Para além dos irmãos Satar, fala-se também do envolvimento do famoso “Danger Man” nos sequestros
Maputo
(Canalmoz) – Depois da chuva de críticas sobre a sua inoperância e
ineficiência, e nalguns casos até acusações ao envolvimento de seus
membros com os criminosos, a Polícia apareceu finalmente a falar sobre
os raptos mas para apenas repetir o refrão do costume, sem chegar a vias
de facto. Veio mais uma vez prometer que em breve irá anunciar
publicamente os nomes das pessoas envolvidas na onda de raptos que
têm vindo a criar alvoroço e pânico no seio dos residentes da cidade
de Maputo, com especial destaque aos empresários, sobretudo os de origem
indiana ou paquistanesa, mas não adiantou nada de relevante. Apesar das
promessas a Polícia continua a não dizer nada, nem sequer quando
desvendará tudo o que se relaciona com a onda de raptos contra resgates
de avultadas somas que já ascendem no total os vinte casos e muitas
dezenas de milhões de dólares americanos ou equivalente em meticais.
A
Policia continua a entreter o pú-blico com o seu silêncio, agravando as
suspeitas na opinião pública de que altos quadros da polícia e das
for-ças armadas, no activo ou na reserva, possam estar conluiados nos
raptos. A Policia nada tem até agora para dizer para além de que o
trabalho de “investigação” prossegue. Apenas diz que estão “num bom
caminho”. Sabe-se no entanto que um grupo de investigadores
estrangeiros teve de vir a Moçambique ajudar a desvendar as questões
centrais relacionadas com os raptos e isso sobretudo permitiu que a
senhora da família dos donos da Africom, Delta Trading e Sasseka, fosse
encontrada e salva.
Sabe-se
que as pistas essenciais foram encontradas, mas desconhece-se agora
porque razão a PRM mantém tanto sigilo.Os agentes estrangeiros
usaram sofisticados meios electrónicos que permitiram desvendar o
modus operandi dos criminosos. Especula--se, devido ao silêncio da
polícia, que se esteja a procurar fazer com que o público esqueça os
raptos sem que sejam dados os pertinentes esclarecimentos ao público. O
porta-voz do Comando-Geral da Polícia de Moçambique (PRM), Pedro Cossa,
ontem fez a promessa da publicação dos nomes dos “mandantes”
quando falava, durante o habitual briefing semanal com a Imprensa, sobre
a situação criminal no país.Cossa não forneceu detalhes sobre o curso
dos trabalhos que estão a ser feitos pela PRM visando o combate do
fenómeno que continua a tirar sono à sociedade mo-çambicana, embora se
comente que abrandou o ritmo desenfreado em que os casos se vinham a
repetir.
Pedro
Cossa disse que a PRM continua empenhada no esclarecimento de todos os
casos de raptos já registados até ao momento e que, em tempo oportuno,
será apresentado, publicamente, o relatório completo das “investiga-ções
em curso”. Não esclareceu o que quer dizer “tempo oportuno”.“Por agora
não podemos fornecer mais detalhes sobre o trabalho em curso sob pena de
perturbar as investigações, mas o que posso garantir neste momento é
que a Polícia vai desmantelar esta rede de raptores, cedo ou tarde”,
afirmou Pedro Cossa, para depois acrescentar: “não obstante
alguns órgãos de comunicação social porem em causa o trabalho que está a
ser desenvolvido pela PRM no tocante ao combate aos raptos e
à criminalidade em geral, nós garantimos que vamos deter e
anunciar publicamente os nomes de todas pessoas envolvidas”. “Logo que
se concluírem as investigações em curso”, sublinhou o porta-voz do
Comando-Geral da PRM, Pedro Cossa.
Instado
pela nossa Reportagem a pronunciar-se se a Polícia continua ou não a
registar mais casos de rapto do género dos que vinham acontecendo com
empresários, Pedro Cossa declinou o nosso pedido. Limitou-se apenas a
afirmar que a Polícia está a trabalhar no sentido de estancar o fenómeno
o mais rápido possível.Refira-se que na semana passado, o Governo,
reunido em mais uma Sessão do Conselho de Ministros, elogiou o trabalho
que está a ser desenvolvido pela PRM, visando o esclarecimento da “onda”
de raptos no país, mas também não disse nada. Permitiu com isso que
continuem a crescer as especulações, algumas apontando a cumplicidade de
altas figuras das forças de defesa e segurança com os raptores.Cossa
adiantou que já há várias pessoas que estão a ser investigados em
conexão com a onda de raptos no país. Os irmãos Ayob e Nini Satar e
Paulo Danger Man continuam a ser relacionados com os raptos. Uma irmã de
duas gémeas irmãs de Nini Satar e de Ayob, Rachida Satar, também é
apontada como estando relacionada com o dossier dos raptos.
Chegou
a estar presa, por alegadas razões que aparentemente nada terão a ver
com os raptos – apenas com cheques sem cobertura – mas ontem uma fonte
próxima da família telefonou-nos a informar que ela se ausentou do País.
A sua outra irmã gémea Hassina Satar nada tem a ver com o assunto mas
também está a ser alvo de especulações, dizem--nos fontes próximas da
família.Para além das pessoas que estarão, segundo a Policia, a ser
investigadas, a Polícia já anunciou publicamente ter detido alguns
indivíduos em conexão com os casos de raptos.O Canalmoz sabe que um
grupo de indivíduos foi detido numa carpintaria, na zona da Matola,
no local de onde foi libertada do cativeiro a senhora da
comunidade ismaelita, familiar dos donos da Africom, Delta Trading e
Sasseka.
(Redacção / Raimundo Moiane)
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