A inscrição de uma cadeira anual custava 105 meticais. Vai passar a custar 840 meticais. A taxa de propina de matrícula, pagável no acto da inscrição, era de 100 meticais. Passa a custar 600 meticais, já para o ano. Uma simulação a partir de estudante de primeiro ano de licenciatura em Direito, mostra que em 2010 pagou 1.460 meticais de matrícula e inscrição. Em 2011 vai pagar 6.400 meticais, 4,4 vezes mais, ou seja 440% mais.
Maputo (Canalmoz) - Estudar na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) passa a ser muito mais caro a partir de 2011. A direcção da universidade decidiu agravar as taxas de matrícula e inscrição de todos os cursos. Um estudante que pagou 1.460 meticais de matrícula e inscrição em 2010, em 2011 vai ter de pagar 6.400 meticais para os mesmos efeitos. O agravamento das taxas na UEM vai afectar os mais de 20 mil estudantes que a universidade possui. É de esperar que a medida desencadeie uma onda de contestação sem precedentes por parte dos estudantes que de repente ver-se-ão obrigados a suportar um aumento de taxas em mais de 400%. Até o início do ano lectivo de 2010, a taxa de propina de matrícula, pagável no acto da inscrição, era de 100 meticais. Com a actualização, a ter efeitos a partir de 2011, passa para 600 meticais. Mas a inscrição para uma cadeira anual também vai subir, de 210 meticais para 840 meticais. Fizemos uma simulação a partir da situação de um estudante de primeiro ano de Direito. Com 12 cadeiras semestrais, seis (6) em cada semestre, este estudante pagou 1.460 meticais em 2010. Este valor representa 1.260MT de inscrição das cadeiras e 200MT da propina de matrícula. A partir de 2011, o mesmo estudante vai passar a pagar 6.400 meticais. 5.040 de inscrição das cadeiras e 1.200 de propina de matrícula. A actualização das taxas de inscrição na UEM está anunciada no website institucional, através de um comunicado, mas sem mostrar o valor anterior das taxas. Apenas se indica no comunicado os valores que passarão a vigorar. Associação de estudantes diz que ainda não lhe foi comunicado o agravamento das taxas O Canalmoz ouviu o presidente interino da Associação de Estudantes da UEM, a propósito do agravamento das taxas e propinas. Dinis Langa diz que a associação já tem conhecimento da subida das taxas, mas ainda não lhe foi oficialmente comunicado pela direcção da universidade. Quanto aos valores actuais que os estudantes da UEM terão que passar a pagar, Dinis Langa considera-os “inacessíveis” para muitos dos seus colegas. Mas diz que ainda não há posicionamento do grupo para se reagir ao agravamento. “Vou reunir com os colegas do grupo para coordenar o nosso posicionamento. O grupo é que vai dar a opinião final”, disse ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique o responsável interino pelos assuntos de interesse dos estudantes da UEM. Dinis Langa, contudo, mostra-se parcialmente de acordo. Diz que a actualização das taxas é justificável, uma vez que há 19 anos que estas não eram actualizadas. Duvida é da capacidade dos seus colegas de suportar as taxas nos valores para que tudo indica que irão subir em 2011. Por sua vez, o porta-voz da UEM, Joel Tembe, justificou o agravamento das taxas evocando razões diversas. “Uma das razões tem a ver com o facto de os custos de gestão pedagógica estarem altos”. “Também estamos a falar de taxas que duram há 19 anos”, explica Tembe. Quanto à capacidade dos estudantes da UEM de suportar as actuais taxas, Joel Tembe mostra-se confiante. Diz que a experiência das escolas da UEM que operam em algumas províncias do país é confortante. Nestas escolas, segundo o porta-voz da UEM, as taxas cobradas são muito próximas das actualmente fixadas para as escolas e faculdades da capital. “É sustentável. Nas escolas que estão fora da cidade de Maputo aplicamos estas taxas”, assegurou, referindo-se, nomeadamente às seguintes escolas: Escola Superior de Desenvolvimento Rural (no distrito de Vilankulo); Escola Superior de Negócios e empreendedorismo (no distrito de Chibuto); Escola Superior de Ciências Marinhas e Costeiras (na cidade de Quelimane) e Escola Superior de Hotelaria e Turismo (na cidade de Inhambane). Portanto, Tembe diz que havia necessidade de “reajustar” em todas as escolas, as taxas cobradas. Os estudantes devem aceitar estas taxas Quanto à possível reacção contestatária dos estudantes, face ao agravamento das taxas de inscrição e propinas, o porta-voz da UEM diz que “espera que o mesmo não aconteça”. “Houve um trabalho junto dos estudantes. E a decisão tomada foi ponderada e discutida ao longo do ano. Portanto, não deverá haver alguma contestação”, vaticina Joel Tembe. Porém, este pronunciamento contrasta com o do presidente interino da Associação de Estudantes da UEM, que prometeu “colher opinião dos colegas para depois reagir”. Confrontado com esta contradição, Joel Tembe, referindo-se a Dinis Langa, disse que “ele entrou agora na associação”. “É lógico que ele não tenha estado dentro da negociação. A direcção cessante é que negociou o agravamento das taxas”. “Ele tem que assumir o que está acordado”, disse Joel Tembe, porta-voz da Universidade Eduardo Mondlane, impondo-se à Associação de Estudantes. Associação não credível Entretanto, a tal direcção cessante, que Joel Tembe diz ter negociado o agravamento das taxas, é apontada como não idónea pelos restantes estudantes da UEM. Há cerca de um mês foi envolvida em escândalo de enchimento das urnas durante as eleições para apurar os novos dirigentes estudantis. Apontou-se, como razão da tentativa de fraude eleitoral, a necessidade de garantir a eleição de um sucessor que aliado, iria esconder as “falcatruas cometidas pela direcção cessante”, durante o mandato de 2 anos. O presidente cessante é Jobe Fazenda. Depois desta “fraude”, as eleições foram anuladas e criada uma comissão interina para dirigir a associação. É esta comissão que diz pretender reagir ao agravamento das taxas de propinas e matrícula. (Borges Nhamirre) |
2010-12-27 06:20:00 |
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