Caso das “Armas de Nacala” e afrontas ao Estado de Direito
A
LDH exige que o presidente da República exonere o comandante-geral da
PRM, Jorge Khalau, por representar uma ameaça aos princípios de Estado
de Direito, da separação de poderes e aos direitos humanos.
Maputo
(Canalmoz) – A Liga dos Direitos Humanos, instituição dirigida pela
jurista Alice Mabota, veio ontem, quinta-feira, a público exigir ao
presidente da República, Armando Guebuza, a exoneração do
comandante-geral da PRM, Jorge Khalau, por alegadamente este representar
uma ameaça aos princípios de Estado de Direito, da separação de poderes
e aos direitos humanos.
Em
causa está o comportamento “anti-lei” do comandante-geral que veio
agudizar-se na sua última acção e aparição pública no caso “Armas de
Nacala”, em que mandou a Polícia contrariar e desobedecer a decisão
judicial (do Tribunal Provincial de Nampula) ao mandar recolher às celas
o comandante da PRM em Nacala, Adriano Muianga, e seus quatro
subordinados, após terem sido mandados em liberdade provisória mediante
termo de identidade e residência na sequência do processo-crime contra
eles instaurado, por alegado envolvimento no tráfico e guarnição de
armas.
Em
nota de Imprensa, a Liga recorda que a Constituição da República
determina que “as decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório
para todos os cidadãos e demais pessoas jurídicas e prevalecem sobre as
de outras entidades”, o que significa que os tribunais estão acima do
comandante-geral Jorge Khalhau.
A
Liga esclarece também que a sua exigência de exoneração de Khalau não
deriva apenas do caso de Nacala, mas de vários outros casos registados.
Como exemplo, cita as manifestações de 1 e 2 de Setembro, onde a Polícia
reprimiu brutalmente os manifestantes e matou 13 pessoas incluindo um
menor de 11 anos que regressava da escola.
A
LDH menciona ainda que no ano passado a Força de Intervenção Rápida
(FIR) agrediu brutalmente agentes da empresa de segurança G4S que se
manifestavam contra as condições laborais.
Lembra
que o primeiro trimestre deste ano, a mesma FIR foi mobilizada para
Cateme, na província de Tete, para torturar a população que se
manifestava por péssimas condições de reassentamento proporcionadas pela
mineradora Vale em parceria com o Governo local.
Recorda
que no mês de Março do corrente ano, em virtude da problemática das
estradas degradadas, os transportadores semi-colectivos na cidade da
Matola paralisaram a sua actividade e mais uma vez foi mobilizada a FIR
para torturar os automobilistas.
São
vários os casos em que a FIR e a Polícia, ambas forças comandadas ao
mais alto nível por Jorge Khalau, se posicionaram contra o estado de
direito democrático, ignorando, por completo, as leis
constitucionalmente previstas. (Redacção)
Sem comentários:
Enviar um comentário