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VOA News: África

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Eduardo Mondlane reconhece que não foi “fundador” da FRELIMO, nem esta foi fundada a 25 de Junho de 1962

Provado em discurso  

“Em poucos anos temos assistido a formação de partidos políticos tanto no exterior como no interior de Moçambique, há apenas três meses que esses partidos se fundiram num só movimento, o único até à data, a FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE.” – Eduardo Mondlane

Maputo (Canalmoz) –Eduardo Mondlane proferiu um discurso antes do inicio do I Congresso da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que pode levar a concluir que ele não foi fundador do movimento nem este foi fundado a 25 de Junhode1962.
O portal de Fernando Gil, Macua Blog, divulgou o tal discurso que com a devida vérnia aqui deixamos aos leitores do Canalmoz:

Discurso proferido pelo Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique

“Compatriotas.
Sentimos um grande prazer por, mais uma vez, vos ver reunidos nesta sala. Estivestes aqui presentes ontem feriado, e depois de um longo dia intenso de trabalho, eis que vos vemos novamente.
A vossa presença constitui em si uma prova indiscutível do interesse que tendes pela árdua luta contra o colonialismo. Mostra ainda que nenhuma circunstância, por mais difícil que ela seja, vos impedirá de continuar a lutar.
O povo da África e particularmente de Moçambique quer seguir para a frente.
Fazemos para que mantenham esse espírito pois terão necessidade dele na luta de libertação de Moçambique.
A sessão de hoje é de subida importância na história do nosso país. Segundo o que supomos, é original, na história de Moçambique, o facto de um grupo de nacionalistas se reunirem para apresentarem os problemas concernentes ao seu país, e procurarem soluções para eles. Sentimos um especial prazer por participarmos neste momento histórico. Estamos aqui para estabelecermos as bases de acção que nos conduzirão à libertação do nosso país.
Durante muitos anos o nosso povo não percebia a razão por que os jovens de Moçambique não tentavam libertar a terra-mãe. No exterior muitos também não percebiam. Naturalmente nós que participamos na luta tínhamos outra opinião. Desde que Portugal conquistou a nossa terra há umas centenas de anos, tem-se verificado levantamentos esporádicos tendentes a libertar o país do jugo estrangeiro. Muitos dos nossos avós recordam-se ainda das lutas que travavam na altura em que os portugueses conquistaram a nossa terra e quando vários países europeus partilharam o nosso continente.
Recentemente vós fostes testemunhas dos massacres perpetrados pelos bárbaros portugueses contra o nosso povo, pelo simples facto de desejar a sua legítima liberdade. Alguns morreram lutando politicamente, e outros em greves e outras formas de rebelião contra a exploração dos imperialistas europeus. Mesmo agora temos recebido notícias de Moçambique segundo as quais milhares de indivíduos se encontram presos pelo facto de repudiarem o colonialismo português em Moçambique.
Em poucos anos temos assistido a formação de partidos políticos tanto no exterior como no interior de Moçambique, há apenas três meses que esses partidos se fundiram num só movimento, o único até à data, a FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE. Alguns de vós estarão ainda em dúvida sobre a nossa capacidade de UNIÃO. Ora a vossa participação neste momento sob o jugo do colonialismo português com milhares de indivíduos que se encontram nas prisões, com os que estão prontos a lutar, com aqueles que morreram nas minas, com todos aqueles que sofrem.
Nós estamos ligados aos povos de Angola, Cabo Verde, da Guiné “Portuguesa” e de São Tomé e Príncipe, que sustentam uma luta sangrenta. Durante o ano passado foram mortos muitos patriotas angolanos, e hoje continuam a ser. Nós estamos unidos aos povos da África do Sul e da Rodésia do Sul, que ainda há poucos dias foram proibidos de exercer acção politica legalmente. Estamos unidos aos povos de toda a África e a todos aqueles que estão sob o jugo estrangeiro.
Ora os seus trabalhos não são mais do que uma parte do nosso esforço geral no sentido da libertação da África.
Assim, pois, a libertação de Moçambique não terá nenhum sentido enquanto houver povos africanos oprimidos. Por isso é também vosso dever consagrarem-se totalmente a liquidação da dominação estrangeira do nosso continente.
Temos apoio de numerosos povos africanos e não-africanos. Tanganyika, que está aqui representado, é um deles. Apresentamos os nossos sinceros agradecimentos pelo auxílio que o Governo de Tanganyika nos tem prestado.
Estamos aqui reunidos para prepararmos o caminho que nos conduzirá à liberdade. Hoje à noite mesmo formaremos as comissões necessárias ao bom andamento dos trabalhos. Bom sucesso aos trabalhos do nosso I Congresso!
NOTA:
Discurso retirado do livro “Datas e Documentos da História da Frelimo” de Armando Muiuane (pág.16 e 17) sem referência de data, mas que se presume ser a 23 de Junho de 1962, 1º dia do I Congresso.
Neste discurso afirma Eduardo Mondlane que “Em poucos anos temos assistido a formação de partidos políticos tanto no exterior como no interior de Moçambique, há apenas três meses que esses partidos se fundiram num só movimento, o único até à data, a FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE.
Pode-se assim concluir que Eduardo Mondlane não foi fundador da FRELIMO (só na véspera do Congresso se filiou na UDENAMO) e que a sua fundação não foi a 25 de Junho de 1962 mas “há apenas três meses” antes daquele dia.
Quem o afirma é o próprio Eduardo Mondlane!
Mais, na altura deste discurso Eduardo Mondlane ainda não era Presidente da FRELIMO.
(Fernando Gil, in MACUA DE MOÇAMBIQUE, com a devida vénia do Canalmoz)

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