O líder da RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, reconheceu “não fazer sentido” manter uma guarda pessoal armada, mas condicionou o desmantelamento com maior segurança das forças policiais.
Ao abrigo do Acordo Geral de Paz, assinado na capital italiana, Roma, em 1992, com o Governo da FRELIMO, a RENAMO propôs-se desarmar os seus antigos guerrilheiros, que travaram uma guerra civil de 16 anos contra o Governo da FRELIMO, e filiá-los na Polícia da República de Moçambique (PRM).
Alguns foram desmobilizados, mas nenhum foi integrado na corporação policial.
“Se a FRELIMO me garantisse segurança, se não estivesse a odiar-me, todos esses militares que vocês veem à minha volta estariam nas suas casas. Aqui ficariam apenas os agentes da Polícia da República de Moçambique”, disse Afonso Dhlakama, em conferência de imprensa em Nampula, norte do país.
Desde a realização das eleições gerais de Outubro do ano passado no país, o presidente do maior partido da oposição moçambicana decidiu fixar residência em Nampula.
Em Novembro, cerca de 300 antigos guerrilheiros da RENAMO ameaçaram voltar a pegar em armas, caso o seu líder aceitasse os resultados das eleições.
A partir de Nampula, Afonso Dhlakama ameaçou realizar manifestações pacíficas à escala nacional por alegada fraude no escrutínio presidencial, legislativo e nas primeiras eleições provinciais, todas ganhas pela FRELIMO, partido no poder desde a independência de Moçambique, há 35 anos.
Na altura, o vice ministro do Interior de Moçambique, José Mandra, ameaçou retaliar caso os militantes da RENAMO se manifestassem, por considerar que a acção podia pôr em perigo a paz no país.
Questionado pelos jornalistas sobre a data de realização das manifestações, Afonso Dhlakama justificou a demora com as advertências feitas pelo vice-ministro do Interior.
“Da forma como a polícia estava preparada, decidimos que precisávamos de nos concentrar para definirmos uma nova estratégia porque eles haveriam de matar pessoas e eu, como promotor das manifestação, seria culpado”, disse.
“Agora a nossa intenção consiste em idealizar uma estratégia que evite que a polícia venha, eventualmente, a matar alguém”, acrescentou Afonso Dhlakama.
Para o político, a manifestação a ter lugar em todos os 128 distritos do país “será uma maneira de pressionar o partido no poder”. (Noticias lusofonas-07.05.2010)
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