O cidadão português Manuel Pereira, 40 anos, acusou na passada quinta-feira, 28, a direcção do grupo Bricomat de o ter despedido das funções de director-geral da Logispark por ter como mulher uma cidadã angolana de raça negra.
Pereira, que chegou à nossa redacção acompanhado da esposa Helena Miranda, 34 anos, garantiu a O PAÍS que já contratou um reputado advogado para levar a tribunal os seus antigos patrões e compatriotas, os irmãos Manuel e João Vaz, proprietários do grupo Bricomat.
Ele assegura que depois de trabalhar durante algum tempo como director-geral da Logispark, o centro de apoio logístico do grupo luso, as relações com os seus patrões azedaram-se em Março do ano em curso, logo que regressou das férias de natal e levou ao condomínio onde vivia a mulher, na altura grávida de quatro meses. AngolaDigital
Inicialmente foi acusado de ter malbaratado litros de gasóleo para proveito próprio. A seguir foi acusado de ter desviado fundos estimados em cerca de 5400 dólares norte-americanos, uma cifra que ele diz ter sido originada pelas saídas de caixa não registadas, mas que assumiu, nesta fase, a dívida. Segundo o cidadão português, 40 anos, os patrões não permitiram que a sua mulher fosse transportada no carro da empresa e com o motorista da mesma, apesar de ter respondido aos irmãos Miguel e João Vaz que ela encontrava-se concebida.
Nos últimos meses, já sabendo que a qualquer momento seria despedido, Pereira e a esposa foram transferidos, por orientação dos seus patrões, para um único quarto, com dimensões inferiores em relação à casa onde morava com a cidadã angolana.
A acusação seguinte foi de que estava a incitar os funcionários angolanos a revoltarem-se contra os responsáveis expatriados que trabalham no grupo. Mas, no contacto com este jornal Miguel Pereira refutou estas queixas alegando que foi o contrário, porque os proprietários do grupo interpretaram mal o facto de ele ter criado condições de trabalho para os nacionais, segurança nos seus postos, construções e ter promovido alguns angolanos.
“Eram coisas que não existiam.
Achei por bem cria-las, mas eles não concordavam com isso. Até porque uma vez levaram-me mal por ter dito a uns colegas expatriados que deviam trabalhar mais porque existiam angolanos – e mostrei-os – que sabiam fazer o trabalho melhor que eles”, acrescentou o cidadão português, acrescentando que “se eles fossem promovidos evitar-se-ia a contratação de mais expatriados, que é mais onerosos, com a alimentação, transporte e roupa lavada”.
A política de promoções da empresa não tinha em conta os funcionários negros, de acordo com a fonte, tendo exibido um e-mail, datado de 26 de Agosto de 2010, onde o administrador da Logispark, Miguel Vaz, diz-lhe que “para analfabetos, já chegam os pretos (e demasiados) que aí temos”.
Numa outra comunicação, o mesmo PCA reagiu também com tons rácicos a um acidente de viação que teve o motorista António Matias, com um dos carros da empresa. Mandou suspender o pagamento do seu salário e pediu que fosse aberto um processo disciplinar por negligência e danos patrimoniais. Segundo Miguel Vaz, numa outra correspondência, “ esse f.p desse preto fez de propósito”.
Um outro e-mail disparatado, que recebeu já no dia 15 de Abril, aumentou ainda mais as suspeitas de Miguel Pereira que as acusações que sofria estavam associadas ao facto de ter como esposa uma cidadã negra, independentemente de estar em Angola, um país situado no continente africano. Apesar de a mensagem ter sido enviada a várias pessoas ligadas à empresa, o ex-director não tem dúvidas de que era o alvo. Nela Miguel.
Vaz acusa os trabalhadores, que “parece que a pressa de irem para a casa por terem as co… à espera, é maior que a pressa de irem ver o que há em armazém!!! Agarrem-se mais ao trabalho e menos à procriação, pois qualquer dia podem ficar a procriar sem trabalho. E depois, sim é que vai ser uma grande porcaria!!!” Sobre esta mensagem, Helena Miranda não tem dúvida de que foi ela a ofendida pelo administrador da empresa em que funcionava o seu marido. Um dia destes deslocou-se à direcção de recursos humanos da mesma para dizer a directora que se o seu bebé “tivesse algum problema e morresse, não haveria de o enterrar, mas deixá-lo-ia com eles neste estado”.
Num outro e-mail mais picante, o mesmo administrador atinge ainda mais a honra e dignidade as mulheres angolanas.
De qualquer modo, o nosso interlocutor passou a acreditar que a única saída seria abandonar a empresa, como veio a acontecer esta semana.
Antes recebera uma nova informação de Miguel Vaz, a que o irmão João Vaz também teve acesso, alertando que Miguel Pereira teria de escolher entre “o macho e fêmea quem vai ficar, um deles vai ter de sair urgentemente.
"Não aceitamos este tipo de promiscuidade”.
Cansado de tanta humilhação, no dia 18 deste mês escreveu a um dos administradores, João Vaz, explicando que estava a ser “vítima de muitas humilhações por vossa parte e sem nunca ter sido ouvido em relação ao combustível que usou, a mulher com quem vivia no condomónio e ao seu horário de trabalho”. Apenas uma vez foi ouvido pelo senhor Manuel Crespo, um dos assessores.
O PAÍS tentou ouvir a responsável dos recursos humanos do grupo Bricomat, Alzira Faria, mas esta recusou prestar qualquer tipo de informação em substituição dos administradores. “Não tenho nada a dizer neste momento”, disse a senhora, horas antes do fecho desta edição.
O assessor da firma, Manuel Crespo, também tinha o telefone desligado. O PAÍS enviou ontem um e-mail aos administradores da Bricomat, nomeadamente Manuel e João Vaz mas nenhum deles respondeu até ao fecho desta edição.
Aproveitando a presença do jornal, o nosso interlocutor denunciou outras irregularidades que ocorrem no grupo Bricomat, que detém várias lojas, um restaurante, uma pastelaria e um centro comercial.
Segundo a fonte, a vários indícios de fuga ao fisco, a existência de funcionários que trabalham sem visto de trabalho e outros que os obtêm de forma fraudulenta. Uma empresa de construção, também do grupo, é que interage para a obtenção dos vistos.
Outro caso avançado é que muitos funcionários trabalham sem contrato. Ele, por exemplo, trabalhou durante alguns meses sem o contrato, tendo-lhe sido dito apenas esta semana que existe e a directora de recursos humanos ocupou-se de assinar pelas duas partes.
É lamentável , esse tipo de situação ; em pleno século 21 , haver ,ainda esse tipo de situação; ainda mais da maneira como é contada. Como pode uma pessoa(s)vivendo no pais dos outros, se enchendo de dinheiro, não importa de que maneira, fazer pouco dos nativos, humilhando, explorando etc etc, e ainda por cima, chamando-os de pretos burros e analfabetos !podem ter a certeza que os pretos não são isso que alguns dizem, não teem é as mesmas oportunds, que os outros as tem !realmente, é mesmo cuspir no prato em que comem.não sei onde isso poderá chegar, porque é mesmo grave .
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