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VOA News: África

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Queixa-crime do MDM contra CNE está a mexer


 Vogal Ezequiel Molde Gusse poderá vir a ser acusado pela PGR
 A queixa-crime que o MDM interpôs na Procuradoria Geral da República (PGR) está a andar e um vogal da CNE poderá vir a ser convertido em bode expiatório da “cabala” de que se queixa o Movimento Democrático de Moçambique. O director do Gabinete do Presidente da CNE, e o próprio presidente João Leopoldo da Costa, poderão ser ilibados e o vogal, não. Pelas informações de que dispomos, na PGR estão a tentar culpar um vogal indicado pela Renamo-União Eleitoral, Ezequiel Molde Gusse, para ilibar o presidente da CNE, João Leopoldo da Costa e o director do Gabinete do Presidente da CNE, estes dois beneficiando de aparente protecção do partido no poder – a Frelimo.
As nossas fontes admitem que Gusse vai ser transformado em vítima para fazer crer que a “cabala” contra o MDM foi orquestrada pela Renamo e Afonso Dhlakama, por o presidente do MDM, Daviz Simango, ter sido expulso da Renamo.
Por ter a convicção de que foi vítima de uma “cabala” na Comissão Nacional de Eleições (CNE) para deliberadamente o excluírem das eleições legislativas em nove (9) círculos eleitorais, o MDM apresentou queixa-crime na PGR, no passado dia 12 do corrente mês. Não está parada numa gaveta. O Canalmoz tem informações que confirmam que está a ser feito trabalho para apurar se realmente houve crime. E, pelo que sabemos, já se concluiu que de facto houve crime. Agora está por saber se a PGR vai acusar alguém ou se vai mandar arquivar o processo alegando falta de matéria.
Na PGR está a emergir a ideia de que a instituição CNE não poderá seguramente ser acusada. As instituições não comentem crimes, os seus agentes, sim. É esta a argumentação que está a emergir. Terá de haver culpado(s). Um indivíduo ou mais. E quanto a culpado(s) está-se a forjar um que objectivamente poderá vir a ser convertido em responsável pelo desvio de documentos respeitantes às candidaturas do MDM.
No entanto, aconteça o que acontecer já não haverá como impedir que as eleições se realizem sem a participação do MDM em 9 dos 13 círculos em que se votará para as legislativas. Mas também não foi essa a intenção do MDM quando interpôs a queixa-crime.


O membro do MDM, Barnabé Nkomo, foi encarregado de depositar a queixa-crime na PGR, a 12 do corrente mês,
Barnabé Lucas Nkomo, autor do livro “Uria Simango – um Homem, uma Causa”, explicou na altura que a queixa do seu partido não é mais um recurso que visa fazer readmitir as listas do MDM, que foram excluídas pela CNE.
“Nós estamos preocupados com a legalidade e não com os prazos do processo eleitoral”, disse Barnabé Lucas Nkomo, em resposta à pergunta dos jornalistas que queriam saber se a queixa visava ainda a readmissão do partido nos 9 círculos eleitorais das Legislativas, de que foi excluído de concorrer.
“Para o MDM houve desvio de processos na CNE depois do meu partido ter interposto a documentação a 29 de Julho”. “Nós continuamos a dizer que houve desvio dos nossos processos na CNE”.
Nkomo disse ainda que o MDM foi vítima de um “crime público” relacionado com o alegado extravio de documentos respeitantes às candidaturas que submeteu à CNE, às 15h20 do 29 de Julho último.
Como se sabe o MDM foi excluído das eleições legislativas por alegada insuficiência de documentos dos candidatos propostos. Reclamou ao Conselho Constitucional tendo este órgão dado a reclamação como improcedente através do Acórdão 09/CC/2009, de 28 de Setembro.
O MDM exibiu, a 29 de Setembro, em conferência de Imprensa no Hotel VIP, em Maputo, a prova da entrega de todos os documentos na CNE, a 29 de Julho de 2009. Exibiu ainda a Notificação 90/CNE/2009, de 10 de Agosto, em que a CNE admite ter em seu poder todos os documentos dos candidatos do MDM, excepto nos casos com irregularidades, casos esses que descrimina na notificação.
No Acórdão 09/CC/2009, de 28 de Setembro, o Conselho Constitucional “chumba” a reclamação que o MDM lhe submeteu. Mas para ancorar a sua decisão refere ter recebido um Ofício da CNE (47/CNE/2009, de 17 de Setembro) em que este órgão alega que o MDM, desde o início do processo de registo de candidaturas, a 29 de Julho, não entregou todo o expediente exigido por lei.
Quem recebeu, na CNE, todo o expediente eleitoral do MDM, a 29 de Julho último, foi o vogal Ezequiel Molde Gusse. Foi ele que assinou o recibo da CNE passado ao MDM, confirmando a recepção de todo o expediente.
No Ofício 47, no entanto a CNE admite que faltam muitos documentos no dossier eleitoral do MDM para as Legislativas. Mas através da Notificação 90/CNE/2009, de 10 de Agosto, assinada pelo director do Gabinete do Presidente da CNE, este mesmo órgão eleitoral admitia que estavam em seu poder muitos documentos que depois a 17 de Setembro (Ofício 47) a própria Comissão Nacional de Eleições admite já estarem em falta. E sendo que de facto, entre 10 de Agosto e 17 de Setembro desapareceram documentos do MDM, terá sido por alguma razão fora do alcance do MDM e da total e exclusiva responsabilidade da CNE. E é com estes fundamentos que o MDM interpõe queixa-crime contra a CNE.
Barnabé Nkomo entregou à PGR dois envelopes contendo a queixa-crime e todos os documentos entregues à CNE a 29 de Julho, aquando da entrega das candidaturas do MDM para participar nas eleições de 28 do corrente mês. Entregou ainda cópia do Acórdão 09/CC/2009, do Conselho Constitucional, o mesmo que chumbou o recurso do MDM.
Daviz Simango disse no Hotel VIP, aquando da reacção oficial do MDM, após a decisão do Conselho Constitucional, que o Acórdão 09/CC/2009 se baseou unicamente nos mapas internos de controlo da CNE, ignorando os documentos entregues pelo seu partido.
“Não se pode perceber como é que, num círculo eleitoral como Nampula, por exemplo, onde tivemos 21 suplentes, o acórdão fala de falta de candidatos. É estranho, como faltam candidatos efectivos, se tínhamos suplentes”, disse Barnabé Nkomo aos jornalistas quando apresentou a queixa-crimedo MDM na PGR.
O MDM na queixa-crime à PGR, alega a discrepância entre documentos que a CNE, na Notificação 90/CNE/2009, de 10 de Agosto, admite ter em seu poder,
e depois refere que estão em falta no Ofício 47/CNE/2009, de 17 de Setembro.
No caso da Notificação, dirigida ao próprio mandatário do MDM, José Manuel de Sousa, a CNE reconhecia que tinha em seu poder todos os documentos, excepto alguns poucos – que, aliás, a própria CNE descrimina nessa notificação. Mais tarde, no Ofício, este dirigido ao Conselho Constitucional, a CNE fala de faltas de processos e outras irregularidades em número significativamente maior do que ela própria admitia que estavam em falta quando dirigiu ao MDM a Notificação 90/CNE/2009, de 10 de Agosto.
O MDM diz possuir recibo de entrega na CNE, às 15h20 do dia 29 de Julho, de todos os documentos exigidos por lei.
O que terá acontecido na CNE para desaparecerem documentos do MDM entre 10 de Agosto e 17 de Setembro últimos? Eis a questão em torno da qual irá girar o processo que a PGR está agora a tratar.
O MDM foi excluído pela CNE de concorrer às legislativas em Gaza, Maputo-província, Manica, Tete, Zambézia, Nampula, Cabo Delgado, e nos círculos da diáspora: “África” e “Europa e Resto do Mundo”.
O MDM só foi admitido a participar nos círculos eleitorais de Maputo-Cidade, Inhambane, Sofala e Niassa.

Não há acusados mas já há um nome na mira Embora ainda não haja acusado(s), o Canalmoz sabe que Ezequiel Molde Gusse, vogal da Comissão Nacional de Eleições (CNE) poderá vir a ser convertido na grande vítima do processo de exclusão do MDM e que suscitou a queixa-crime interposta pelo Partido liderado por Daviz Simango na Procuradoria Geral da República (PGR), a 12 do corrente mês.
O director do Gabinete do Presidente da CNE que assinou a notificação 90/CNE/2009, de 10 de Agosto e o próprio presidente da CNE, João Leopoldo da Costa, que assinou o Ofício 47/CNE/2009, de 17 de Setembro, não estão livres de virem a ser acusados, mas tudo faz crer, neste momento, que o regime está a tentar ilibar este para fazer de Ezequiel Molde Gusse a vítima do processo-crime.
O Canalmoz sabe que se está, para já, a preparar a prossecução do vogal Ezequiel Molde Gusse. Sabe ainda que ainda não foi feita nenhuma peritagem nas instalações da CNE para apurar factos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Domingo ataca observadores por fazerem bom trabalho


Num ataque sem precedentes à missão de observadores da União Europeia, o jornal Domingo afirmou ontem que os observadores da UE ”violaram as normas estabelecidas”. Mas um dos exemplos que dão é quase a descrição de qualquer anual sobre observadores fazendo bom trabalho. E a sua outra afirmação é rejeitada pela UE e por jornalistas no terreno como sendo simplesmente mentira.

O Domingo relata que os observadores da UE Rumiana Decheva e Eduardo Salvador in Lichinga “visitaram as sedes dos partidos políticos, com destaque para a Renamo (no dia 5 de Outubro), MDM (no dia 6 de Outubro) e Frelimo (no dia 7 de Outubro). Nessas visitas fizeram várias perguntas aos respectivos dirigentes, tais como (i) o nível de organização do partido; (ii) a sua representação na CNE e no STAE; (iii) se formaram pessoal para membros de mesa; (iv) se têm membros suficientes para cobrir todas as mesas; (v) se registaram escaramuças e há casos nas autoridades, entre outras.”
Isto é o exemplo de como os observadores devem actuar. Os observadores são treinados para fazerem contactos com partidos e convidarem-nos a fazer comentários ou queixas. Eles visitaram os três partidos, fizeram a todos as mesmas perguntas (mostrando não terem favoritismo), perguntaram sobre como estavam preparados para fazer a monitoria das eleições, e deram-lhes a oportunidade de reportar qualquer violação dos procedimentos e da lei eleitoral.
A segunda alegação do Domingo é muito mais grave. Diz que os observadores da UE Sten Gurrick e Carl Olle Blomberg num Toyota Hilux branco, matrícula 666-SCM, acompanhados de uma equipa da RTP, “escoltaram” Daviz Simango de Maputo para Xai-Xai no dia 5 de Outubro, e nos dois dias seguintes passaram todo o seu tempo com Daviz.
Mas a AIM reporta que embora estejam correctos os nomes dos observadores e a matrícula do carro, Gurrick e Blomberg chegaram a Xai-Xai no dia anterior, e dormiram lá a noite de 4 de Outubro. Os dias seguintes passaram-nos a tratar das comunicações e outras exigências e não assistiram a nenhum evento do MDM até sexta-feira dia 9 de Outubro.
A UE acrescenta que quando foram informados de que Daviz Simango estava a mobilizar votos num mercado de Xai-Xai, na segunda feira dia 5 de Outubro, os observadores foram assistir mas chegaram demasiado tarde. O nosso jornalista Carlos Mula confirma que viu dois observadores nesse dia no Mercado Central, mas à hora a que chegaram Daviz já tinha partido porque membros da Frelimo tinham trancado a porta do mercado e impedido Daviz de entrar.
O nosso jornalista no Xai-Xai confirma que os observadores da UE foram vistos sentados num comício onde falava Daviz Simango, mas não se imiscuiu com Deviz ou com o MDM durante o comício. A AIM falou a dois repórteres moçambicanos que cobriam a campanha de Simango e eles não viram nenhuma viatura dos observadores da UE acompanhando o cortejo de Simango.
Uma terceira alegação é esquisita. O Domingo acusa Hendreyes Son, o proprietário holandês da companhia de segurança Bassopa, de se envolver “subtilmente, na distribuição de material de campanha da Renamo na cidade de Maputo.” Acusam-no também de ter tido ligações à CIA nos finais dos anos 1970s e de ter tomado parte no ataque da África do Sul ao ANC em Maputo durante a guerra nos anos 1980s – acusações muito graves que nunca foram feitas antes e que parecem não ter fundamento. Mas são igualmente irrelevantes uma vez que Son não tem ligações conhecidas com a missão de observação da UE.

Frelimo caça voto dos professores com promessas de salários na hora


Manica (Canalmoz) - No último sábado, o governador de Manica, Maurício Vieira, na qualidade de candidato a deputado da Assembleia da República, reuniu-se com todos os docentes das diferentes categorias a exercerem em Chimoio, para pedir votos, e a certa altura começou a prometer-lhes o pagamento de horas-extras e salários a tempo e horas, como trunfo. Os professores sempre se queixaram de salários em atraso e de que não lhes são pagas horas extras.
“Meus caros colegas e funcionários de Estado, vamos todos votar no dia 28 de Outubro corrente, e votemos no partido Frelimo e no seu candidato à presidência da República, por que estes prometem e cumprem”, disse Vieira, tendo acrescentado que “há dois anos que professores não tinham os seus ordenados, mas agora até é pago antes do fim do mês, isto para mostrarmos a todos vocês que a Frelimo está a trabalhar”.

Mais 15 milhões alocados para o pagamento dos professores

O pagamento de horas-extra estava atrasado há dois anos. Foram pagas a semana passada. Foram desembolsados 7 milhões de meticais para o efeito.
E em plena campanha eleitoral, o governo provincial de Manica voltou a gastar ainda esta semana, mais de 15 milhões de meticais, para o pagamento de ordenados atrasados há bastante tempo. Em particular estavam atrasados os pagamentos dos salários de professores contratados nos distritos da província.
As dívidas aos professores foram justificadas pelo governador de Manica. Disse que as mesmas resultaram dos constantes rombos financeiros, que abalaram os sectores da Educação e das Finanças, nesta província, o que levou à cadeia, pelo menos 7 funcionários ainda por julgar.
Agora, em vésperas de eleições, o governador de Manica diz que o governo está a envidar esforços no sentido de conseguir pagar todas as dívidas que o sector da educação tem com os professores.
“Nós estamos a trabalhar arduamente no sentido de pagar todos os ordenados em falta para os nossos funcionários de Educação e Cultura, em Manica”, disse Vieira, que acrescentou: “vamos pagar a tempo e hora todas dívidas que temos com professores de Manica”. Como se está em momento eleitoral já se comenta a autêntica chucha dada aos docentes em troca da garantia do voto. Se vai ou não funcionar só nas urnas se verá.
Ainda no fim-de-semana, o chefe da brigada provincial da Frelimo, em Manica, Maurício Vieira, teve um encontro com estudantes universitários na província, no Centro Cultural do Instituto Superior e Politécnico de Manica (ISPM). O encontro foi para lhes pedir o voto. (José Jeco)

Aposta do MDM é levar Daviz Simango à Ponta Vermelha

Depois da exclusão nas legislativas em 9 círculos eleitorais

Maputo (Canalmoz) – A menos de uma semana para o término da campanha eleitoral, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) está a intensificar a sua agenda de caça ao voto a nível da província de Maputo de onde a CNE o excluiu para as legislativas. Com a lista excluída neste círculo eleitoral, a grande aposta dos membros do MDM, segundo o delegado político na província que tem como capital a cidade da Matola, é levar o seu presidente, engenheiro Daviz Simango, à Presidência da República.
Ontem, o partido de Daviz Simango escalou o Bairro da Liberdade, no Município da Matola. Numa acção de grande envergadura desencadeada por grupos de jovens, cantando e distribuindo panfletos ao longo da trajectória, desde a sede do partido, no Bairro da Machava-Sede, até chegar ao Bairro da Liberdade, fez campanha porta-a-porta, mantendo, contactos interpessoais.
Falando à nossa reportagem, Armando Mahumana, delegado político provincial do MDM na Província de Maputo, disse que “a maior aposta dos membros e simpatizantes desta formação política é levar o candidato Daviz Simango a obter a vitória nas próximas eleições do próximo dia 28”.
Esta aposta, segundo Mahumane, “está iminente, devido à notável vontade dos eleitores, de apoiar o presidente do MDM”.

Preferências pelos bairros suburbanos

As constatações feitas durante a cobertura da campanha desta formação politica, revelam que este partido tem escalado na maioria das vezes, os bairros suburbanos, mas sem realizar showmícios. Questionado sobre esta estratégia, Mahumana começou por dizer: “o nosso partido tem consciência das dificuldades das populações desses bairros, uma vez que os políticos se esquecem destes bairros. E além disso, nós precisamos de fazer mudanças nos bairros suburbanos, transformando-os em urbanos”. Mahumana acrescentou que caso o candidato Daviz Simango ganhe as eleições presidenciais, “a aposta será na melhoria dos bairros suburbanos, transformando-os em cidades satélites, ou seja, o MDM quer expandir as cidades até estes pontos”.
Quanto a não realização de showmícios, a fonte disse “nós não queremos votos em troca de um show que nada pode valer para o povo, mas sim queremos pedir o voto em troca da confiança que o povo deve depositar no nosso candidato”.
Falando seguramente, Armando Mahumana disse que “a vitória do MDM está garantida, dado que o nível de aderência dos cidadãos é extremamente elevado a cada dia que a campanha porta-a-porta é levada a cabo”.
O delegado político do MDM na província de Maputo, entretanto, evidenciou a participação da juventude nesta formação politica. Chamou à atenção para o facto das suas caravanas serem compostas, principalmente por jovens.

(António Frades)

As fatias do bolo

A talhe de foice

Por Machado da Graça

Nesta fase da campanha eleitoral há um aspecto que me parece bastante interessante: Sempre que um elemento da oposição está a apresentar as suas promessas eleitorais há logo alguém, seja o entrevistador, sejam os comen­tadores, que perguntam onde irá ele buscar dinheiro para cumprir essas promessas, num país pobre como o nosso.

Mas o mais curioso é que, quando se trata de um candidato ou apoiante da Frelimo já ninguém se lembra de fazer a mesma pergunta. Dá a impressão que as pessoas acham que a Frelimo terá dinheiro para todos os seus projectos mas a oposição, caso chegue ao poder, não terá.

Ora, isto é, obviamente, um enorme erro.

Seja qual for o partido que ganhe as eleições presidenciais e, portanto, constitua Governo, terá exactamente o mesmo dinheiro para usar, isto é, os nossos impostos e o apoio da comunidade internacional.

O bolo será o mesmo, seja qual for o vencedor. A diferença estará na forma como ele será cortado e distribuído. Estará no tamanho das fatias que serão dadas a cada uma das áreas.

E é aí que se podem verificar as diferenças. Uns partidos poderão dar fatias maiores à Educação e Saúde e menores às estradas e abastecimento de energia. Outros cortarão maiores fatias para o apoio ao empresariado e menores para a Assistência Social. E por aí adiante.

É ao elaborar o Orçamento Geral do Estado para cada ano que o tamanho das fatias é decidido e, portanto, uma cuidadosa análise do OGE pode-nos dar uma ideia sobre quais são as prioridades do executivo, quem ele quer beneficiar e quem prefere deixar com quantias marginais. Quais os objectivos que merecem mais consideração (e dinheiro) e quais os que merecem menos (consideração e, logo, dinheiro).

E vem a propósito referir uma informação que o Ministro da Ciência e Tecnologia deu há dias, em Genebra, na Suíça, de acordo com o boletim Moçambique Hoje.

Disse aquele dirigente que o nosso país está a trabalhar para criar a sua própria Agência Espacial.

Ora, pese embora a estima pessoal que tenho pelo Ministro Venâncio Massingue, não posso deixar de pensar que esse projecto é uma extravagância absolutamente inconcebível no nosso país.

Ir ao bolo do OGE cortar uma fatia para uma Agência Espacial é uma coisa que não consigo aceitar. Não há nada que essa Agência nos possa dar que não possamos conseguir, gratuitamente ou quase, dos nossos parceiros mais desenvol­vidos.

Isto para não falar de estádios nacionais e outras despesas desnecessárias e de ostentação que seria fastidioso estar aqui a enumerar.

Portanto, fazer política é, em grande parte, fazer a definição dos critérios na divisão do bolo do OGE. Sabendo sempre que, se queremos que a manta tape os pés, muito provavelmente ela vai destapar a cabeça, ou vice-versa.

E essa será a principal tarefa do Governo que será formado pelo Presidente da República que for eleito no próximo dia 28.

Tendo já a garantia, dada pelo general Chipande, de que o novo Governo será da Frelimo.

Na verdade, de acordo com o boletim Moçambique Hoje, Chipande terá declarado em Sofala:

Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira! Nem com as eleições nem com a dita democracia, ninguém nos tira!

Ora, quem fala assim não é gago. Nem tem papas na língua.

É a mesma franqueza com que nos brindou a respeito da ligação entre a luta armada no passado e a riqueza no presente.

É o que vale haver gente que não anda aqui para enganar ninguém.

O bom do general só não nos revelou de que forma pensa manter o poder no caso de, de facto, as eleições e a democracia ditarem a vitória de um dos outros dois candidatos.

Será que o leitor quer fazer um prognóstico?

PS – Recebi do Sr. João Carlos Cruz uma carta em que critica as posições que tenho tomado nas minhas crónicas mais recentes.

Carta correcta e bem documentada (nomeadamente sobre a situação na Beira) que muito lhe agradeço.

Na verdade eu baseio-me, para as minhas crónicas, na informação que recebo de uma grande variedade de fontes, umas mais credíveis e outras menos, de acordo com critérios que fui definindo ao longo dos anos.

Apesar disso, admito perfeitamente que possa fazer juízos de valor errados e até mesmo injustos.

Mais uma vez muito obrigado.

SAVANA – 16.10.2009

Produção de material eleitoral e transparência

EDITORIAL

Corremos sempre o risco de sermos acusados de estar ao serviço de potências estrangeiras cujo objectivo é desacreditar as instituições moçambicanas e provocar a instabilidade no país. Mas, perante certas coisas, pedimos a vossa indulgência para que nos deixem manifestar a nossa profunda indignação e repúdio.

O artigo publicado na página dois desta edição conta uma história macabra, de coisas que só podem acontecer em países onde a observância de boas práticas, a transparência e a ética na gestão de assuntos públicos são conceitos totalmente alheios. Onde a promiscuidade entre a elite política no poder e os interesses económicos reina à francesa.

Ouvimos no outro dia o presidente da tão desacreditada Comissão Nacional de Eleições (CNE), Leopoldo da Costa, a afirmar que o material para o acto de votação nas eleições do dia 28 deste mês está a ser impresso na África do Sul, sob supervisão de uma equipa da comissão que dirige.

A afirmação parece tão inocente, e que a impressão do material na África do Sul é apenas uma questão técnica, que se deve à ausência de condições idênticas no país. Mas uma pequena investigação revela que de facto, a impressão na África do Sul não foi encomendada pela CNE, mas sim por um consórcio envolvendo o Grupo Académica e a SOTUX.

No que diz respeito ao software a ser utilizado para a contagem dos votos, sabe-se que este será concebido pela Lab Soft Lda, uma empresa que da investigação feita pelo SAVANA não consta em nenhum Boletim da República.

Também não consta que algum concurso público tenha sido realizado para o apuramento destas empresas, ou qualquer informação sobre outras empresas que tenham submetido as suas propostas.

Por coincidência (acidental ou propositada), o Grupo Académica é dirigido por Mohammed Rafique, destacado membro do comité central da Frelimo, e que se sabe que partilha outros interesses empresariais com alguns dos candidatos nestas eleições.

Por seu turno, a SOTUX é dirigida por Álvaro Massinga, antigo membro do Conselho Fiscal do delapidado Banco Austral, onde à altura da falência do banco, ele devia pessoalmente 650 mil dólares, enquanto que a SOTUX devia 383 mil dólares. Em 2008, Álvaro Massinga foi ouvido pela Procuradoria Geral da República como parte das investigações em curso sobre a morte de António Siba-Siba Macuácua, que havia sido nomeado pelo Banco de Moçambique para administrar a liquidação do Banco Austral.

Não se pode impedir que moçambicanos com posições de destaque na esfera pública ou filiados em partidos políticos tenham interesses empresariais. Contudo, quando tais interesses extravasam para aquilo que é do interesse público, todos temos o direito de ser informados dos passos que tiverem sido tomados para garantir que o processo fosse conduzido de uma forma cristalinamente transparente.

Muito provavelmente a CNE (ou o STAE) teria procurado a aquisição destes materiais ou serviços directamente da África do Sul, eliminando assim os custos de intermediação e poupando o dinheiro do povo.

Com este tipo de cruzamento de interesses haverá ainda mais alguma coisa por saber que já não se saiba?

SAVANA – 16.10.2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Daviz Simango recebe apoio de 26 partidos da oposição


“Daviz Simango é o candidato da esperança, o candidato batalhador, o candidato da juventude, que percorre todo o país a pé e de carro, enquanto os outros andam a sobrevoar os problemas do povo, gastando em aluguer de helicópteros, avultadas somas de dinheiro, que tanta falta fazem ao povo moçambicano" – Francisco Campira, representante dos 26 partidos “A Renamo não vê problema em um partido da oposição apoiar o outro da oposição, pois isto fortifica a democracia, numa altura que se tenta asfixia-la, numa tentativa de retorno ao sistema de partido único O mau e perigoso é formar supostos partidos da para combater a verdadeira oposição” – refere Fernando Mazanga, porta-voz da Renamo


Maputo (Canalmoz) – Um grupo de 26 partidos e coligações políticas, excluídos parcial ou totalmente da corrida eleitoral de 28 de Outubro próximo pela CNE, convocou ontem a imprensa para anunciar, de forma aberta, o seu apoio incondicional ao candidato presidencial, engenheiro Daviz Mbepo Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Na conferência de imprensa, o representante dos partidos excluídos, que também é presidente do PASOMO, Francisco Campira, disse que o apoio a Daviz Simango não se estende ao seu partido MDM, pois cada presidente ficará na direcção das actividades dos seus partidos, mas pelo conteúdo do seu manifesto, e o carácter do líder do MDM, estes partidos políticos decidiram dar-lhe apoio incondicional. Campira disse que a decisão tomada por aquele grupo de partidos extra-parlamentares, tem em vista manifestar a sua recusa em ver este País multipartidário a ser empurrado para um sistema monopartidário, que outrora foi liderado pela Frelimo, segundo ele “de muito triste memória, ainda bem fresca”. Mais de 3 milhões apoiam Daviz Com essa aliança ao candidato do MDM, “serão mobilizados para apoiar Daviz Simango, mais de 40 mil candidatos que anteriormente estavam inscritos na CNE, e três milhões de membros”, segundo estimativas destes partidos. No dia 28 do corrente mês, sensivelmente daqui a duas semanas, realizam-se simultaneamente as 3 eleições: Presidenciais, Legislativas e Provinciais. Às presidenciais concorrem 3 candidatos: Daviz Simango, presidente do MDM e actual presidente do Município da Beira, a segunda maior cidade do País; Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, e o actual chefe de Estado e presidente da Frelimo, Armando Guebuza.
Ontem (dia 14-10-2009) declararam apoio a Daviz Simango, o mais jovem candidato, os seguintes partidos: CDU, PARENA, PAREDE, PASOMO, PACODE, PASDI, PSDM, PARTONAMO, PUMILD, PUPI, MPD, PANAOC, PRDS, SOL, UNAMO, PANADE, Coligação UD, UMI, FL, PCD, UM, PAZs, PRD, UDF, PRD, e PEMO. É uma decisão consciente Questionado se a sua decisão teria a ver com o facto de três dos partidos que se pressupunha serem da oposição já terem anunciado apoiar, também de forma incondicional, o presidente da Frelimo, Armando Guebuza, Campira respondeu nos seguintes termos: “a nossa decisão não é influenciada pela mudança de alguns partidos em apoio a Guebuza. É uma decisão consciente e não fomos influenciados por ninguém.” Porquê aposta em Daviz?
De acordo com Campira, o apoio a Daviz Simango surge “após uma análise profunda ao actual cenário político democrático do País caracterizado pela hegemonia, intolerância e exclusão políticas protagonizadas pelos dois maiores partidos nacionais”, a Frelimo e a Renamo. “Decidimos que a nossa melhor resposta e contribuição para a continuação da democracia multipartidária em Moçambique é apoiarmos de forma aberta e incondicional, a candidatura presidencial do engenheiro Daviz Mbepo Simango”. As razões apontadas para apoio a candidatura de Simango foram muitas. Destaca-se, segundo anunciou aquele grupo de partidos, o facto de, entre os três candidatos a presidência da República, “ser apenas Daviz Simango que inspira esperança para a juventude, que garante um Moçambique verdadeiramente inclusivo, um Moçambique para todos e não para alguns, como acontece hoje em dia”. Renamo encara apoio a Daviz com naturalidade Procuramos ouvir o maior partido da oposição, sobre o que tem a dizer sobre o apoio ao candidato do MDM. Fernando Mazanga, porta-voz deste partido, congratulou-se com a decisão deste partidos, que até a considerou “sábia”.
“A Renamo não vê problema em um partido da oposição apoiar o outro, pois isto fortifica a própria democracia, numa altura que se tenta asfixia-la, numa tentativa de retorno ao sistema de partido único” disse Mazanga acrescentando que “o mau e perigoso é formar supostos partidos da para combater a verdadeira oposição”.
(Borges Nhamirre Matias Guente)

CNE e CC terão outro processo na PGR

- afirma o presidente do Partido Unido de Moçambique e da Liberdade Democrática (PUMILD), Leonardo Francisco Cumbe, que excluído que foi ele e o seu partido, agora faz ainda apelo ao voto em Afonso Dhlakama nas Presidenciais

Maputo (Canalmoz) - O presidente do Partido Unido de Moçambique e da Liberdade Democrática (PUMILD), Leonardo Francisco Cumbe, cuja formação política foi excluída à corrida das eleições de 28 de Outubro próximo, inconformado com a decisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e depois com a do Conselho Constitucional à reclamação que interpôs, veio à nossa Redacção afirmar que caso a CNE e o Conselho Constitucional não indemnizarem aquela organização, pelos danos morais e financeiros causados pelo não apuramento às presidenciais e legislativas, irá, o seu partido, apresentar uma queixa à Procuradoria Geral da República (PGR).
Segundo ele, o PUMILD apresentou à CNE a sua candidatura para concorrer às presidenciais e a todos os círculos eleitorais para a eleição de deputados à Assembleia da República.
“As alegações apresentadas para a nossa exclusão são falsas. Alega-se que os nossos candidatos não possuem Bilhetes de Identidade e Registos Criminais. Isto é tudo falso porque os nossos candidatos possuem esses documentos e podemos provar”, disse esta fonte ao Canalmoz, e acrescentou: “Conseguimos suprir todas as irregularidades dentro do prazo estabelecido, que era de cinco dias. No meu caso, fui rejeitado como candidato à presidência da República. Isto é injusto. Apresentei uma lista de cerca de 14 mil apoiantes, o que é suficiente para a minha qualificação”, disse a nossa fonte acrescentando que o máximo exigido, por lei, era de dez mil apoiantes.
“ O Conselho Constitucional alega, ainda, nas suas falsas justificações que as assinaturas dos 14 mil apoiantes, em que nalguns eram candidatos à deputados da Assembleia da República são falsas. Isto é uma aberração por ser uma mentira para os moçambicanos e para o mundo em geral e em particular para os doadores que disponibilizaram cerca de 50 mil meticais”, disse Leonardo Francisco Cumbe, visivelmente agastado. Este disse ainda que será dentro da sua razão que o PUMILD exigirá às instâncias competentes Justiça.
“Temos todas as condições reunidas para os nossos candidatos às legislativas concorrerem em todos os círculos eleitorais e eu também nas presidenciais. Havemos de exigir cerca de 700 mil meticais da indemnização. O dinheiro que gastamos para fazer deslocar as nossas comissões para as províncias provém de dívidas contraídas a terceiros que querem vê-las restituídas”, disse Cumbe, apontando que muitas das candidaturas rejeitadas são das várias províncias do País.
A mesma fonte considera a decisão de exclusão do seu partido como “brutal”, “inconsistente” e diz que “neste processo o Governo, através de Armando Guebuza, actual Chefe de Estado, devia intervir, pois muitos partidos foram injustiçados pela Comissão Nacional de Eleições e Conselho Constitucional”.
A terminar o presidente do Partido Unido de Moçambique e da Liberdade Democrática (PUMILD), Leonardo Francisco Cumbe afirma: “por estarmos fora do processo, nós estamos agora a apelar o nosso eleitorado para que no acto da votação optem ao candidato às presidenciais do partido Renamo, Afonso Dhlakama”.

(Alexandre Luís)

Recados dos Estados Unidos da América

“Verdadeira paz e estabilidade vêm de instituições democráticas fortes”

- Todd Chapman, encarregado de Negócios da Embaixada americana em Moçambique

“Apenas a governação democrática forte e sustentável providenciará a longo prazo a estabilidade e a legitimidade essencial exigida e que os cidadãos moçambicanos merecem.” “Ansiamos por um tempo em que todos moçambicanos tenham a liberdade de andar pela sua terra sem medo.” “Não se trata apenas de realizar eleições, mas também se trata do que acontece entre eleições” “A repressão pode assumir muitas formas, e demasiadas nações, mesmo aquelas que realizam eleições, são atormentadas por problemas que condenam os seus povos à pobreza.”

Maputo (Canalmoz) — O encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos da América em Maputo, Todd Chapman, o número um desta representação diplomática desde que Guebuza está na chefia do Estado, defendeu ontem, em Maputo, que a paz e a estabilidade, não se conseguem apenas com a ausência da guerra ou ausência do medo de encontrar uma mina terrestre num campo, mas, sim, através de instituições democráticas fortes, processos governamentais transparentes e sociedades civis fortes.
“A verdadeira paz e estabilidade, são fruto de instituições democráticas fortes, processos governamentais transparentes e sociedades civis fortes”, disse Chapman em declarações na Matola Gare, província de Maputo, numa cerimónia que serviu para anunciar o apoio com dois milhões de dólares dos Estados Unidos, ao processo de desminagem nas províncias de Maputo, Manica e Tete.
Segundo o mais alto representante diplomático do Governo americano em Moçambique, “para o povo de Moçambique, a simples reconstrução física, não vai levar Moçambique a uma nova era de prosperidade”. Acrescentou que “apenas a governação democrática forte e sustentável providenciará a longo prazo a estabilidade e a legitimidade essencial exigida e que os cidadãos moçambicanos merecem”.

Povo deve ter a liberdade de andar na sua terra sem medo

Ainda de acordo com o encarregado de negócios da Embaixada norte-americana, os Estados Unidos, “apoiam as aspirações dos moçambicanos, que desejam transformar a sua esperança de um Moçambique mais pacífico, mais estável e mais democrático, numa realidade”.
“Especialmente durante esta época eleitoral tão importante, o Governo dos Estados Unidos reafirma o seu apoio ao povo moçambicano e, ao esforço para livrar o país da praga que são as minas terrestre”, afirmou, ajuntando que “ansiamos por um tempo em que todos moçambicanos tenham a liberdade de andar pela sua terra sem medo”.

É preciso respeitar a vontade do povo

Citando o presidente americano, Barack Obama, num dos seus discursos feitos recentemente em Ghana, Chapman defendeu que “cada nação dá vida à democracia da sua maneira, mas a história oferece um veredicto claro, que é os governos respeitarem a vontade do seu povo, governarem pelo consentimento e não pela coerção”.
“Os governos que respeita a vontade do seu povo, que governam pelo consentimento e não pela coerção, são mais prósperos, são mais estáveis, e mais bem sucedidos do que os governos que assim não o fazem”, advertiu Chapman ainda citando o presidente norte-americano.

Não basta realizar eleições é preciso ver o que acontece em eleições

Prosseguiu ainda, afirmando que “não se trata apenas de realizar eleições, mas também se trata do que acontece entre eleições”.
“A repressão pode assumir muitas formas, e demasiadas nações, mesmo aquelas que realizam eleições, são atormentadas por problemas que condenam os seus povos a pobreza”, sublinhou.
Ainda de acordo com Chapman na sua citação, “no século vinte e um, as instituições capazes, transparentes e nas quais se pode confiar, são a chave para o sucesso, parlamentos fortes, forças policiais honestas, juízes independentes, imprensa independente, um sector privado vibrante e uma sociedade civil, são as coisas que dão a democracia, porque isso é que importa na vida quotidiana das pessoas”.

(Elísio Carlos)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Alice Mabota revela sentido de voto perante Chissano


Por não ter recebido completo, aqui vai parte de um artigo do MAGAZINE INDEPENDENTE, a sair amanhã, dia 14.

Passou-se numa reunião de campanha do ex-Presidente Joaquim Chissano com advogados e juristas:

…….

eleitoral do seu partido preconiza a criação de instituições que velem pela separação e independência do aparelho judiciário, incluindo o envolvimento dos cidadãos na governação. Defende, igualmente, a promoção da eficiência e eficácia das instituições do Estado, bem como um aparelho judiciário célere e transparente.

Já a terminar, Joaquim Chissano disse aos juristas e advogados presentes que a Frelimo é o único partido com a visão da administração de justiça que se pretende para Moçambique. "Por isso votem na Frelimo e em Guebuza, porque teem sensibilidade dos problemas do país", pediu Chissano.

Terminado o discurso, Chissano pediu aos presentes para apresentarem as razões de eles, querendo, votarem na Frelimo e no seu candidato presidencial, como, assim havendo, quem não queira votar nos Camaradas, apresentar, igualmente, as suas razões.

Após cerca de cinco minutos de silêncio, Alice Mabota, Presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, pediu a palavra e o micro para dizer o que lhe vinha na alma.

"Vou falar aquilo que eu sinto e penso. Não pretendo escovar ou ofender a ninguém, tanto mais que admiro e respeito muito o ex-chefe do Estado", assim introduziu Mabota, para, depois, gelar a sala com as seguintes palavras: "eu não vou votar na Frelimo e em Guebuza, porque a Frelimo humilha as pessoas, pisa as pessoas. Não concordo com o ex-chefe do Estado quando diz que tudo o que temos e somos, hoje, foi a Frelimo quem o fez. Será que, mesmo se o colono continuasse até hoje, Moçambique não estaria assim? Eu fui a primeira mulher negra a ter carro no período colonial, aqui em Moçambique e não era a Frelimo a governar", explodiu.

Prosseguiu, no mesmo tom, dizendo que "o dinheiro que a Frelimo usa e tem vem dos nossos impostos, nós é que pagamos os impostos, por isso, não venham nos dizer que votem na Frelimo e em Guebuza, porque tudo o que existe e temos a Frelimo é que o fez, porque, se levarmos o mesmo dinheiro e o dermos a um outro partido, também esse pode fazer muitas coisas boas".

Sustentando as suas declarações, Alice Mabota fez saber, no entanto, que o facto de não votar na Frelimo e em Guebuza, não é sinal de que ela seja da aposição. "Com esta minha idade, não posso ser de um outro partido, senão a Frelimo, mas hão tenho o cartão de membro, já o tive, mas, agora, não o quero ter, por causa das pessoas iovens que estão a dirigir agora. Por isso, não quero ter o cartão de membro e não quero votar na Frelimo e em Guebuza! Talvez se me dissesse que o governo que a Frelimo irá formar será inclusivo, mas, mesmo issim, não quero", terminou a Presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos.

No contra ataque, o orador em serviço, Joaquim Chissano, tentou contornar o embaraço, dizendo “concordo com a doutora Alice Mabota quando diz que não vai votar na Frelimo por aquilo que fez. Eu, próprio, vou votar na Frelimo e em Guebuza, não por causa daquilo que fez, vou votar, sim, por causa daquilo que vai e pretende fazer". Mabota referiu ainda que "alguém me disse que os políticos são malabaristas e malabarismo para mim é sujeira, é crime, é corrupção. Por isso, não quero votar na Frelimo e em Guebuza".

Aliás, Chissano dissera, logo à sua chegada naquela sala, sobretudo depois de gritar viva Frelimo, viva Armando Guebuza que "eu sei que nem todos os que levantaram a mão a dizer viva o fizeram do coração; mas é normal, porque o que queria era apresentar as razões de se dever votar na Frelimo e em Guebuza".

Grupo de jovens da Frelimo junta-se ao MDM

Um grupo de 10 jovens que se dizem membros da Frelimo renunciou no sábado a sua filiação no partido no poder em Moçambique, num acto público durante o comício dirigido pelo candidato presidencial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, e que teve lugar no Pavilhão de Desportos, na cidade de Nampula, capital da província que ostenta o mesmo nome [meu destaque].

O comício era parte integrante de mais uma etapa da campanha eleitoral de Daviz Simango na sua corrida para as presidenciais de 28 Outubro corrente. Justificando a sua decisão, os jovens disseram estar insatisfeitos com a Frelimo e inspirados pelos ideais de Daviz Simango. Tomando a palavra, o primeiro orador, Sandrique João Mário, disse que quando ouviu pela primeira vez o nome de Daviz Simango começou a reflectir e buscar aquilo que ele representava.

“Nessa altura, que eu ouvi o nome de Daviz Simango, eu ainda pertencia ao partido Frelimo em 2005, onde continuei mas sempre escutando, ouvindo e me inspirando com aquilo que fazia Daviz Simango”, afirmou. Mário, que diz ser funcionário do Conselho Municipal de Nampula e membro da Frelimo desde 1 de Fevereiro, concluiu afirmando que “hoje e agora este cartão não preciso mais. Este exemplo deve ser seguido por todos, porque esta Frelimo só sabe nos usar e quando termina a missão deles já não somos nada”. Este foi o tom dos restantes jovens que, durante a ocasião, também se fizeram ao palco improvisado para se pronunciarem sobre a decisão de renunciar ao partido no poder.

Refira-se que os jovens são o principal alvo do MDM e do seu candidato Daviz Simango. “Vamos trabalhar duramente com os jovens, pois nós entendemos que os jovens têm uma oportunidade muito grande, pelo facto de hoje existir uma liderança jovem que pode olhar por eles, ao contrário daquilo que se tem defendido muito de que os jovens podem vender o país. É claro que somos jovens, temos energia, mas em nenhum momento se pode vender o país”, disse Simango, momentos após a sua chegada a Nampula. Segundo o candidato do MDM, ‘hoje todos falam que querem jovens, quando ainda recentemente as mesmas pessoas cantavam todos os dias nos jornais que os jovens vão vender o país’. “Mas hoje, como estamos em campanha procuram escovar os sapatos dos jovens”, disse Simango.

Durante o seu discurso, Simango também manifestou a sua preocupação com o facto de muitos jovens ‘passarem a vender amendoim’ após a conclusão da 12/a classe por alegada falta de oportunidades de prosseguir com os estudos. Como forma de tentar aliciar o voto da juventude, Simango prometeu na ocasião disponibilizar um por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para a habitação. “Os jovens querem casar, mas não têm dinheiro para comprar uma casa, não têm dinheiro para construir uma casa, e o MDM diz que um por cento do PIB tem que ser entregue para que os jovens possam ter credito e possam construir a sua casas. Enquanto isso, a Frelimo, na voz do seu porta-voz ao nível da cidade de Nampula, João Maurício, desvaloriza a renúncia daquele grupo de jovens.

Falando a AIM, no fim da tarde de sábado, em Nampula, Maurício disse que “essa coisa de ser membro de partido é um jogo político, muitas vezes há pessoas que chegam num partido talvez por interesse. Por isso, não creio que as pessoas que se apresentaram sejam verdadeiramente membros da Frelimo. Poderiam ser (membros da Frelimo), mas que queriam tirar um certo proveito da Frelimo”. “Essa coisa de partido e’ como um clube de futebol que tu tens no coração. Eu não renuncio de ser do Sporting apesar de o Sporting estar a perder”, exemplificou.

Sobre os argumentos apresentados por aquele grupo de jovens para renunciar ao partido no poder, Maurício refuta que alguma vez a Frelimo tenha-se aproveitado da camada juvenil. “A Frelimo nunca usou os jovens”, asseverou Maurício, para de seguida explicar “por isso, eu disse que qualquer partido e’ como um clube em que você se filia de forma voluntária. A Frelimo nunca recrutou e nunca usou alguém”. Sobre os mecanismos de adesão a Frelimo, Maurício explicou que “as pessoas analisam, vêem as realizações da Frelimo e depois afiliam-se a Frelimo. A Frelimo nunca vai a caca das pessoas, as pessoas e’ que vão a Frelimo”, concluiu.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Se as eleições presidênciais de 2009 fossem hoje

Barómetro do “Moçambique Para Todos” diz que Deviz Simango venceria.
 
Numa altura em que a máquina eleitoral do partido no poder, a Frelimo, está a todo o vapor, movimentado recursos e meios do Estado (apesar do seu desmentido) para as suas luxuosas campanhas, temos vindo a ‘espreitar’ aquelas que são as tendências de voto de milhares de moçambicanos e não só.
O  “Diário do Sociólogo” do Prof. Carlos Serra, por exemplo, mantem essa tendência vitoriosa do jovem Eng. Deviz M. Simango, na sua sondagem. Não é uma ironia, não? Veja neste elo a tendência actual da votação do “Moçambique para todos” e reproduzo abaixo o que retirei hoje (9-10-2009) a passos do pleito a 28 de Outubro de 2009. O Candidato do partido no poder tem-se invariantemente se mantido em segundo lugar e a muitos furos abaixo do primeiro preferido. 




Partidos excluídos denunciam manobras dos Ecologistas e PIMO


Os cerca de trinta partidos da Plataforma Extra-parlamentares denunciaram, anteontem, a tentativa dos Partidos Ecologistas e PIMO de influenciar os Extra-parlamentares a realizar marchas de protestos contra as decisões da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e do Conselho Constitucional(CC) de excluir integral e/ou parcialmente, os concorrentes às eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais previstas para no dia 28 de Outubro corrente, com o ganho único: a intervenção da Força de Intervenção Rápida (FIR), durante a manifestação.
Contudo, contrariando os partidos denunciados, os Extra-parlamentares optam por realizar acções diplomáticas: “está decisão é definitiva. Os partidos não vão fazer manifestação.
A Frelimo instruiu o PIMO e Ecologista para inventar a manifestação. Nós vamos fazer uma manifestação diplomática”, disse José Viana, momento depois de entregar aos representantes da União Europeia (UE) o pedido para a aplicação de sanções económicas pela EU contra o Governo moçambicano.
Por outro lado, o Presidente do partido os Verdes de Moçambique usando da palavra, recordou que a Frelimo na AR anunciou que pretendia obter 220 assentos, para a próxima legislatura e 30 para a Renamo, para depois destruir a Constituição da República)CR)”, tendo outro dirigente, ao intervir dito o seguinte: “conheço bem a Frelimo. Já está a começar a Frelimo nº1, Frelimo de Samora Machel. Guebuza está ser dirigido pelos intocáveis”.
PLATAFORMA EXTRAPARLAMENTARES
Composta por 30 Partidos políticos, a Plataforma reuniu-se a 30 de Setembro de 2009, para analisar a situação política do país e pronunciar-se particularmente sobre O PROCESSO ELEITORAL que está decorrer rumo as eleições de 28 de
Outubro de 2009, tendo decidido o seguinte: 1- A COMUNIDADE INTERNACIONAL deve a partir desta data e com rigor decretar SANÇÕES ECONÓMICAS contra o ESTADO MOÇAMBICANO, até que haja uma negociação entre o Governo da República de Moçambique e a Plataforma Territorial dos Partidos políticos extra-parlamentares com a intermediação e supervisão da comunidade internacional; 2 -Enquanto isso; deve-se formar uma COMISSÃO DO
GOVERNO DE CONCÍLIA de ambas as partes; 3 -A COMUNIDADE INTERNACIONAL não deve reconhecer as Eleições de 28 de Outubro de 2009, por estarem feridas por ordem jurídica da inconstitucionalidade; 4. -A COMUNIDADE INTERNACIONAL deve retirar imediatamente os fundos alocados ao Governo Moçambicano destinados ao processo eleitoral e das Iniciativas das Políticas Macro Económicas do Governo; 5 -A COMUNIDADE INTERNACIONAL deve manter apenas os fundos fiticiários (perdidos) para garantir o exercício normal das organizações da Sociedade Civil-OSC; 6 -A PLATAFORMA TERRITORIAL DOS PARTIDOS POLÍTICOS EXTRAPARLAMENTARES, estabelece o prazo de 15 dias a contar da data da publicação da presente decisão para resposta plausível; e 7-A não observância com rigor desta decisão, a responsabilidade das consequências recai ao PRESIDENTE DA REPÚBLICA de Moçambique, ao GOVERNO DE MOÇAMBIQUE, a COMUNIDADE INTERNACIONAL, a UNIÃO AFRICANA e a SADC”.
Recordar que a carta dos extraparlamentares fora distribuído às seguintes instituições: União Africana, Secretário Executivo da SADC, Embaixada dos Estados Unidos em Moçambique, União Europeia, Comissão Europeia, G19, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional - FMI. (Zacarias Couto)
VERTICAL – 09.10.2009

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