A Organização dos Trabalhadores Moçambicanos -- Central Sindical (OTM-CS), afeta à FRELIMO, partido no poder em Moçambique, criticou o governo do mesmo partido e alertou-o por não ter aprendido com os tumultos de setembro contra o aumento dos preços.
As críticas da OMT-CS contra o governo do partido que apoia, têm a ver com o executivo ter anunciado na última semana, em simultâneo, o aumento dos salários mínimos nacionais e do preço dos combustíveis.
"Sentimo-nos traídos porque tínhamos um mandato de negociar os salários mínimos e agora, para além de explicar aos nossos associados sobre os aumentos salariais, temos de explicar o que significa o novo aumento dos preços dos combustíveis", queixou-se o porta-voz OTM-CS, Francisco Mazoio. LUSA
Os novos salários mínimos sectoriais vão de 2005,00 meticais (43,20 euros) a 5.320,00 meticais (114,80 euros) e os combustíveis tiveram um agravamento de preços na ordem dos 10 por cento.
Os sindicatos consideram que o anúncio em simultâneo desvaloriza a subida dos salários mínimos e "o esforço negocial" entre governo, trabalhadores e patrões.
"Um dos motivos dos acontecimentos de 01 e 02 de setembro do ano passado foi o anúncio dos aumentos de preço de vários produtos e serviços ao mesmo tempo: eletricidade, água e pão. Portanto, houve medidas em cadeia que resultaram em reações em cadeia", disse Mazoio, referindo-se às manifestações populares que pararam a capital durante dois dias e que causaram entre sete e 14 mortos, segundo várias estimativas
"Parece que a lição não ficou, porque de novo, o Governo, está a optar pela mesma filosofia: anunciar duas medidas, completamente opostas, no mesmo dia e na mesma altura. Manifestamos a nossa preocupação, com falta de aproveitamento de lições ocorridas no país', advertiu o porta-voz da OTM-CS.
Inéditas críticas à FRELIMO foram permitidas no desfile do 1º de Maio, organizado pela OTM-CS, no qual participou uma delegação do partido no poder que incluía um dos seus fundadores, Marcelino dos Santos.
LAS
Lusa – 03.05.2011
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