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VOA News: África

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bispos do Malawi criticam governação de Bingo Wa Mutharika

moda das cartas pastorais dos bispos católicos em Moçambique Entretanto, a inauguração do porto de Nsanje, no âmbito do polémico projecto de navegabilidade dos rios Zambeze e Chire, foi saudada pelo clero católico malawiano.
Na sua mais recente carta apostólica intitulada “Ler os Sinais dos Tempos”, a conferência episcopal do Malawi lançou duras criticas ao governo liderado pelo presidente Bingo wa Mutharika, em torno da forma como tem estado a liderar os destinos daquele país. As críticas ao presidente malawiano acontecem numa altura em que o mesmo mergulhou o seu país numa crise diplomática com o governo moçambicano, liderado por Armando Guebuza, no que concerne ao projecto de navegabilidade dos rios Zambeze e Chire.
Na essência, os bispos católicos lamentam a “angústia e o sofrimento” a que o povo malawiano se encontra sujeito, por conta da política de exclusão, que na sua opinião está sendo promovida por Bingo wa Mutharika. Na óptica dos bispos, este modus operandi de Mutharika faz com que haja uma ausência de consultas sérias sobre os problemas de interesse nacional. “As consultas devem permitir a expressão de opiniões contrárias e favorecer o debate e o diálogo. Caso contrário, isso leva a intimidação dos indivíduos ou das instituições”, sublinham os prelados na sua carta pastoral lida domingo passado em todas as igrejas do país.
Por outro lado, os bispos criticam a crescente degradação da democracia interna dos partidos políticos, com especial enfoque para o partido liderado pelo presidente Mutharika. É que na óptica dos bispos, é importante que os partidos sejam abertos a participação de todos os seus membros e que os mesmos lhes sejam abertas oportunidades para ascender a posições-chave. Na ausência destes pressupostos, prosseguem, os líderes partidários terão tendências ditatoriais, minando, desta feita, o funcionamento democrático dos partidos e criando uma grande síndrome que poderá minar a renovação política no seio dos partidos.
Mas não só. A igreja católica malawiana acusa o governo liderado por Bingo de estar a “sufocar” a liberdade de imprensa. Nesta ordem de ideia, os bispos acusam o governo de exercer um controlo sobre a imprensa pública para que esta informe apenas os feitos do mesmo, marginalizando as acções da oposição e de outras entidades não governamentais. Por outro lado, o governo tem movido uma propaganda contra a imprensa privada, rotulando-a de ser anti-patriótica. Para os bispos, a falta de uma imprensa livre acaba minando a liberdade de expressão, factor importante para a manutenção de uma democracia vibrante e de uma sociedade informada com capacidade crítica.
«OPaís»

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