RIO - A família do ex-ditador da Tunísia Zine al-Abidine Ben Ali, que foi retirado do poder após 23 anos, está sendo acusada de fugir do país com 1,5 tonelada de ouro, segundo informações publicadas nesta segunda-feira pelo jornal "Le Monde", de Paris. A denúncia foi recebida do serviço secreto francês. Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita na última sexta-feira após não resistir a seguidas manifestações em várias regiões da nação do norte da África, com dezenas de mortes.
Nesta segunda-feira (17-01-11), as ruas de Túnis, capital da Tunísia, começaram a recuperar a tranquilidade, com forte presença de soldados nas ruas. Universidades e colégios continuam fechados, mas pequenas lojas e cafeterias estão abrindo as suas portas. O primeiro-ministro tunisiano, Mohamed Ghannouchi, disse que um novo governo deverá ser formado nesta segunda-feira.
A porta-voz da União Europeia, Maja Kocijancic, disse nesta segunda-feira que o bloco está "pronto para torna a Tunísia democrática", oferecendo, ainda, ajuda econômica.
No domingo, houve enfrentamento em Túnis entre soldados e as forças leais ao presidente deposto. Seguidores de Ben Ali que estavam no telhado do Banco Central foram atacados por helicópteros. Os confrontos também se deram no palácio presidencial de Cartago, nas imediações de Túnis. Tiros também foram trocados no bairro de Gammart, onde estão diversas representações diplomáticas, como as de Espanha, França, Líbano e Arábia Saudita.
Revoltados com a pilhagem do país cometida pelos parentes de Ben Ali, tunisianos saquearam no domingo diversas propriedades da família. Mansões do ex-ditador e de seus parentes e amigos próximos foram invadidas por multidões, que levaram pertences dos milionários.
- Isso me deixa triste, porque eles (Ben Ali e sua família) roubaram muito dinheiro do povo tunisiano para construir essa casa - disse Priska Nufar, ao caminhar pela mansão. - Ele vive no luxo e as pessoas não têm dinheiro para comida.
A violência contra a família deposta também provocou a morte do sobrinho de Leila Trabelsi, mulher de Ali e acusada pela oposição de corrupção e apropriação de bens privados e públicos. Imed Trabelsi era prefeito da cidade de La Goulette. Desde a fuga de Ben Ali para a Arábia Saudita, na sexta-feira, seu paradeiro era desconhecido. Segundo fontes do Hospital Militar de Túnis, o sobrinho da ex-primeira-dama foi atacado com uma faca e morreu na sexta-feira, sob cuidados médicos.
As manifestações foram desencadeadas após a morte de um vendedor ambulante recém-formado na universidade, que ateou fogo em si mesmo em ato desesperado após ter o seu carro de frutas confiscado por autoridades.
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