Editorial
Maputo (Canalmoz) - O governo do presidente Armando Guebuza, meses, anos depois de ter havido quem não se cansasse de avisar que as suas políticas anunciadas iriam levar-nos para o abismo fatal, não quis ouvir ninguém. Como sempre foi, insistiu em continuar autista! Como sempre foi, insistiu na sua habitual arrogância. Agora apareceu-nos, a semana passada, a surpreender com mais um pacote de medidas do Conselho de Ministros que coube ao ministro do Planeamento e Desenvolvimento anunciar e justificar ainda que com a boca cheia de incertezas e imprecisões, próprio de quem já não sabe o que fazer.
Mais uma vez se verifica que temos um governo que anda todos os dias a surpreender-se a ele próprio com a realidade, denotando com isso que não só anda ao contrário dos ponteiros do relógio e do calendário, como ainda não percebeu que governar é prever com grande antecipação aquilo que pode vir a acontecer, e tomar com a imperiosa antecedência medidas que embora não se venham a revelar totalmente eficientes, pelo menos não se comprovem totalmente absurdas, como tem estado, infelizmente a suceder.
Ao ponto a que as coisas chegaram fica provado que o Governo não tem governado. Os seus membros andam constantemente distraídos com os seus próprios negócios e a ver que proveito podem tirar dos cargos. Depois é isto que se vê. Até a Procuradoria Geral da República faz de conta.
O governo mais uma vez veio provar que não tem visão. E não tem ideias que permitam o País sair do beco em que nos meteram. Mas insiste em querer fazer crer a todos nós que não há alternativa para tanta incompetência e safadez. Mais grave é que ainda tem coro de senhores que nos vem vender democracia, mas depois eles próprios têm medo de a ver a funcionar em pleno!... Até se dão ao descaramento de perguntar onde está a alternativa, como se a democracia não fosse a soma dos votos de muitos eleitores!…
O governo mais uma vez veio provar que não sabe o que fazer para que o País passe realmente a produzir. Continuamos a ser um país dependente até de tomate da África do Sul. Vergonha!!!
Todos os discursos do governo continuam a ser inconsequentes. Com a “Jetropha” foi o que se viu. Com a “Revolução Verde” a maioria esmagadora necessitada continua toda às portas da reanimação…
De Educação e Saúde estamos falados.
Assim como estamos se todos tivessem dinheiro para anunciar a morte dos seus entes queridos, o “Notícias” não teria espaço para falar do tomate do Chokwé que apodrece no mercado grossistas do Zimpeto.
Com os tais “7 milhões” é só festa. Tem sido. Produção nada. Agora sabido como os milhões voaram nas mãos dos “brothers” nos distritos – que tanta falta fazem para que não ‘voem’ também os autores das “boas ideias” – lá se vão ouvindo umas vozes muito fraquinhas a ameaçar medidas duras quando os “7 milhões” estão também a chegar às cidades. Daqui a uns tempos veremos até que ponto o tal poder foi capaz de impedir que os abusos com o dinheiro dos contribuintes continuem nas cidades como aconteceu e acontece nos distritos onde ninguém paga nada do que deve. Ou não fossem do “partidão”…
Só vemos operações de imagem. Promessas lindas. Programas com nomes extraordinariamente animadores, com sistemas de indicadores de impacto elaborados, consultorias para a esquerda e para a direita, seminários por tudo o que é hotel e estância turística do País, ´perdiems`, viagens para trás e para a frente, grande carros, voos em executiva, mas resultados: ZERO. Só povo com fome…Cada vez mais gente com fome e desesperada.
Mesmo em plena Guerra Civil produzia-se mais, havia mais emprego do que agora ficando a ideia de que é melhor voltar-se atrás, como se o mérito da Paz fosse coisa para apenas ser exortada por quem já anda “com o rabo metido entre as pernas”, de tanta asneira acumulada, como se o dinheiro, que os abastados gastam com apelos de Paz por quem já não dorme bem, de tantas asneiras que fizeram, não fosse melhor empregue a promover iniciativas produtivas ou a melhorar de facto a qualidade do ensino público, dos serviços de saúde e dos transportes.
Estamos perante um governo perdido. Estamos perante um governo desnorteado. Estamos perante um governo que só sabe sacar dos contribuintes para exibir “poder”, exibir “auto-estima”, exibir arrogância, exibir fausto, e falar em “dignidade” que lhe falta em demasia.
Estamos perante um governo que só sabe falar, não sabe fazer.
Estamos perante um governo que é mestre em prometer e eficiente em não cumprir.
Tudo o que é realmente pró-desenvolvimento este governo não consegue concluir. A Linha de Sena, o Corredor de Nacala, a estrada Beira-Machipanda, a Linha férrea Cuamba-Niassa, a estrada Niassa-Nampula, o regadio do Chókwè. A Zambézia e o Niassa em si, são celeiros abandonados e entregues a predadores de madeira.
Este governo é mestre em saque. É mestre a promover incompetentes. É mestre em patrocinar burladores. É mestre a montar esquemas em que o Estado paga aos seus próprios agentes através de empresas familiares.
Quando é para operacionalizar uma política este governo só sabe anunciar. Não é capaz de levar a bom porto as suas políticas. É bom a produzir pautas de música, mas muito fraco a tocar.
Agora fala em cestas básicas, passes subsidiados nos transportes públicos, mais uma mão cheia de promessas que virão um dia a ser reconhecidas como falhadas.
O Governo anuncia medidas mas ainda não sabe quem vai fornecer a cesta básica. Não diz quem vai beneficiar. Vão todos beneficiar em todo o País ou só em Maputo como quando foi do “Novo Sistema de Abastecimento”, o famoso NSA, do tempo do carapau e do repolho.
O Governo fala em cesta básica para entreter distraídos. Não tem ainda critérios definidos para saber quem pode beneficiar das tais novas regalias. Ou então já sabe e vão ser mais uma ou mais empresas, com accionistas ligados ao grande chefe, aos membros da direcção do Partido Frelimo, aos filhos dos outros chefes e seus apaniguados, que vão ser chamadas a gerir mais uma burla.
Tudo indica que vai ser mais uma farra. Mas veremos, que novas surpresas vem aí.
Quando o País passa uma das suas mais graves crises, como é possível haver gente a continuar a brincar com a paciência de quem precisa mesmo que o Governo se deixe de brincadeiras?
Quem puxa as orelhas a quem continua a brincar com o fogo? (Canalmoz / Canal de Moçambique)
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