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VOA News: África

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Guebuza confrontado com velhos problemas


“Presidência Aberta” na cidade de Maputo  

População diz que não tem transporte e paga impostos para dirigentes andarem em viaturas de luxo

Maputo (Canalmoz) – O presidente da República cumpriu ontem, quarta-feira, o terceiro dia de “Presidência Aberta” na cidade capital do país. Numa cidade onde o fosso entre os ricos e pobres é cada vez mais acentuado, existindo até famílias com sérias dificuldades de obter refeições diárias, Armando Guebuza foi confrontado com os velhos problemas e os actuais: falta de habitação, crescente desemprego e partidarização das poucas oportunidades que existem. Os moradores da cidade de Maputo disseram a Guebuza que em Maputo não há sistema de transporte digno do nome pelo que as pessoas são transportadas como se de animais se tratem, enquanto pagam impostos para dirigentes desfilarem em viaturas de luxo.

Guebuza foi confrontado com problemas de criminalidade; crianças que estudam à noite por falta de vagas no curso diurno; nepotismo nas admissões aos empregos na função pública; morosidade na tramitação de documentos de pensão de sobrevivência a viúvas; vias de acesso debilitadas ou inexistentes, entre muitos outros.
Contudo, por entre a insatisfação crescente e manifestada sem receios por muitos citadinos, também não faltaram “elogios” e “agradecimentos” pela “maneira sábia” que Guebuza tem vindo a conduzir os destinos do país.
O pedido de aumento e continuidade do fundo destinado ao Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana, PERPU, marcou uma parte das intervenções. O PERPU é um fundo que à semelhança dos “sete milhões ” que o Governo dá aos distritos, também aloca a alguns municípios, designadamente ao de Maputo.
Depois de uma breve introdução, onde voltou a destacar a questão de combate à pobreza, a paz, a unidade nacional e a apresentação dos membros do Governo e do partido que o acompanham, Guebuza chamou dez cidadãos para publicamente o “ aconselharem”.
O primeiro “conselheiro” a subir à tribuna foi Júlio Nhalungo, que disse que Moçambique é um país abençoado. É atravessado por muitos rios e tem muita riqueza ainda por explorar. “Nós podemos produzir muita cebola, batata, milho, tomate e outros produtos agrícolas que compramos na vizinha África do Sul. Nós agora o que queremos é que o Governo apoie a agricultura. Queremos que os agricultores sul-africanos arranjem outros mercados para vender os seus produtos ao nível da região austral”, disse.
Por seu turno, Lote Mondlane aproveitou-se da presença do ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, para queixar-se da entrada massiva de estrangeiros no país que “nada vêm fazer”. Disse que os moçambicanos não estão contra estes, mas, sim, contra os “maus hábitos”.
“Alguns estrangeiros têm maus hábitos de trazer drogas. Não sabemos onde vivem, com quem e o que fazem. Que no Aeroporto haja uma revista minuciosa”, propôs.
Francisco Noa queixou-se do jogo de “gato e rato” que existe entre os ministérios do Interior e da Justiça. Disse que “a Polícia prende ladrões em flagrante delito, mas o tribunal meses depois absorve o ladrão por falta de provas”.
Por exemplo, contou que na célula “B”, no bairro de Mafalala, a Polícia já prendeu três vezes um malfeitor por diversas práticas incorrectas, mas o tribunal sempre o absolveu.
“Não estou a incitar aos actos de linchamentos como acontece na Beira, mas sinto que os munícipes já estão cansados. O tribunal absolveu Benvido por três vezes”, disse.
Celeste Cossa lamentou o nepotismo e o espírito de “deixa andar” que “ainda” pairam em algumas instituições públicas. Disse que é viúva há 10 anos, mas até hoje ainda não está a beneficiar-se da pensão de sobrevivência.
“Senhor presidente, quero saber se no ano que a minha pensão de sobrevivência for a sair, virá com retroactivos ou alguém terá se beneficiado do meu dinheiro?”, questionou.

Respostas de Guebuza

Guebuza disse que as preocupações levantadas pelos cidadãos mostram que “estão ansiosos em ver os seus problemas resolvidos, quer individual ou colectivamente”.
“Foi dito que Moçambique tem potencialidades para produzir e passar a não ser dependente da África do Sul, mas para tal precisamos ter políticas agrárias para que isto aconteça”.
Concordou que existem pessoas que “trazem suruma para dentro do país”, soltam-se supostos malfeitores por falta de provas, há problemas de transporte, de desemprego, etc. “Estes e outros são problemas do desenvolvimento e mostra que as pessoas querem combater a pobreza”, concluiu.

Diferenças não são problema

O presidente da República e do partido Frelimo, clarificou que as diferenças ideológicas que existem no país não podem ser vistas como problemas, mas, sim, capacidades de os moçambicanos realizarem suas obras.
Guebuza, que falava ontem num comício popular realizado no Bairro da Mafalala, não disse concretamente a quem se dirigia, mas deixou claro que “não podemos ficar indiferentes quando alguém ameaça a unidade nacional”.
Acrescentou que “a unidade nacional mostrou-nos que as pessoas são iguais na dignidade. Todas as pessoas merecem igual tratamento, respeito e devemos respeitar a sua liberdade, abrindo espaço para o desenvolvimento”,
“A unidade nacional abriu espaço para a diferença de opiniões, mas isto não deve significar que uns lutem contra a pobreza e outros fiquem a assistir e à espera de erros para criticarem”.
Disse que existem pessoas que acham terem descoberto a pobreza e pensam que ela apareceu hoje. “Pensam que em 1950 tinham tudo, se comparado com hoje, e esquecem que nessa altura 90 porcento dos moçambicanos eram analfabetos”.
“Esta é a maneira de pesar pequeno”, disse em tom irónico.
“Enquanto uns puxam a corda para frente, eles arrastam para trás. Nós estamos em 2012, eles ainda estão em 1950”, disse vincando que o povo quer desenvolvimento.

Recado aos críticos do ensino

Guebuza mandou também recadinhos aos críticos da qualidade de ensino no país. “Todos nós estamos preocupados com a qualidade de ensino, mas existem pessoas que agridem o nosso ensino”. “Porque agredir se a qualidade não é melhor?, questionou.
“Há forças que querem viver às custas do nosso futuro, que querem que marchemos de regresso ao passado”, acusou. (Cláudio Saúte)

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