O Azul do Índico Por: Afonso Almeida Brandão
(ao Colega Fernando Gil, com amizade)
Tenho andado a ler, ultimamente, alguns mentores das mais variadas escolas do pensamento moderno. Num pequeno inventário que posso aqui fazer acerca do que retiro, é que existe um manancial e uma confusão de saberes generalizados.
O Leitor com boa vontade, receptivo, fica perplexo com tantas ilações contraditórias. A investigação sobre o Mundo, erudita, imaginativa ou autodidacta, queima etapas para esbarrar numa muralha de aço. Para onde vamos?
Alguns reportam-se ao ciclo obrigatório dos impérios: ascensão, declínio e queda. Segundo eles, é um processo repetitivo, uma realidade histórica que se relaciona com a exaustão e o excesso dos dominadores, e também com as sementes da insurreição que se desenvolvem paralelamente e os afrontam; outros angustiam-se com a perda de valores que consideramos fundamentais e acham que os saltos em frente, não calculando todos os efeitos nefastos envolvidos nessa aventura incansável, empobrecem o espírito do homem; outros ainda mantêm uma esperança firme na alteração sistemática que está a empreender-se, à base de novas regras, e que é uma demonstração de liberdade e um sintoma de abertura ao universo das grandes descobertas. Como já está a ser.
Todos são mais ou menos tenazes e hábeis nas suas exposições, manuseiam com o maior à vontade (embora quase sempre apenas resumindo) clássicos do "mundo pensado do homem e para o homem", fazem sínteses e enxertos às vezes algo estranhos, procurando apresentar a quem os lê uma estrada aberta na continuação dos caminhos pedregosos onde tudo começou e avançou. É uma explosão de propostas.
Do que leio e do que deduzo (e do que a minha observação constata), o meu estado de dúvidas (que alguns consideram o reino da sabedoria - oláriolára! -, seria bom que fosse: assim estaria certo nessa dúvida!) não vai diminuindo.
Tenho reiteradamente defendido a ideia, em conversas soltas, que a mundialização das actividades e das relações será o novo lugar do homem, uma praça inaugural de todas as permutas e fusões. Virá com o tempo, mas arrastando incompreensões, alguns tormentos, várias insanidades.
Também obedeço, nessas conversas (ou em artigos que publiquei nos últimos anos) a uma premissa: a tentação dos impérios, de acordo com a crónica geral, é a de se manterem e, se possível, alargarem-se. Até a corda partir. Deste modo, parecem repetir o ciclo biológico do próprio homem: nascimento, vida e morte.
Chamemos-lhe a tirania do Ciclo ou da Natureza. Não se foge a ela, embora todos os impérios, como todos os homens se cumpram com mais ou menos saúde, maior ou menor coragem, mais ou menos inimigos, capacidade de gerir circunstâncias e a influência (não muito citada) do acaso. Tudo o que está para trás (conquistas, transformações, estabilidades e insurreições) é o retrato, bem ou mal retocado, que deixamos aos nossos herdeiros para que meditem nas rugas, nos cansaços e na patina do pensamento e da acção.
É a voz dos antepassados – para alguma coisa deve servir. Tantas passagens de testemunho são percurso feito. Claro que prevalece a incógnita, a verdade total não tem moradia, sejam quais forem "as mezinhas", as vacinas, a documentação ou os gurus. E no que respeita ainda à incógnita, se ela fosse um valor, os nossos herdeiros (não sei é em que geração) vão ser todos ricos de corpo e de alma. O velho sonho utopista da Fraternidade, mesmo citado a sorrir, não pode morrer. E não esquecer, também: "ter" não é muito, "ser" é bastante.
Hoje fico por aqui. O tema é vastíssimo e o espaço acabou. Tentarei, em futuros textos que venha a abordar este assunto, orientar-me na montanha dos conhecimentos e das intuições, para não me perder, ou para me perder menos. E convido o Leitor para esta viagem em mares tão difíceis. Mas tudo é abordável. Cinco ou dez minutos são bem gastos numa vontade mútua de esclarecimento.
WAMPHULA FAX – 21.05.2012
(ao Colega Fernando Gil, com amizade)
Tenho andado a ler, ultimamente, alguns mentores das mais variadas escolas do pensamento moderno. Num pequeno inventário que posso aqui fazer acerca do que retiro, é que existe um manancial e uma confusão de saberes generalizados.
O Leitor com boa vontade, receptivo, fica perplexo com tantas ilações contraditórias. A investigação sobre o Mundo, erudita, imaginativa ou autodidacta, queima etapas para esbarrar numa muralha de aço. Para onde vamos?
Alguns reportam-se ao ciclo obrigatório dos impérios: ascensão, declínio e queda. Segundo eles, é um processo repetitivo, uma realidade histórica que se relaciona com a exaustão e o excesso dos dominadores, e também com as sementes da insurreição que se desenvolvem paralelamente e os afrontam; outros angustiam-se com a perda de valores que consideramos fundamentais e acham que os saltos em frente, não calculando todos os efeitos nefastos envolvidos nessa aventura incansável, empobrecem o espírito do homem; outros ainda mantêm uma esperança firme na alteração sistemática que está a empreender-se, à base de novas regras, e que é uma demonstração de liberdade e um sintoma de abertura ao universo das grandes descobertas. Como já está a ser.
Todos são mais ou menos tenazes e hábeis nas suas exposições, manuseiam com o maior à vontade (embora quase sempre apenas resumindo) clássicos do "mundo pensado do homem e para o homem", fazem sínteses e enxertos às vezes algo estranhos, procurando apresentar a quem os lê uma estrada aberta na continuação dos caminhos pedregosos onde tudo começou e avançou. É uma explosão de propostas.
Do que leio e do que deduzo (e do que a minha observação constata), o meu estado de dúvidas (que alguns consideram o reino da sabedoria - oláriolára! -, seria bom que fosse: assim estaria certo nessa dúvida!) não vai diminuindo.
Tenho reiteradamente defendido a ideia, em conversas soltas, que a mundialização das actividades e das relações será o novo lugar do homem, uma praça inaugural de todas as permutas e fusões. Virá com o tempo, mas arrastando incompreensões, alguns tormentos, várias insanidades.
Também obedeço, nessas conversas (ou em artigos que publiquei nos últimos anos) a uma premissa: a tentação dos impérios, de acordo com a crónica geral, é a de se manterem e, se possível, alargarem-se. Até a corda partir. Deste modo, parecem repetir o ciclo biológico do próprio homem: nascimento, vida e morte.
Chamemos-lhe a tirania do Ciclo ou da Natureza. Não se foge a ela, embora todos os impérios, como todos os homens se cumpram com mais ou menos saúde, maior ou menor coragem, mais ou menos inimigos, capacidade de gerir circunstâncias e a influência (não muito citada) do acaso. Tudo o que está para trás (conquistas, transformações, estabilidades e insurreições) é o retrato, bem ou mal retocado, que deixamos aos nossos herdeiros para que meditem nas rugas, nos cansaços e na patina do pensamento e da acção.
É a voz dos antepassados – para alguma coisa deve servir. Tantas passagens de testemunho são percurso feito. Claro que prevalece a incógnita, a verdade total não tem moradia, sejam quais forem "as mezinhas", as vacinas, a documentação ou os gurus. E no que respeita ainda à incógnita, se ela fosse um valor, os nossos herdeiros (não sei é em que geração) vão ser todos ricos de corpo e de alma. O velho sonho utopista da Fraternidade, mesmo citado a sorrir, não pode morrer. E não esquecer, também: "ter" não é muito, "ser" é bastante.
Hoje fico por aqui. O tema é vastíssimo e o espaço acabou. Tentarei, em futuros textos que venha a abordar este assunto, orientar-me na montanha dos conhecimentos e das intuições, para não me perder, ou para me perder menos. E convido o Leitor para esta viagem em mares tão difíceis. Mas tudo é abordável. Cinco ou dez minutos são bem gastos numa vontade mútua de esclarecimento.
WAMPHULA FAX – 21.05.2012
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