Preenchimento de vaga deixada pelo falecido chefe de quarteirão 40
Maputo (Canalmoz) - No bairro municipal da Polana Caniço “B”, distrito de KaMaxaquene, Município da cidade de Maputo, duas figuras ligadas ao partido Frelimo disputam o cargo de chefe de Quarteirão 40, deixado vago pela morte em Dezembro último do respectivo titular, Félix Mussane, “vítima de doença”.
Os candidatos têm andado em incursões de casa em casa nos últimos dias para conquistar os residentes daquele quarteirão, isso apesar da própria campanha interna não ter arrancado. Em surdina, cada um dos candidatos atribui nomes ao outro, para além de se estar a assistir a troca de acusações.
Os interessados pelo cargo são Francisco Salomão Massingue – até agora chefe de 10 casas – e Abílio Sitoe – um pastor da igreja zione e actualmente também responsável pela acção social daquele quarteirão.
Mas o secretário do bairro da Polana Caniço “B”, Armando Cossa, disse ao Canalmoz que vai impor o concurso para eleição duas mulheres, cujos nomes não anunciou, para defrontarem aqueles dois candidatos, o que quer dizer que serão 4 concorrentes, sendo dois homens e duas mulheres.
“Eu vou trazer duas mulheres e verão como as coisas vão ser. De resto, o que eles estavam a fazer são brincadeiras. Nós sabemos quem trabalha e quem tem boa postura para ser dirigente”, disse Armando Cossa.
Na verdade, um dos candidatos, Francisco Massingue, que tem aparentado não estar muito preocupado com a pré- campanha que o seu adversário e camarada no partido Frelimo, Abílio Sitoe, vem levando de casa em casa, é um dos favoritos, tendo em conta a simpatia que goza no seio dos residentes membros da Frelimo.
Ao contrário de Massingue, os residentes acusam o outro concorrente, Abílio Sitoe, de ser de conduta duvidosa, por nalgumas ocasiões – na qualidade de responsável pela acção social – ter solicitado contribuições monetárias aos residentes para apoiar os desfavorecidos do quarteirão 40 e outros adjacentes, mas os apoios acabaram por não serem canalizados aos alegados beneficiários. Mas isso é dito sem provas, apenas em avaliação do comportamento do candidato.
“Abílio Sitoe sempre nos mandou contribuir, mas as contas que ele apresenta nunca bateram certo”, comentam certos moradores daquele quarteirão, alguns dos quais com vínculos partidários com Frelimo. Acrescentam também que aquele candidato “é inseparável do álcool e do tabaco pelo que não pode ser pessoa ideal para substituir Félix Mussane”.
“Eu não estou preocupado em fazer campanha e andar de casa em casa a incomodar as pessoas, porque vivo aqui há muito tempo e as pessoas sabem quem sou e conhecem as minhas obras”, disse Francisco Massingue, em conversa com a nossa Reportagem.
Por outro lado, acrescentou: “eu já disse ao camarada Sitoe para não se agitar nem agitar as pessoas, porque as coisas lhe podem sair mal”.
O secretário daquele bairro, Armando Cossa, garantiu que as eleições terão lugar dentro dos próximos dias. Acrescentou que ele vai organizar o plebiscito e oportunamente os residentes serão informados.
A escolha de dirigentes no distrito municipal de KaMaxaquene, no geral, e no bairro da Polana Caniço “B”, em particular, tem sido conturbada.
Eleições sempre conturbadas
Serve de referência lembrar (ver Canalmoz de 7 de Dezembro de 2007) que dois processos de votação para a escolha dos secretários dos bairros da Polana Caniço “B” e Maxaquene “A”, terminaram com troca de acusações, alegando-se que houve “fraude e favorecimentos”, que teriam sido orquestrados dentro do próprio partido Frelimo. Na circunstância, os apoiantes dos concorrentes, todos eles do mesmo partido, ter-se-iam envolvido em pancadarias e troca de palavrões, tendo até se zangado com a liderança do partido, ameaçando abandonarem as fileiras da Frelimo.
Na ocasião, concorriam para secretário da Polana Caniço “B”, Armando Cossa, actual secretário, o juiz Betuel Langa, o jovem Figueiredo Sitoe, e José Timana, então chefe do quarteirão 48, que viria a vencer e a permanecer no cargo apenas dois meses na sequência do partido Frelimo ter dado ouvidos aos protestos e anulado a eleição, convocando um novo ciclo eleitoral.
Como tal, e por não reconhecimento dos resultados por parte de Armando Cossa, o bairro da Polana Caniço “B” ficou quase três meses com dois secretários que se sentavam no mesmo gabinete e tinham direito a vencimento.
No bairro de Maxaquene concorriam ao cargo o jovem Roberto Sipechele, da OJM, e um outro membro da Frelimo, Valentim Ndlaze, que no entanto viria a ganhar.
Protestos e marchas contra fraudes
Houve protesto das alas de Armando Cossa e Roberto Sipechele, que se achavam inconformados com os resultados das eleições, para além de alguns membros terem sido “impedidos de votar”.
Quando as notícias foram publicadas pelo Canalmoz (vssf Canal n.433 de 25 de Outubro de 2007), as mulheres da OMM e OJM marcharam até à sede distrital da Frelimo, para protestarem contra as derrotas de Armando Cossa e Roberto Sipechele, enquanto outro protesto por escrito era dirigido ao secretário-geral da Frelimo, Filipe Paúnde.
Anulação da votação
A Frelimo ordenou a anulação da votação que ocorrera no mês de Outubro de 2007, para convocar novas eleições para Dezembro do mesmo ano. Na nova votação e no caso da Polana Caniço, os resultados foram a favorecer o contestatário Armando Cossa.
Na cidade de Maputo, os bairros municipais têm o estatuto de postos administrativos, sendo por isso que os respectivos secretários auferem algum dinheiro no Conselho Municipal de Maputo, bem como gerem as receitas provenientes das colheitas e outros serviços.
Os quarteirões têm estatuto de localidade. Tal como acontece em quase todos os cargos, apenas membros do partido Frelimo podem concorrer para secretários de bairro e chefes de quarteirão. (Bernardo Álvaro)
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