“Está em boas mãos. Vamos deixar a justiça trabalhar” – Armando Guebuza
Maputo
(Canalmoz) – O presidente da República, Armando Guebuza, falou pela
primeira vez dos sucessivos escândalos relacionados com a alegada má
gestão e corrupção no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS),
entidade tutelada pelo Ministério do Trabalho. Abordado pelo Canalmoz,
Guebuza foi parco em palavras, mas referindo-se ao mais recente caso de
concurso que iria sacar 25 milhões de meticais do INSS para uma empresa
de Almerino Manhenje, Guebuza disse que “o assunto está em boas mãos”,
dando a entender que ele, como chefe do Governo, não irá intervir no
caso.
De
notar que a gráfica de Manhenje, ex-“superministro” de Joaquim Chissano
que foi nomeadamente ministro do Interior e de Assuntos de Defesa e
Segurança, antecessor de Guebuza, está onde funcionava a gráfica do
partido Frelimo. De notar também que Manhenje já esteve preso por abuso
de fundos públicos no ministério do Interior.
“De
um lado a justiça está a tratar do caso e do outro o ministério (do
Trabalho) também está a trabalhar”, disse Guebuza em resposta ao
Canalmoz.
Guebuza
não quis emitir mais comentários sobre os problemas de má gestão no
INSS. nem se o caso está a merecer reflexão a nível da Presidência da
República, sobre quem em última instância recaem todas as
responsabilidades no que respeita ao funcionamento do Ministério do
Trabalho.
Os
escândalos de corrupção no INSS viraram moda. Há décadas que a
instituição faz manchetes nos jornais pelas piores razões e nunca houve
responsabilização dos culpados de forma exemplar. Recentemente a
Imprensa abortou um episódio manifestamente corrupto, que tinha que ver
com a contratação de uma empresa ligada ao antigo ministro do Interior,
Almerino Manhenje, para prestação de serviços diversos nomeadamente de
produção de cartazes, isqueiros, etc...entre outros artigos considerados
supérfluos. Acontece que a empresa de Almerino Manhenje havia ganho o
concurso com uma proposta financeira de 25 milhões de meticais, acima
dos 7 milhões, 5 milhões e 3 milhões, respectivamente, cotados pelas
outras concorrentes. A empresa do antigo ministro Mnanhenje passou com
uma proposta 14 milhões de meticais mais cara do que a segunda proposta
mais cara. O concurso acabou sendo anulado por despacho da ministra do
Trabalho, Helena Taipo.
Quando
ainda se digeriam as informações relacionadas com o corrupto concurso, a
Imprensa destapou mais um escândalo envolvendo o INSS.
Sem
o conhecimento do Conselho de Administração, o INSS adquiriu e
reabilitou uma mansão para a directora-geral da instituição de segurança
social, pagando cerca de 7,5 milhões de meticais (1 USD = 28,2 MT).
Recentemente
o INSS envolvera-se também num outro escândalo ao adquirir com fundos
da instituição uma casa para o PCA no valor de 1 milhão de USD.
A
má gestão e o uso abusivo de fundos públicos no INSS têm suscitado
imensa indignação sobretudo por alegada falta de fundos esta instituição
pagar aos reformados pensões ridiculamente insuficientes tendo em conta
que se trata de pessoas que andaram uma vida inteira a trabalhar. Num
passado recente o Canal de Moçambique publicou uma mensagem do tipo SMS
em que a ministra do Trabalho pedia a um dos directores do INSS para
desviar 17 mil dólares ou contra valor em meticais, sem que o director
financeiro se apercebesse. A ministra nunca reagiu sobre a referida
mensagem, o que levanta dúvidas sobre o carácter das pessoas que têm
responsabilidade directa sobre o INSS. Recorde-se também que na altura o
ministro do Trabalho era Mário Sevene levou a instituição a envolver-se
noutra polémica. Impeliu-a a entrar na estrutura accionista de um banco
problemático que viria a falir, onde teve de cobrir as entradas de
capital de pessoas ligadas ao partido Frelimo ao mais alto nível. O
assunto acabaria por morrer sem consequências. (Matias Guente)
Sem comentários:
Enviar um comentário