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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Terminou campanha eleitoral para eleição de novo edil de Inhambane; final pacífico

Terminou no princípio da noite deste domingo a campanha eleitoral dos dois candidatos à edil do Município de Inhambane. Segundo os nossos enviados especiais ruidosas e coloridas marchas encheram as ruas da cidade de Inhambane no último dia de campanha.
Guimino agendou um comício entre Muelé e Liberdade. Nhaca optou por um desfile cujo roteiro era apenas do domínio do seu partido. Motivo: certa imprensa fornece informação à Frelimo.
Depois do desaparecimento físico de Lourenço Macul, as eleições constituem um importante teste de popularidade do partido Frelimo numa província rica em potencial turístico, mas sofrendo de elevados níveis de desemprego e pobreza. Nas eleições passadas Macul venceu com 97 porcento dos votos e num contexto em que a oposição furtava-se ao contacto com os eleitores.
Desta vez foi diferente. Diferente porque o MDM, ao contrário daquilo que vinha sendo norma da Renamo, saiu à rua para pedir votos. A Frelimo, por seu turno, reagiu com uma movimento de caça ao voto mais feroz: ofereceu camisetas, chinelos, cartazes e até comida.
Ponto de partida

Até às 11horas nenhum candidato tinha saído à rua. Os membros da Frelimo começaram a concentrar-se na sua sede provincial. O roteiro já estava definido desde as primeiras horas do dia. Ou seja, o período da manhã estava reservado para que os membros fossem solicitar a bênção de Deus nas suas confissões religiosas.
Se o programa da Frelimo era de domínio público o mesmo não se pode afirmar em relação ao MDM.
Aparte um acto de violência na sede-provincial da Frelimo, a campanha foi geralmente pacífica. Ninguém informava à imprensa sobre o roteiro. Pessoas bem posicionadas na estrutura do partido disseram que se quiséssemos saber tínhamos de seguir a caravana.
Porém, depois de muita insistência conseguimos saber que o roteiro tinha como direcção a praia do Tofo. Efectivamente, o MDM fez uma passeata pelas artérias da cidade que começou por volta das 12h e estendeu-se até perto das 19h na sua sede. Guimino proferiu um comício num palco montado entre o bairro de Muelé e Liberdade.

Balanço dos candidatos

Benedito Guimino afirmou que está confiante na vitória e repisou o discurso da continuidade. Porém, esclareceu que depois de ouvir os munícipes “algumas prioridades foram redefinidas.
“Percorremos todos bairros e sentimos que os eleitores receberam a nossa mensagem. Mas mais importante: recebemos um grande contributo que são as ideias dos munícipes”, referiu.
Um pouco antes da campanha eleitoral, Guimino colocou a abertura de ruas como uma prioridade. Questionado sobre uma eventual mudança de planos em função de outras necessidades mais prementes o candidato da Frelimo foi claro: “continua uma prioridade. Não houve bairro em que os residentes não tenham pedido ruas para melhorar o acesso”. No que diz respeito aos actos de violência ocorridos na sede provincial da Frelimo, entre simpatizantes dos dois partidos concorrentes, Guimino mostrou espanto: “acho muito estranho”.
Por outro lado, deixou transparecer que os actos podem não ter sido protagonizados pelos munícipes. “Não sei se são nossos concidadãos do município de Inhambane. O que caracteriza as pessoas de Inhambane é a tolerância e a capacidade de diálogo”. Questionado sobre a possibilidade de o teor das músicas ter sido, em certa medida, o rastilho que acendeu a pólvora da violência, Guimino afirmou que estabelecer tal relação está acima da sua capacidade de análise. Porém, deixou claro que nunca falou dos outros nas suas abordagens.
“Repare que desde o princípio deste acto eu sempre falei do que vou fazer. Das minhas ideias para o município. Não tenho o hábito de elevar a minha popularidade em função do ataque ao meu oponente”.
Contudo, esclareceu que desencoraja o uso de músicas depreciativas numa campanha eleitoral, “mas nao posso dizer categoricamente que estas músicas tenham originado a violência”.

Nhaca faz balanço positivo

Fernando Nhaca faz um balanço positivo dos seus 13 dias de campanha. Até porque “a zona sul é tida como um espaço de hostil para a oposição. Por isso o balanço não só é positivo como surpreendente”.
“Depois de 13 dias concluímos que as pessoas conhecem os seus direitos e têm necessidade de mudar”.
No que diz respeito à campanha, Nhaca diz que “no computo geral foi um acto ordeiro”, com algumas excepções cujo ponto mais alto foi a violência do 12 dia na sede provincial do partido Frelimo.
“Membros da outra parte bloquearam a estrada. Isso gerou os episódios de violência que foram noticiados, tanto de um lado como do outro”. Porém, é preciso perguntar de onde vieram as pedras. Quem as colocou na sede da Frelimo e com que objectivo”, questiona.
Outro episódio que Nhaca reprovou deu-se no bairro de Mucucuni onde também ocorreram alguns actos de violência. “O secretário do bairro, tal como outros membros da Frelimo, não sabe o que é um processo democrático. Só isso explica o facto de ter tentado impedir as nossas actividades através da instrumentalização de jovens”.
Nenhum partido da oposição venceu qualquer processo eleitoral na zona sul de Moçambique. Porém, o candidato do MDM não teme e escuda-se no trabalho do seu partido. “O nosso partido arregaçou as mangas para desmistificar o conceito de que a zona sul é um feudo da Frelimo. O nosso sucesso na campanha é fruto desse trabalho”, explicou.
Na mesma linha de ideias, Nhaca empresta as suas expectativas aos munícipes de Inhambane. “A minha expectativa é a de todos citadinos. Penso que o povo quer estar no poder, o povo de Inhambane já apercebeu-se de que nos 37 anos de poder da Frelimo não houve nenhum benefício nas suas vidas. Muito pelo contrário: diminuíram” disse.

Observatório eleitoral

Abdul Karim, do Observatório Eleitoral, condenou os actos de violência do penúltimo dia de campanha, na sede provincial do partido Frelimo, envolvendo membros dos do concorrentes políticos. Contudo, referiu que o processo decorreu de forma ordeira e pacífica.
Em relação às intercalares passadas Karim disse que estas pautarem pelo civismo, ainda que tenham registado alguns episódios pouco abonatórios para o processo. Por outro lado, pensa que os partidos políticos podem formar melhor os jovens para que situações de violência não aconteçam em situações do género.

Contagem paralela

O Observatório Eleitoral vai fazer uma contagem paralela deste processo. Karim Abdul pensa que “é mais fácil trabalhar em Inhambane do que, por exemplo, em Quelimane onde a dispersão das escolas era muito grande”. Justifica: “são apenas 53 mesas de voto”.
Para o efeito, o Observatório Eleitoral vai formar, nesta terça-feira, 63 pessoas com vista a cobertura do processo. “Vamos fazer a contagem paralela e saberemos quem sairá vencedor no dia 18”.

A Verdade

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