Nampula nauseabunda

Por Mouzinho de Albuquerque

Por mais que tente resistir, a tentação é demasiada grande para deixar passar. Por exemplo, continuo a não perceber porque é que os mictórios ao ar livre, que constituem fontes de produção de cheiro nauseabundo, continuam a aumentar ao invés de acabarem na nossa cidade? Aliás, hoje para muitos citadinos urinar em qualquer sítio, incluindo passeios, muros de vedação das casas, dos armazéns, das escolas, dos hospitais e outras infra-estruturas é normal, mesmo que saibam as consequências que daí advém.

Nampula nauseabunda

A VERDADE tem que ser dita, mesmo que se pense que é puro preconceito de sempre se “atacar” isto ou aquilo frontalmente ou que se trata de uma crítica mordaz a alguém ou a alguma instituição, mas é sempre bom que se diga que a cidade de Nampula, terceira “Metrópole” de Moçambique, nunca esteve tão nauseabunda como agora, sendo quase impossível descrever o cenário na zona de cimento da urbe, a menos que se tenha um vocabulário particularmente vasto. Este é um assunto que me suscita atenção e preocupação.Maputo, Quinta-Feira, 7 de Julho de 2011:: Notícias

Ainda continuo a olhar com angústia esta situação. Por mais que tente resistir, a tentação é demasiada grande para deixar passar. Por exemplo, continuo a não perceber porque é que os mictórios ao ar livre, que constituem fontes de produção de cheiro nauseabundo, continuam a aumentar ao invés de acabarem na nossa cidade? Aliás, hoje para muitos citadinos urinar em qualquer sítio, incluindo passeios, muros de vedação das casas, dos armazéns, das escolas, dos hospitais e outras infra-estruturas é normal, mesmo que saibam as consequências que daí advém.

Já falamos tanto sobre isto neste espaço, mas mesmo com isso, podemos, infelizmente, encontrar abundantes exemplos de urinóis públicos ao ar livre onde se notam atitudes de falta de pudor de alguns residentes da cidade de Nampula, como aqueles que se situam entre o Centro Paroquial de Nampula e a filial do Banco de Moçambique, o Bar Central e as residências da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique, na Escola 25 de Junho, nas imediações da Residencial Monte Carlo e oficinas do Conselho Municipal da Cidade de Nampula. Isto só para citar alguns exemplos de mictórios que produzem um cheiro nauseabundo.

O estado em que chegaram algumas zonas de cimento da cidade de Nampula, em termos da produção de cheiro nauseabundo da urina que é despejada de qualquer maneira todos os dias, devido em parte da falta de sanitários públicos melhorados, requer uma reflexão profunda na perspectiva de se tomarem medidas correctivas urgentes, pois que logicamente isso vai-se reflectindo negativamente na saúde pública. É de lamentar mas nada podemos fazer com outros meios, contra aqueles que por qualquer motivo, teimosia ou falta de pudor, continuam a espalhar a urina na cidade de Nampula.

Percebo ser importante destacar que vejo esta situação não apenas na perspectiva de um profissional do jornalismo, como também de um residente da cidade de Nampula, que, como disse, acompanho este problema todos os dias. E por falar de medidas correctivas, arrisco-me a dizer que se as autoridades municipais tivessem ou pensassem em medidas como aquelas que haviam introduzido em tempos idos, que consistiam em multar as pessoas que andassem sobre a relva, talvez desencorajassem as práticas que agora se verificam na cidade, sabendo-se que a solução deste problema passa igualmente pela construção de novos sanitários públicos que praticamente não existem na capital do norte, principalmente em locais de maior concentração pública.

Poder-se-á pensar que tenho uma certa tendência para o pessimismo. Mas, feito este apelo, estou absolutamente convencido de que o que ando a escrever neste espaço em relação a essa questão, é na tentativa de encorajar a quem de direito a tomar a peito este assunto. Já demos aqui exemplos de urinóis ao ar livre que produzem esse cheiro e que já deveriam ter sido eliminados, e não me cansarei de os reiterar neste cantinho enquanto continuarem a existir, porque é exactamente com actos, dedicação e esforço que a nossa bela cidade se ressuscitará da aparente letargia em que se encontra mergulhada no combate desse mal.

Fonte: Jornal Notícias  - 07.07.2011