- Fala-se ainda de abertura de processos disciplinares contra os grevistas
Maputo (Canalmoz) – O Governo quer desnecessariamente e de forma irresponsável manter o braço-de-ferro com os profissionais de saúde que estão em greve que dura há mais de três semanas com a factura a sair cara para os cidadãos que não estão a ser atendidos nos hospitais. Os membros do Governo e seus familiares não frequentam os hospitais públicos, por isso pouco os interessa a paralisação do já caótico Sistema Nacional de Saúde.
Como prova de que o Governo não está interessado com as pessoas que estão a morrer nos hospitais, esta terça-feira reuniu-se não para tratar da solução da greve, mas para manter as ameaças contra os profissionais em greve. Diz que vai proceder a cortes salariais aos agentes de saúde que aderiram à greve e ainda pondera instaurar processos disciplinares.
O porta-voz do Governo, Alberto Nkutumula, foi quem anunciou o pacote de ameaças e intimidação, fazendo recuar a anterior posição que ilegaliza a greve. Para Nkutumula, “a greve sendo ilegal” as consequências das faltas acumuladas para além de descontos salariais “passam por procedimentos legais e processos disciplinares”.
Contrariamente à triste realidade vivida no terreno, caracterizada pela ausência de profissionais nas unidades sanitárias, o porta-voz voltou a pautar pelo politicamente corecto “as unidades sanitárias estão em funcionamento e há algumas que nunca paralisaram as actividades”.
Recorde-se que recentemente um grupo dos mais antigos funcionários do Sistema Nacional de Saúde (SNS), da qual é parte o antigo primeiro-ministro, Pascoal Mocumbi, redigiu uma carta aberta ao chefe de Estado, apoiando os grevistas, legitimando a greve e lamentando a campanha de desinformação levada a cabo pelos órgãos de informação públicos (TVM, RM e Notícias). Na Referida carta pedem a intervenção de Armando Guebuza para o início de um diálogo com a Associação Médica de Moçambique.
“O Governo não pode negociar com fantasmas”
Questionado sobre o estado do diálogo entre o Governo e Associação Médica de Moçambique, o porta-voz do Governo, Alberto Nkutumula, disse que “não há entrave nenhum, o que aconteceu é que a AMM convocou um encontro com representantes do Governo e apareceu com pessoas estranhas ao diálogo”. Referindo-se aos Profissionais Unidos da Saúde (PSU), afirmou que o Governo não pode “conversar com fantasmas”. De acordo com o porta-voz, aquele grupo “legalmente não existe”. Enquanto isso, a AMM diz que não parte para qualquer diálogo sem o PSU, porque ambos lutam pela mesma causa. (André Mulungo)
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