Frenesim dos recursos minerais atinge “ponto de ebulição”
Maputo
(Canalmoz) – Aconteceu na passada sexta-feira um episódio caricato.
Representantes de organizações da sociedade civil – depois de terem
ocupado seus lugares na sala onde estava agendada a “Auscultação Pública
sobre a Revisão da Política e Estratégia de Recursos Minerais”,
dirigida pelo vice-ministro dos Recursos Minerais, Abdul Razak –
decidiram abandonar a sala enquanto o encontro decorria, deixando o
vice-ministro e funcionários do seu ministério a discutirem a sós.
“Informalidade
na convocação da reunião, secretismo no assunto em debate, falta de
tempo para uma discussão profunda”, entre outros pontos, foram apontados
por Adriano Nuvunga, director do Centro de Integridade Pública (CIP) e
porta-voz da sociedade civil no evento, como as causas do abandono do
debate.
Na
verdade, o Governo moçambicano tem sido acusado de arrogância e de uma
governação não inclusiva, ou seja, não conta com os préstimos da
sociedade civil, muito menos da oposição para tomar decisões da vida do
País. A Renamo, o maior partido da oposição, tem vindo sucessivamente a
abandonar sessões de debate parlamentar por alegar que as suas posições
não são ouvidas nem consideradas pela bancada do partido governamental.
Agora é a sociedade civil que decide abandonar uma sessão convocada pelo
Governo para debater assunto de grande interesse nacional.
Será
o prenúncio da crise nas relações entre o Governo e a sociedade civil
ou apenas a “ponta de iceberg” de relações nada compreensivas entre o
executivo e a sociedade civil? Seja como for, a situação revela-se
preocupante.
Convites informais
O
encontro em causa estava agendado para a manhã (9 horas) da passada
sexta-feira numa estância hoteleira da capital. Como dissemos, visava
promover debate público em torno da gestão dos recursos minerais no
País, auscultando a sociedade civil que tem feito trabalho muito notável
neste aspecto. Só que “pouquíssimas organizações da sociedade civil
tiveram acesso à informação da realização do evento”, começou por dizer
Nuvunga.
Seja
como for, algumas organizações se fizeram presentes ao local do evento e
minutos depois do início do evento abandonaram a sala, em protesto.
“O
convite a que se teve acesso indica que se tratava duma auscultação
pública, mas o MIREM (Ministério dos Recursos Minerais e Energia) não
observou o requisito público do evento, nomeadamente a convocação do
público através dos meios de comunicação social, em conformidade com a
Lei”, disse Nuvunga ao Canalmoz.