O WB (Banco Mundial), a par da desigualdade na distribuição da riqueza, aponta a fraca capacidade de exportação dos recursos minerais como umas das suas maiores preocupações e aconselha a que a Agricultura não seja secundarizada
Maputo (Canalmoz) - A distribuição da riqueza no País, assunto que tem suscitado debate a nível nacional, principalmente pelo boom dos Recursos Minerais, está a preocupar o Banco Mundial. As preocupações foram apresentadas ontem em Maputo por John Whitehead, porta-voz de uma delegação de nove directores daquela instituição financeira mundial que terminou ontem uma visita de 4 dias a Moçambique.
O porta-voz do Banco Mundial (BM) repetiu que uma das formas de acabar com a pobreza em Moçambique passa necessariamente pela distribuição da riqueza nacional que beneficie os moçambicanos de uma forma ampla. “É importante que a riqueza seja usada para o benefício da maioria”, defendeu John Whitehead.
As preocupações daquela que é uma das maiores instituições financeiras mundiais vêm-se juntar às da Imprensa, académicos, e vários segmentos da sociedade civil moçambicana que vêm denunciando e deplorando o facto da riqueza nacional estar a beneficiar apenas um limitado grupo de dirigentes do partido no poder, Frelimo e seus familiares e confrades.
O fosso abismal entre pobres e ricos no País, que se vem acentuando apesar de alguns recursos minerais já estarem em exploração, e o facto de continuarmos a ter deficientes sistemas de Educação e Saúde; vilas e cidades degradadas e sem condições de habitação, saneamento e salubridade; estradas deficientes e insuficientes; falta de infra-estruturas que evitem ou minimizem inundações; falta de sistemas de transporte de passageiros e cargas; agricultura primitiva – para só falar de algumas questões essenciais – está a fazer com que a indignação cresça de volume no País e nos aproxime de uma revolta em grande escala, sobretudo por se saber que apenas um punhado de indivíduos e seus familiares e confrades, acantonados no partido no poder e em atitude de delapidação do Estado, está a beneficiar do boom de exploração de recursos.
O filósofo, Severino Nguenha, falando à Imprensa a 30 Maio de 2011, disse, por exemplo: “Vejo Moçambique como um País de dificuldades, de problemas, de pobreza, de tudo a faltar, de violência, sobretudo causada pela deficiente distribuição de recursos existentes para um País como o nosso, em desenvolvimento”.
Fraca capacidade de exportação
O WB (Banco Mundial), a par da desigualdade na distribuição da riqueza, aponta a fraca capacidade de exportação dos recursos minerais como umas das suas maiores preocupações. “Estamos muito preocupados com a capacidade moçambicana de exportação dos recursos minerais”, disse John White.
Esta preocupação é expressa numa altura em que as principais multinacionais de exploração de carvão no País, nomeadamente a Rio Tinto e a Vale, anunciaram a paralisação das actividades devido ao corte da via-férrea de Sena, a mais importante via de escoamento de carvão de Tete para o porto da Beira. Grandes prejuízos económicos estão a ser acumulados e o Governo está a ser acusado nos bastidores internacionais como sendo extremamente corrupto e mais preocupado com os rendimentos dos seus mais altos dignitários do que com soluções que permitam o País sair rapidamente do estado de grande miséria em que se encontra a maioria esmagadora dos cidadãos moçambicanos.
Apesar das deficiências de exportação, no cômputo geral o BM (WB) entende que os recursos minerais acabarão por deixar Moçambique num bom caminho.
John Whitehead salientou ainda que a agricultura não deve ser secundarizada na economia. (André Mulungo)
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