Segundo as Nações Unidas
“Dados
do inquérito domiciliar mostraram não haver nenhuma diminuição na
pobreza nacional entre 2002-2008 e nas regiões centrais de Moçambique
houve um aumento acentuado na pobreza.”
“Mais de 70 porcento de jovens trabalhadores vivem com menos de 1,25 dólares por dia.”
O
estudo observa que na China os “líderes políticos identificaram a
crescente desigualdade como uma ameaça à estabilidade social e
crescimento futuro” e acrescenta que Moçambique é mais desigual do que a
China.
Maputo
(Canalmoz) – Um relatório da ONU sobre crescimento em África aponta
para um aumento das desigualdades sociais em Moçambique, onde 10
porcento da população mais rica tem uma renda 19 vezes superior à dos 10
porcento mais pobres.
O
documento produzido pelo Painel de Progresso de África, presidido pelo
ex-secretário geral das Nações Unidas, Koffi Annan, que inclui a
moçambicana Graça Machel, refere que, apesar da elevada taxa de
crescimento, Moçambique não está a conseguir reduzir a pobreza.
A
pesquisa assinala que em toda a África Austral “as disparidades de
riqueza são cada vez mais visíveis”, resultante, em parte, do modelo de
desenvolvimento que “está a deixar muitas pessoas em situação de
pobreza, incluindo crianças com fome”.
O
estudo observa que na China os “líderes políticos identificaram a
crescente desigualdade como uma ameaça à estabilidade social e
crescimento futuro” e acrescenta que Moçambique é mais desigual do que a
China.
O
Painel de Progresso de África da ONU considera Moçambique como o quinto
país que mais cresceu em África entre 2001 e 2009, com uma taxa anual de
7,9 porcento, e, entre 2011 e 2015, prevê que será o segundo Estado
mais rápido em crescimento no continente africano com uma taxa de 7,7
porcento. No entanto, acrescenta, “dados do inquérito domiciliar
mostraram não haver nenhuma diminuição na pobreza nacional entre
2002-2008 e nas regiões centrais de Moçambique houve um aumento
acentuado na pobreza”.
Aliás,
Moçambique é, actualmente, um importador líquido de alimentos básicos e
“mais de 70 porcento de jovens trabalhadores vivem com menos de 1,25
dólares por dia”, refere o documento.
“Nós,
no Painel de Progresso da África, estamos convencidos de que é chegado o
tempo para repensar a trajectória de desenvolvimento de África”, disse
Kofi Annan, na introdução do relatório.
Segundo
o presidente do Painel de Progresso de África da ONU, que integra ainda
a governadora do Banco de Botswana, Linah Mohohlo, a ex-chefe do Fundo
Monetário Internacional, Michel Camdessu, o ex-secretário do Tesouro
norte-americano, Robert Rubin, e o ex-presidente da Nigéria, Olusegun
Obasanjo, “aumentar a produtividade dos pequenos agricultores é
fundamental”.
“Isso
vai exigir mais acção do Governo”, conclui o relatório, sugerindo que a
“agricultura familiar deve ser colocada no centro de uma revolução
verde em África”. (Redacção / Lusa)
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