Renamo reúne de emergência as regiões centro e norte
Afonso
Dhlakama, líder do partido Renamo, falando em exclusivo ao Canalmoz,
disse que se trata de “uma reunião estratégica para manter a hegemonia
da Renamo nas províncias que estão a fazer sobreviver o partido”
“De
maneira nenhuma poderei esquecer o Sul porque faz parte de Moçambique e
de lá queremos alguns votos, mas se perdemos o Centro e o Norte a
Renamo desaparece mesmo que ganhemos todo o sul a 100%. Se nos roubarem a
100% nas regiões Centro e Norte, adeus Renamo”, esclareceu o líder da
“perdiz”.
Nampula
(Nampula) - O partido Renamo reúne de emergência, a partir desta
quinta-feira, na cidade de Nampula, delegados e quadros seniores das
regiões centro e norte do país, com vista a salvaguardar a hegemonia e
popularidade nas sete províncias que concorrem, como alega o líder, para
a sua sobrevivência.
Afonso
Dhlakama, a propósito, falou ao Canalmoz e disse que para além de dados
quadros do partido tomarão parte da reunião os presidentes das Ligas da
Juventude e da Mulher.
“Vai
ser uma reunião estratégica para definir os momentos próximos que o
país vai viver”, começou por dizer Dhlakama. “Estou convencido que a
mudança neste país está para breve, porque em pouco tempo esta é a
terceira reunião que Nampula acolhe”.
Perguntámos
ao presidente da Renamo se o facto de estar a reunir os quadros
constantemente e a anunciar situações que nunca acontecem não estará a
pôr em causa a imagem do próprio partido que dirige, afirmou: “tudo
precisa de uma preparação e agora vamos virar as atenções para salvar as
sete províncias que garantem a sobrevivência da Renamo”.
Em
tempos passados o líder da Renamo e o deputado Manuel Pereira, de
Sofala, chegaram a anunciar a intenção da Renano promover a separação do
centro e norte do sul de Moçambique, em protesto contra as fraudes
eleitorais. Perguntámos-lhe, por isso, se a reunião de emergência em que
só participarão quadros das duas regiões consideradas bastiões da
Renamo poderia suscitar a efectivação de pronunciamentos passados.
Dhlakama descartou a possibilidade, mas foi dizendo que “não podemos
esquecer que estas duas regiões são mais da metade de Moçambique e, por
natureza, são maiores do que a região sul”.
É no Norte e no Centro onde sempre há fraudes eleitorais
Dhlakama
acrescentou que “devemos salvar as sete províncias das falcatruas da
Frelimo, pois é nestas regiões onde sempre se registam fraudes”.
“De
maneira nenhuma poderei esquecer o sul porque faz parte de Moçambique e
de lá queremos alguns votos, mas se perdemos o centro e o norte a
Renamo desaparece mesmo que ganhemos todo o sul a 100%. Se nos roubarem a
100% nas regiões centro e norte, adeus Renamo”, esclareceu o líder da
“perdiz”.
O
presidente Dhlakama reconhece que “a mira da Frelimo está nestas duas
regiões”. “Oor isso a nossa acção não é só de ofensiva política, mas de
defensiva política para manter a sobrevivência da Renamo”.
Num
outro desenvolvimento, Dhlakama apontou que “a Frelimo quer atacar
estas regiões, por isso é preciso prepararmos os nossos homens para
defender o que é nosso e não acabarmos por completo”.
Situação da Zambézia e Nampula
Dhlakama
refere a outro passo que “a Frelimo está a fazer tudo por tudo para
desalojar a Renamo em Nampula e na Zambézia, mas não vai permitir que
isso aconteça. Não só por serem bastiões da Renamo, mas por serem as
maiores províncias do país. “Nampula sozinha engole o sul”, lembra.
Anuncia, entretanto, que “a Renamo deve combater” as pretensões da
Frelimo. Refere que Zambézia e Nampula são determinantes para o futuro
do país” e “é por isso os recenseamentos em Nampula e Zambézia são
sempre uma fantochada”.
“A Frelimo sabe que recenseando bem os eleitores em Nampula e Zambézia podemos ter 150 deputados na Assembleia da República”.
Dhlakama
entende que “nenhum partido vence em todos as regiões de um país, por
isso nós queremos defender onde nós vencemos. Mesmo o partido do Obama
não vence todos os 50 Estados nos EUA” e, “se não fosse a fraude, a
Renamo vencia o centro e o norte com maioria absoluta, teria alguns
votos no sul, assim como a Frelimo teria alguns votos no centro e
norte”.
“A
Renamo sabe bem que ganha em Nampula e na Zambézia. Veja que em 1994
tivemos 32 deputados em Nampula e em 1999 tivemos 34 deputados na
Zambézia, o que significa que são regiões da Renamo e vamos manter esta
ligação”, observa.
Afonso Dhlakama assegura que não está preocupado. “Não estou preocupado porque o meu eleitorado nunca foi levado pela Frelimo”.
Não podemos continuar a legitimar as falcatruas eleitorais da Frelimo, diz Dhlakama
De
tanto falar em eleições durante a entrevista, dando a entender que a
Renamo vai participar nos próximos pleitos, questionámos ao presidente
da Renamo qual seria a motivação para falar de eleições se já disse que
sem um novo pacote de leis eleitoral a Renamo não voltaria a participar
em eleições enquanto o mesmo não for revisto. “Quero um pacote eleitoral
bom para que haja eleições transparentes. Não podemos continuar a
participar em nenhuma eleição falsa para legitimar as falcatruas da
Frelimo”.
“Doravante
não queremos falcatruas senão não temos democracia. Precisamos de
eleições transparentes neste país”, sublinhou e acrescentou: “não
podemos continuar a considerar eleições que não são eleições”.
“Não podemos esperar que a comunidade internacional mude Moçambique”
Para
o nosso interlocutor, “a Frelimo pretende prejudicar a Renamo, como
partido, e Dhlakama. Não podemos esperar que a comunidade internacional
mude Moçambique. Somos nós que devemos mudar as maneiras como as coisas
estão a andar no país”.
“Meu
amigo, depois da independência de Moçambique ficou como a Frelimo
queria, mas foi preciso que a Renamo mudasse as coisas e, agora como
Moçambique está assim, vai ser a própria Renamo a mudar as coisas. Veja
que ninguém podia rezar e nem circular sem guia de marcha e a Renamo
acabou com isso. Quem não fizesse o que a Frelimo queria era levado para
ser reeducado para ser um homem novo. Não se podia escrever nos jornais
sem antes ser censurado pelo Comité Central. Foi abolido o poder
tradicional, mas agora Guebuza ajoelha-se com os régulos, graças ao
trabalho da Renamo em 16 anos de guerra”.
“Tudo
o que está a acontecer é graças à Frelimo. Os mega-projectos que
enriquecem os grandes da Frelimo é fruto da luta dos 16 anos”, disse
Dhlakama para depois apelar para que “os jovens não se enganem com
propagandas da Frelimo”. (Aunício da Silva)
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