Reunido de emergência em Maputo
A
Renamo entrou em fase de absoluta prontidão combativa e nota-se que
reforçou o armamento dos seus homens. Os “homens armados de Dhlakama”
apresentam-se agora fortemente armados. O número de efectivos da
guarnição da residência do líder foi substancialmente aumentado e o seu
aparato de intervenção nota-se que foi reforçado com equipamento mais
sofisticado. Dhlakama “aguarda resposta de Guebuza”. Quer saber “se foi
ele (Guebuza) que mandou a operação do ataque à sede da Renamo”, para
também ele (Dhlakama) poder dar ordens aos seus homens.
O
sheik Abdul Carimo, do Observatório Eleitoral, em declarações
exclusivas ao Canalmoz, considera o ataque da FIR à sede da Renamo de
“uma vergonha que deve ser parada imediatamente” como forma de se poder
avançar com o diálogo. Pede a libertação incondicional do 23 homens da
Renamo detidos pela Polícia, e condena a operação da FIR, afirmando não
haver razões neste momento para ataques armados. Por isso, adverte:
“Parem com os ataques e contenham-se”.
Maputo
(Canalmoz) - Na sequência do ataque perpetrado na madrugada desta
quinta-feira pela Força de Intervenção Rápida (FIR) à sede da Renamo em
Nampula, onde se encontravam alojados os ex-militares da guerrilha, o
Observatório Eleitoral, órgão que nos últimos dias estava a tentar
aproximar-se da liderança da Renamo, reuniu-se de emergência na manhã de
ontem, em Maputo, para analisar a situação político-militar na cidade
de Nampula.
O
sheik Abdul Carimo, que deu a conhecer a reunião de emergência do
Observatório ao Canalmoz, condena o ataque da Força de Intervenção
Rápida (FIR) à delegação da Renamo e exigiu a libertação imediata e sem
condições dos 23 membros daquele partido político ao serviço da guarda
de Afonso Dhlakama, detidos no rescaldo do ataque policial.
O
Observatório Eleitoral, segundo o sheik Carimo, convocou, ainda na manhã
desta quinta-feira, os representantes da Frelimo e da Renamo, para o
encontro de emergência, em Maputo.
“Bem,
nós neste momento estamos reunidos para analisar o evoluir da situação
no terreno, numa altura em que estávamos a tentar os encontros com as
lideranças da Frelimo e da Renamo”, disse Abdul Carimo, adiantando que
“neste momento convocámos as lideranças dos partidos políticos para esta
reunião e estamos à espera que a qualquer momento chegue um
representante de ambas as partes, aqui onde estamos reunidos, para os
persuadir a pararem com esta vergonha e resolver-se o problema”.
O
representante do Observatório Eleitoral manifestou-se preocupado com os
últimos acontecimentos de Nampula, que dão conta do ataque à sede da
Renamo e da prisão dos seus membros, na sua maioria ex-guerrilheiros que
ali se encontravam há dois meses.
Abdul
Carimo disse não ter informações precisas do rescaldo da operação
policial em Nampula, sobre a existência de mortos, feridos e presos, a
não ser das que foram avançadas pela PRM segundo as quais 23
ex-guerrilheiros da Renamo foram detidos na operação.
“Por
isso mesmo, estamos aqui reunidos e chamamos os representantes da
Frelimo e Renamo aqui em Maputo, para nos darem conta da situação, uma
vez que os nossos colegas em Nampula não avançam informações precisas”,
afirmou o sheik.
O
sheik condenou o ataque da Polícia à delegação da Renamo. Disse que tal
procedimento não se justifica porque não há razões de ser.
“Penso
que não há razões neste momento para haver ataques a sedes de partidos
políticos como está a acontecer. Devia haver mais contenção, porque
qualquer ataque pode provocar uma reacção impossível de controlar e com
consequências negativas”, advertiu Abdul Carimo no contacto que manteve
com o Canalmoz.
“Parem
com os ataques e contenham-se, para que esta situação seja resolvida a
nível político”, apelou aquele líder religioso, concluindo que “na
verdade nós achamos que tudo devia começar do zero, mesmo os homens da
Renamo que estão detidos achamos que deviam ser libertos para amainar os
ânimos”.
Igreja Católica ainda com escassas informações sobre o incidente
Já
Dom Jaime Pedro Gonçalves, Arcebispo Emérito da Igreja Católica, na
Beira, e um dos principais mediadores dos Acordos Gerais de Paz (AGP),
assinados em Roma, Itália, em 1992, disse também que não tinha
informações sobre o desenvolvimento dos acontecimentos.
“Eu
ainda estava a estudar o que estava a acontecer. Sabia que desde que
eles estão em Nampula, não houve diálogo. Mas vou procurar saber a
partir de Nampula”, disse o prelado.
CCM insiste no apelo ao diálogo
“Há
muito pouco que se possa acrescentar sobre os acontecimentos que estão a
ocorrer. Sempre dissemos que este tipo de problemas se resolve através
do diálogo”, disse, por seu turno, o Bispo Anglicano da Diocese dos
Libombos, Dom Dinis Sengulane. “Precisamos
de diálogo. Isso é urgente e apelamos ao diálogo”, insistiu o
representante da Igreja Anglicana e do Conselho Cristão de Moçambique
(CCM).
«Não comento», disse o coronel Bute, comandante da Segurança da Renamo e Deputado da AR
Em
contacto com o Canalmoz, o homem forte da segurança da Renamo, Coronel
Bute, dispensou comentários. Argumentou apenas que está a acompanhar a
situação. “Os comentários estão entregues a Fernando Mazanga”. (Bernardo Álvaro)
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