtina, através dum Ministro e a Presidente da Assembleia da Cidade. Sim, se ele não está em rodópios estonteantes, então qualquer coisa similar está a acontecer. Porque se olhares aos tardios projectos de construção quer de casas quer e de estradas ele já está sem hipóteses de testemunhar, uma vez ido depois das eleições que já vão bem ao dobrar da curva. Sendo critico o imbroglio ‘incomodo’ dos camaradas têm às mãos, preferem não comentar nem o futuro do seu peso pesado. Há quem fala de arranjos para sua repescagem para o governo, a super-ministro!

À respeito da reunião do CC da Frelimo, Nelson nunca tires da tua cabeça que ela é madrugadora e denuncia o grande medo que a Frelimo tem na Renamo, face a uma certa viragem na opinião pública. Afinal, já chegaram a conclusão que aquele ‘bandido’ já ganha votos, já trilha caminhos e veredas, já os acossa à toda a largura do território nacional. A popularidade dos nossos ‘cotas’ do partidão ruiu e com ela toda a máquina que juraram servir/comandar. A Renamo (fica para a próxima conficção) é de facto a alternativa de governação neste país.

Agora, há aí um Chipande (Damásio) que decidiu abriar a boca para só nos trazer cá fora ‘nhocas’ do seu saudosismo ao passado monopartidário, ao se referir que os moçambicanos tinham a responsabilidade de não dar ‘ouro’ ao ‘bandido’; que se evitasse a todo custo de ‘queniar’ ou ‘zimbabuear’, o ‘governo de unidade nacional’ e por aí fora. Para já, Nelson, achei a convicção chipandeana (as convicções já desfilam entre os camaradas) irresponsável e desprovida de algum conhecimento das realidades dispares e únicas que vivem nos países que referiu. Uma pêta! Que disse o que a Frelimo pensa, lá é verdade!

Quero terminar Nelson. O que posso não adorar de ouvir ou ler de ti? Amplie esse chirlear das aves, o rugir inocente dum leão, anunciando presença aqui na net. Presença marco eu para próxima semana.

Um abraço do teu

Dedé

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