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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Professores “turbo” prejudicam estudantes da UEM

“Eu queria fazer trabalho do fim do curso, mas não encontrei docente para supervisionar o meu trabalho e acabei fazendo exame de estado. Quando me inscrevi na UEM tinha uma ideia de uma universidade organizada, mas o que lá encontrei é outra coisa” – Nádia da Silva, formada na UEM

“Muitos docentes são directores e PCA’s por aí. Têm pouco tempo para os estudantes”– Ayrton Cassamo, Presidente da Associação de Estudantes da UEM

Maputo (Canalmoz) – Nádia da Silva formou-se em Administração Pública na Universidade Eduardo Mondlane, a mais antiga instituição de ensino superior do país. Terminou o curso em 2011 e saiu da universidade triste com o que lá encontrou. “Quando me inscrevi na UEM tinha uma ideia de uma universidade organizada, mas o que lá encontrei é outra coisa. Os docentes não se dedicam às aulas e muitas vezes os monitores é que dão aulas. Esses monitores são nossos colegas (estudantes) com que às vezes sentamos na mesma carteira, em cadeiras que eles têm em atraso”, disse Nádia da Silva em entrevista ao Canalmoz.

O sentimento de Nádia é partilhado por muitos estudantes da UEM que reclamam a ausência às aulas e a falta de dedicação dos docentes. A situação tem implicações na vida académica dos estudantes desde a formação até quando se pretende terminar o curso. É que muitos estudantes não têm docentes disponíveis para supervisionar o trabalho do fim do curso que o estudante deve fazer e defender para adquirir o grau de licenciatura.
“Eu queria fazer o trabalho do fim de curso, mas não encontrei docente para supervisionar o meu trabalho e acabei fazendo exame de estado”, disse Nádia.
Relina David Massango, estudante de Direito na Faculdade de Direito da UEM, escreveu na sua página no Facebook manifestando preocupação semelhante à de Nádia. “Tese ou exame de estado. Eis a questão que me está a tirar o sono. Eu comecei a escrever no princípio do ano passado. O
meu tema é apaixonante, mas mesmo assim está difícil encontrar tutor”, escreveu Relina manifestando a falta de docentes que a ajudem a supervisionar o seu trabalho de fim de curso.

É uma preocupação legítima

O Canalmoz contactou o presidente da Associação de Estudantes da UEM, Ayrton Cassamo, a quem pediu que comentasse a reclamação dos seus colegas. Cassamo reconheceu haver problemas da indisponibilidade de docentes para supervisionar os trabalhos dos estudantes, mas disse que a culpa é também partilhada pelos próprios estudantes que “não cumprem com as exigências dos tutores e esses acabam abandonando a supervisão”.
Ayrton explicou que por detrás do problema está o facto de os docentes da UEM serem muito ocupados. “Dedicam-se a muitas actividades extracurriculares”.
“Muitos docentes são directores e PCA’s por aí. Têm pouco tempo para os estudantes”, disse ao Canalmoz o presidente da Associação de Estudantes.
Ayrton Cassamo reconheceu igualmente que os docentes regentes das cadeiras, principalmente na Faculdade de Letras e Ciências Sociais, não têm estado presente na vida académica e deixam as aulas com professores assistentes e monitores.

UEM não se pronuncia… por enquanto

O Canalmoz contactou o porta-voz da UEM, professor Joel das Neves Tembe, mas este não se dispôs a abordar o assunto, alegando encontrar-se “de férias, na Catembe”.
O professor Joel remeteu-nos à “Dra. Arlete Mambo, directora do Gabinete de Comunicação e Imagem”. No Gabinete desta, informaram-nos pelo “seu substituto”, Óscar Jaquete, que ela também se encontra “de férias”.
Jaquete predispôs-se a nos responder às questões que levávamos para a UEM, mas quando as apresentámos, mudou de ideias e disse que “era melhor consultar as direcções das faculdades ou então esperar pelos seus superiores hierárquicos”. Entretanto foi-nos dizendo que “estão de férias”.
A UEM é a mais antiga e mais completa universidade pública do país, leccionando 135 cursos de diferentes áreas. Em 2011 tinha inscritos 29.744 estudantes de licenciatura e pós-graduação, com um corpo docente de 1.642 professores, entre PhDs, Mestres, Licenciados e Bacharéis. (Borges Nhamirre)

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