Na troca de palavras com Malawi sobre navegabilidade dos rios Zambeze e Chire
A Justiça Ambiental, uma organização não-governamental ambientalista, aplaude a decisão do Governo de não permitir a navegabilidade no rio Zambeze e afluentes, “sem que primeiro sejam feitos os estudos de viabilidade, incluindo o estudo de impacto ambiental”, e sobretudo sem serem “avaliados os profundos impactos ambientais que envolvem a dragagem, além de graves efeitos nas componentes sociais, ambientais e culturais”. “Se o governo moçambicano aceitar este ambicioso programa dos malawianos, será obrigado a investir num novo porto, no Chinde. Sendo à partida inviável, pois este é um local de águas rasas, devido aos sedimentos trazidos pelo rio Zambeze, a construção de um porto, neste local, iria implicar a dragagem constante, para garantir o seu funcionamento”, explica a Justiça Ambiental no seu comunicado.
Refira-se que Malawi tem à sua disposição dois portos alternativos, nomeadamente, de Nacala e de Sofala. Ambos sofreram diversas e profundas reabilitações para acomodar os interesses dos países do hinterland, não se vendo com bons olhos a ideia de um porto no Chinde, para acomodar os interesses malawianos.
As críticas estendem-se à “atitude que a Riversdale tem vindo a adoptar no processo de discussão da dragagem e transporte”. No entender daquela organização, há alternativas viáveis às dragagens, que são as vias ferroviárias, com grande potencial de viabilidade não só ecológica, como também económica e social, pois irá desenvolver exponencialmente os corredores de Nacala e Beira, uma vez que surgirão várias oportunidades de desenvolvimento local e nacional.
Estas alternativas irão justificar os esforços de Moçambique na reabilitação da linha de Sena, o que irá promover o desenvolvimento rural na luta contra a pobreza. “Ao apostar no escoamento fluvial do carvão, poucos recursos irão ficar em Moçambique. ficaremos com um buraco enorme na província de Tete, e quase nenhuma infra-estrutura para as gerações vindouras. mas se considerarmos o investimento para a aplicação da rede ferroviária, a história será outra. Aí sim, o país irá desenvolver em vários ramos da economia”, defende a organização, para quem qualquer projecto que envolva a navegação no rio Zambeze irá prejudicar Moçambique no alcance das metas de produção de energia hidroeléctrica.
«O País»
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