“Se estão lembrados, depois da independência, a Frelimo nacionalizou as empresas privadas, acusando-as de serem capitalistas, exploradoras. Como é que uma pessoa que há 35 anos, há 25 anos, estava contra a política de economia de mercado, hoje pode-se transformar em professor dessa mesma economia?” – presidente da Renamo, Afonso Dhlakama
“Agora a Frelimo pretende mudar a Constituição. Como é que a Frelimo vai fazer a revisão da Constituição usando 191 deputados que apareceram com base em resultados falsos? Isso significa que os 191 deputados vão legislar em nome do povo, quando não foi o povo que os colocou como deputados” - idem
O partido Renamo esteve reunido no último fim-de-semana na cidade de Nampula, a norte do país, em Conselho Nacional, órgão máximo do partido. Do encontro, saíram várias decisões. Foi decidido criar-se um grupo composto por quadros seniores do partido, para “negociar” “uma nova ordem política nacional” com o partido no poder, a Frelimo. A tónica dominante do discurso de Afonso Dhlakama no encerramento do encontro foi a crítica às políticas do partido no poder.
O presidente da Renamo que dirigiu a reunião, deixou claro que a pobreza ainda é uma realidade no país e se deve à “inexistência de uma política económica real”.
“Fala-se muito da pobreza absoluta. Há debates teóricos, mas ninguém vai ao ponto de descobrir qual é o problema, porque é que há pobreza e fome em Moçambique,” disse o presidente do maior partido da oposição que fixou residência na chamada capital do Norte onde tem estado em residência sitiada por forças policiais.
“Se estão lembrados, depois da independência, a Frelimo nacionalizou as empresas privadas, acusando-as de serem capitalistas, exploradoras. Como é que uma pessoa que há 35 anos, há 25 anos estava contra a política de economia de mercado, hoje pode se transformar em professor dessa mesma economia?”, questionou Dhlakama.
“Muitos académicos em Moçambique, intelectuais, principalmente jovens jornalistas, não sabem porque há pobreza em Moçambique. É porque não há política económica correcta e de mercado que permita que os moçambicanos participem com liberdade no desenvolvimento do país. É porque a Frelimo continua a ser um partido da esquerda comunista que não acredita na economia de mercado. Tudo quanto é feito é para contentar os doadores, americanos, europeus”, disse o líder da “perdiz”.
Fraude eleitoral e partidarização
No decurso dos trabalhos que dirigiu Afonso Dhlakama anunciou que durante o Conselho Nacional foi discutida a alegada fraude eleitoral que enfermou as eleições do ano passado, bem como a partidarização do Estado, pela Frelimo.
“Discutimos mecanismos que nos ajudem a controlar a fraude eleitoral que sistematicamente é cometida pela Frelimo. Chegámos à conclusão de que, de facto, é preciso criarmos uma nova Ordem Política Nacional, que vai permitir ao povo tomar decisões sobre as questões da vida do país, facto que não acontece desde o período colonial”, disse Dhlakama.
“Por exemplo, agora a Frelimo pretende mudar a Constituição. Como é que a Frelimo vai fazer a revisão da Constituição usando 191 deputados que apareceram com bases dos resultados falsos? Isso significa que os 191 deputados vão legislar em nome do povo, quando não foi o povo que os colocou como deputados”, disse o líder da “perdiz”.
Em relação à despartidarização do Estado, Dhlakama defende ser urgente despartidarizar tudo.
“Por exemplo, um jornalista que é funcionário de Estado olha para os lados e pensa que vai ser conotado, vai ser expulso, deixa de ter uma atitude de independência de executar e exibir a sua competência para demonstrar que é intelectual, porque sabe que há um camarada que lhe vai dizer “você favoreceu X ou Y”, isto significa que Moçambique está minado, todas as instituições de Estado, até as empresas privadas, tudo é Frelimo”, desabafou.
Prosseguindo, Dhlakama acrescentou que “não há nenhuma sociedade no mundo capaz de evoluir quando está agarrada a uma determinada ideologia política e não dá primazia à liberdade individual”. “Mesmo na China em que se fala em desenvolvimento, é um desenvolvimento ligado ao partido comunista chinês. A população chinesa é pobre porque não há distribuição de riqueza. É único o partido comunista. Põe a população chinesa a trabalhar como se fosse escrava. Significa que tudo está agarrado a um único partido”, referiu, alegando que é este exemplo que a Frelimo pretende transportar para Moçambique.
Grupo de negociações
Para reverter o cenário que descreveu como sendo característico do país, Dhlakama anunciou ter já sido constituído um grupo composto por três membros da “perdiz”. Os nomes não quis revelar, alegadamente para evitar que os mesmos sejam pressionados.
“Conseguimos, por consenso, criar um grupo de contactos e diálogo, portanto, com o Governo da Frelimo. Criámos o grupo das negociações para conseguirmos por fim à fraude em Moçambique. Negociaremos a maneira como a democracia deve ser consolidada neste país através de diálogo entre a Renamo e a Frelimo, para conseguirmos um acordo que visa pôr fim a todas brincadeiras”.
Informações em nosso poder dão conta que o grupo em referência é composto por Vicente Ululu, Simão Buti e Maria Ivone Soares, todos deputados da Assembleia da República pela bancada da Renamo. (Aunício da Silva)
CANALMOZ – 02.11.2010
O presidente da Renamo que dirigiu a reunião, deixou claro que a pobreza ainda é uma realidade no país e se deve à “inexistência de uma política económica real”.
“Fala-se muito da pobreza absoluta. Há debates teóricos, mas ninguém vai ao ponto de descobrir qual é o problema, porque é que há pobreza e fome em Moçambique,” disse o presidente do maior partido da oposição que fixou residência na chamada capital do Norte onde tem estado em residência sitiada por forças policiais.
“Se estão lembrados, depois da independência, a Frelimo nacionalizou as empresas privadas, acusando-as de serem capitalistas, exploradoras. Como é que uma pessoa que há 35 anos, há 25 anos estava contra a política de economia de mercado, hoje pode se transformar em professor dessa mesma economia?”, questionou Dhlakama.
“Muitos académicos em Moçambique, intelectuais, principalmente jovens jornalistas, não sabem porque há pobreza em Moçambique. É porque não há política económica correcta e de mercado que permita que os moçambicanos participem com liberdade no desenvolvimento do país. É porque a Frelimo continua a ser um partido da esquerda comunista que não acredita na economia de mercado. Tudo quanto é feito é para contentar os doadores, americanos, europeus”, disse o líder da “perdiz”.
Fraude eleitoral e partidarização
No decurso dos trabalhos que dirigiu Afonso Dhlakama anunciou que durante o Conselho Nacional foi discutida a alegada fraude eleitoral que enfermou as eleições do ano passado, bem como a partidarização do Estado, pela Frelimo.
“Discutimos mecanismos que nos ajudem a controlar a fraude eleitoral que sistematicamente é cometida pela Frelimo. Chegámos à conclusão de que, de facto, é preciso criarmos uma nova Ordem Política Nacional, que vai permitir ao povo tomar decisões sobre as questões da vida do país, facto que não acontece desde o período colonial”, disse Dhlakama.
“Por exemplo, agora a Frelimo pretende mudar a Constituição. Como é que a Frelimo vai fazer a revisão da Constituição usando 191 deputados que apareceram com bases dos resultados falsos? Isso significa que os 191 deputados vão legislar em nome do povo, quando não foi o povo que os colocou como deputados”, disse o líder da “perdiz”.
Em relação à despartidarização do Estado, Dhlakama defende ser urgente despartidarizar tudo.
“Por exemplo, um jornalista que é funcionário de Estado olha para os lados e pensa que vai ser conotado, vai ser expulso, deixa de ter uma atitude de independência de executar e exibir a sua competência para demonstrar que é intelectual, porque sabe que há um camarada que lhe vai dizer “você favoreceu X ou Y”, isto significa que Moçambique está minado, todas as instituições de Estado, até as empresas privadas, tudo é Frelimo”, desabafou.
Prosseguindo, Dhlakama acrescentou que “não há nenhuma sociedade no mundo capaz de evoluir quando está agarrada a uma determinada ideologia política e não dá primazia à liberdade individual”. “Mesmo na China em que se fala em desenvolvimento, é um desenvolvimento ligado ao partido comunista chinês. A população chinesa é pobre porque não há distribuição de riqueza. É único o partido comunista. Põe a população chinesa a trabalhar como se fosse escrava. Significa que tudo está agarrado a um único partido”, referiu, alegando que é este exemplo que a Frelimo pretende transportar para Moçambique.
Grupo de negociações
Para reverter o cenário que descreveu como sendo característico do país, Dhlakama anunciou ter já sido constituído um grupo composto por três membros da “perdiz”. Os nomes não quis revelar, alegadamente para evitar que os mesmos sejam pressionados.
“Conseguimos, por consenso, criar um grupo de contactos e diálogo, portanto, com o Governo da Frelimo. Criámos o grupo das negociações para conseguirmos por fim à fraude em Moçambique. Negociaremos a maneira como a democracia deve ser consolidada neste país através de diálogo entre a Renamo e a Frelimo, para conseguirmos um acordo que visa pôr fim a todas brincadeiras”.
Informações em nosso poder dão conta que o grupo em referência é composto por Vicente Ululu, Simão Buti e Maria Ivone Soares, todos deputados da Assembleia da República pela bancada da Renamo. (Aunício da Silva)
CANALMOZ – 02.11.2010
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