“Rio +20: Desenvolvimento e inclusão”
– afirma Carlo Petrini, da organização “Slow Food”
Ele diz também que dos ganhos o povo só houve falar nas conferências e nos relatórios
Maputo
(Canalmoz) – Os debates com painelistas da sociedade civil estão a
“animar” a preparação da Conferência sobre o Desenvolvimento
Sustentável, Rio+20. Ontem, segunda feira, o activista italiano da
organização “Slow Food”, Carlo Petrine criou algum mau estar no pavilhão
número 03 da Rio Centro, quando disse que em países pobres as
multinacionais estão a ajudar os corruptos a enriquecer e levar a
população à pobreza e ao desespero porque está a perder as suas terras, a
sua única fonte de produção.
Aquele
activista disse que nestes países, os contratos são acordados entre as
multinacionais e os governos, sendo alguns dirigentes, parte interessada
na matéria, de forma privada. Isso faz com que não haja interesse por
parte destes mesmos dirigentes em publicar contratos que regem seus
próprios negocios privados. “A população é simplesmente usada e não
participa de nada” disse Carlo Petrine.
O
retrato desenhado por aquele activista é uma verdadeira cópia do que
acontece em África. Em Moçambique por exemplo, apesar de pressões de
todo o género, não há vontade política em publicar os contratos, nem de
criar contratos padronizados. Aliás, em 2011, a ministra dos Recursos
Minerais Esperança Bias disse ao Canalmoz que o governo continuaria a
tratar o dossier “contratos com mega-projectos” em segredo, desmentindo
assim qualquer discurso de transparência.
Já
o representante do FMI em Moçambique, Victor Lledó, defendeu há dias em
Maputo que as autoridades governamentais moçambicanas desenhem
contratos-padrão com as empresas de extracção mineira que “obedeçam a
normas internacionais” e que os mesmos sejam do “domínio público”.
“Dentro
dos guiões de transparência, uma das nossas propostas claras é que os
contratos devem ser publicados”, defendeu Victor Lledó.
Para
o activista Carlo Petrine, o pacto entre as multinacionais e os
Governos está a fazer emergir aquilo a que chamou de neocolonialismo com
participação dos Governos. “É uma clara situação de neocolonialismo. O
povo fica sem terra, e os dirigentes ficam donos e senhores de tudo. Têm
o poder e o dinheiro das acções das multinacionais”, disse.
Para
inverter este cenários Carlos Petrine defende maior capacidade de
intervenção das organizações da sociedade civil, incluindo a imprensa,
porque segundo disse, “é uma questão de responsabilidade e mais do que
isso de direitos humanos”.
Os debates sobre o desenvolvimento sustentável contuam até ao último dia da conferência. (Matias Guente, enviado do Canalmoz/Canal de Moçambique ao Rio de Janeiro)
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