Caso Aeroportos de Moçambique Maria João Coito, ex-PCA da SMS e administradora do dos AdM da área comercial alega que acatou ordens “verbais” e “ilegais” do PCA Diodino Cambaza. “Para salvaguardar a minha posição”, disse. António Loureiro, ex-admnistrador do pelouro técnico dos AdM que substituiu interinamente o PCA, quando Diodino Cambaza foi preso, admitiu que continuou a efectuar pagamentos referentes a obras de reabilitação da Escola Central da Frelimo, pois “o compromisso já estava firmado” Maputo (Canalmoz) – Na mais aguardada sessão de audição de declarantes no caso Aeroportos de Moçambique, dada a inusitada expectativa do “peso” das mesmas, nomeadamente Maria João Coito e António Loureiro, muitas nuvens cinzentas terão sido dissipadas. Ambos, Coito e Loureiro cujos nomes já ecoaram bastantes vezes no tribunal, eram à data dos factos e posteriormente aos assuntos em discussão no julgamento, membros do Conselho de Administração (CA) dos Aeroportos de Moçambique (AdM). Maria João Coito Maria João Coito, jurista de profissão e ex- administradora do pelouro comercial dos AdM e simultaneamente presidente do Conselho de Administração (PCA) da Sociedade Moçambique de Serviços (SMS) – sociedade privada comparticipada pelos AdM e pelas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) – era, desde o inicio do julgamento, e tendo em conta os factos que vem emergindo à superfície, a figura mais aguardada pelo tribunal. O advogado Vasconcelos Porto, causídico do réu Diodino Cambaza, no início da sessão de ontem, começou por surpreender tudo e todos ao pediu para que o tribunal indeferisse a audição da declarante Maria João Coito. Mas logo o juiz Dimas Marroa recusou o pedido. Aliás, o juiz fez questão de lembrar ao jurisconsulto de Cambaza que aquela declarante tinha muito a dizer e que a estratégia que o advogado Vasconcelos Porto estava a querer seguir já há muito estava compreendida, desde a altura em que também o causídico não queria que o também ex-administrador dos AdM Hermegildo Mavale fosse ouvido em tribunal. Ultrapassada a questão, Maria João Coito começou por explicar em que condições, o seu colega de profissão, o jurista António Bulande (co-réu no presente julgamento), então chefe do gabinete do ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe (também co-réu), foi parar como “assessor” jurídico na SMS. Maria João Coito disse que a admissão de Bulande foi uma proposta do então PCA Diodino Cambaza. Disse ainda que a decisão foi tomada no término de uma reunião do CA dos AdM, mas tal não foi do agrado dela. Alegou que não se manifestou, mas aquilo “caiu-me muito mal”, refriu. “O engenheiro Cambaza queria que ele fosse administrador não executivo dos AdM e como o CA já estava completo ordenou que se arranjasse um lugar para ele na SMS”. Coito, com ar inocente, disse também que Cambaza referiu que tal proposta para admissão de Bulande derivava da “política de estímulo aos melhores quadros do MTC”, à “semelhança do que acontece no Ministério das Finanças”. No julgamento abriu-se aqui uma brecha que põe o Ministério das Finanças e quem sabe outros, em igualdade de circunstâncias o que poderá suscitar novas surpresas… Pelo que já se sabe, Bulande passou a auferir um salário inicial de 1100 USD na SMS para três meses mais tarde o mesmo ter crescido para 1750 USD, sem que no entanto ele estivesse a trabalhar naquela empresa. A ex-PCA da SMS explicou que isso assim sucedeu porque o PCA dos AdM mandou executar uma ordem e, como também disse Maria João Coito “ordens são ordens”. Segundo ela Diodino Cambaza teria dito ainda que a ordem “tinha efeitos imediatos”. António Bulande, segundo um semanário da praça é sobrinho de António Munguambe, e ter-lhe-ia telefonado, a Maria João Coito, duas vezes a contestar o salário inicial por não ser igual aos dos administradores não executivos dos AdM. Coito disse ter levado essa “queixa” a Cambaza que “mandou corrigir” uma vez que o salário daquele era pago com fundos dos AdM. Maria João Coito explicou ainda as razões que a terão levado a não assinar uma acta desde Dezembro do ano passado até à presente data. A mesma surgiu do facto de uma reunião extraordinária do CA da SMS por si presidida, após uma audição na Procuradoria da República da Cidade (PRC), no âmbito do presente caso. De acordo com a ré Maria Deolinda Matos, e o declarante Jacob Ndeco, ambos membros do CA da SMS, Maria João Coito não assinou a acta por não concordar com algum texto, sobretudo com uma passagem em que se diz que os actos de gestão da SMS e a questão do Dr Bulande “eram do pleno conhecimento do CA dos AdM”. De acordo com aqueles, Coito veio bastante “agitada e nervosa” e convocou o CA para uma reunião com apenas um ponto de agenda: a contratação do Dr Bulande. Ao tribunal ela disse que a reunião tinha três pontos de agenda, mas que não se lembra de um, mas apenas de dois que são a questão Dr Bulande e a prestação de assistência jurídica à Dra. Deolinda Matos. Disse que não assinou a acta mas que a tem em casa. O tribunal solicitou-a para apensar ao processo. Alegou não a ter assinado por não concordar com algumas passagens relativas ao pagamento da assistência jurídica. Sobre os 15.000 USD que Bulande recebeu na SMS, alegadamente a título de empréstimo, Maria João Coito disse nada saber. Também disse desconhecer o caso dos 25.000 USD alegadamente desviados para o Partido Frelimo. “Soube pelos órgãos de informação meritíssimo”, observou Maria João Coito em pleno julgamento. Os accionistas da SMS após os órgãos de informação terem levantado o véu às barbaridades que estavam a acontecer na “Era de Cambaza” convocaram uma Assembleia Geral extraordinária para analisarem a situação e avaliarem o que fazer para proteger o bom nome da empresa. Na mesma AG, de acordo com José Viegas, PCA da LAM que é accionista da SMS e que esteve em tribunal também como declarante, os accionistas condenaram as atitudes de Maria João Coito que devia ter assumido a sua quota parte de culpa no processo. Aliás, Viegas classificou Maria João Coito de “Cobarde”. Maria João Coito, estaria a titulo meramente decorativo como PCA da SMS ao ponto das barbaridades terem atingido o estágio que atingiram sem ela saber de nada? Dinheiro saqueado nos AdM através da SMS ela PCA desta e não sabia de nada? Justificou dizendo que nada sabia. Mas revelou que as ordens que levou de Cambaza para a administradora da SMS eram para salvara a sua própria posição. “Para salvaguardar a minha posição”. Afinal sabia!?... Questionada ainda se para “salvaguardar a posição” ela, jurista que é, poderia passar por cima de regulamentos, da empresa ou normas do País, terminou dizendo que “se tivesse consciência que teria dado nisto, não”. António Loureiro O então administrador do pelouro técnico do AdM e que substituiria interinamente o PCA quando este foi para na casa grande da Kim Il Sung, disse nada saber do cheque dos 25.000 USD para alegadamente pagar despesas do partido Frelimo. Contudo sabe apenas do financiamento que os AdM prestaram à reabilitação da Escola Central do Partido Frelimo. Como todos os outros declarantes disse que o PCA, Diodino Cambaza deu-lhe “ordens” para cumpri-las entregando cotações. “Recebi ordens do meu superior hierárquico”, disse o engenheiro Loureiro. Sobre a atribuição de casas aos membros do CA ele disse ter beneficiado de uma “no bairro da COOP, mas após insistência dos colegas”. “Eu disse no CA que não precisava de casa. Acabava de adquirir a minha na Matola”. Concluída a “insistência” Loureiro `disse não foi morar na casa, mas alugou-a, passando a usufruir das rendas da mesma. Ao tribunal Loureiro revelou ainda que já devolveu a casa à empresa. Escola da Frelimo Sobre a Escola da Frelimo na Matola, Loureiro admitiu ao tribunal ter continuado a fazer pagamentos das obras mesmo depois de Diodino Cambaza estar preso. “Já tínhamos compromisso com o empreiteiro”, firsou. Confirmava-se ainda o desvio de fundos do Estado com o pleno conhecimento do Partido Frelimo, partido no Poder e ficava ainda explicado o silêncio de Edson Macuácua, secretário da Propaganda da Frelimo e porta-voz do partido liderado pelo Presidente da República e chefe do Governo. Questionado se não temia estar na situação do seu ex-PCA ao continuar com as mesmas práticas depois de Diodino Cambaza ter sido detido, Loureiro disse ter trilhado por outros caminhos ao tomar as decisões. Alegou que o fez em colégio do Conselho de Administração e as decisões ficaram registadas em acta. O juiz Dimas pediu a tal acta para que a mesma se junte ao processo. Do ponto de vista legal é , aparentemente, crime continuado. O ministério Público não requereu uma certidão do processo pelo que se desconhece por enquanto se irá ou não agir, perante a confissão de reiterado desvio de fundos da empresa AdM para pagar obras na escola do Partido no poder. (Luís Nhachote) |
"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,
VOA News: África
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Confirmado que AdM continuou a pagar obras na Escola da Frelimo mesmo depois da prisão de Cambaza
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Ex-administrador financeiro imputa responsabilidades a Diodino Cambaza
Caso Aeroportos de Moçambique
Maputo (Canalmoz) – Hermenegildo Mavale, antigo administrador do pelouro de finanças da empresa Aeroportos de Moçambique (AdM), na condição de declarante no tribunal que julga o caso, disse ontem, na reabertura da sessão de julgamento que decorre , que todas as decisões que culminaram nas arbitrariedades naquela empresa pública foram dadas pelo presidente do Conselho de Administração (PCA), Diodino Cambaza. As ordens, segundo o declarante, eram para cumprir sem questionamentos.
Hermenegildo Mavale revelou ainda que a ordem que culminou na sua exoneração daquelas funções, lhe foi transmitida verbalmente por Cambaza, no dia 10 de Agosto de 2007. Nesse mesmo dia, um despacho exarado por António Munguambe, nomeava Antenor Pereira para ocupar a vacatura que se abria.
Bolsas de estudo para os filhos do “Senhor Ministro”
As polémicas bolsas de estudo atribuídas pelos AdM aos filhos de António Munguambe, então titular da pasta de Transportes e Comunicações, continuam a suscitar indagações ao tribunal presidido por Dimas Maroa.
De acordo com o declarante, o economista Hermenegildo Mavale, após o PCA ter ordenado que a empresa suportasse tais despesas, terá feito uma proposta ao CA dos AdM, mas que a mesma “não passou nos moldes em que foi feita”. Tal proposta consistia, segundo Mavale, em que ficasse registado que os filhos dos trabalhadores do Ministério dos Transportes e Comunicações, também eram elegíveis para as bolsas de estudo. Sobre a transferência dos 8.000 USD das contas dos AdM para a conta pessoal do ministro, Mavale disse que Ernesto Chauma, director financeiro da empresa, veio com uma ordem do PCA para que se efectuasse tal movimento. “Até 500 USD podia ser autorizado pelo director de função”, explicou, tendo acrescentado que “acima disso (a ordem) tinha que ser de um administrador que podia homologar”.
Refira-se que António Munguambe revelou ao tribunal que antes da AdM dar anuência às bolsas de estudos dos seus filhos, ele solicitara o mesmo aos Conselhos de Administração da Mcel e dos INCM (Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique) que se recusaram a cumprir a ordem, por ser ilegal.
Imóveis
Sobre os imóveis adquiridos pelos AdM, Mavale reconhece ter sido ele a pessoa que contactou o agente imobiliário, Zeca Alfazema, apesar de ter ficado explícito que cada administrador “deveria procurar pessoalmente a casa”. Referira-se que o tecto estabelecido era de 30.000 USD, o que foi largamente ultrapassado e, segundo Mavale “nada ficou registado por escrito”.
De acordo com o declarante, ele identificou as casas, primeiro com a Imovisa e por último com a Fundação Lurdes Mutola.
Joseldo Massango
Sobre Joseldo Massango, figura que irá desfilar nos próximos dias no tribunal, que recebeu um cheque de 25.000 USD pagos pela SMS (Sociedade Moçambicana de Serviços), alegadamente para o partido Frelimo, Mavale reconhece ter efectuado tal movimento cumprindo estritamente ordens do PCA. Ele disse que Cambaza o chamara alegando haver “urgência” de se passar esse cheque ao partido dos “camaradas”.
“Disse-lhe que tal medida carecia de suporte legal e ele disse-me que dentro de dias o iria dar, o que não aconteceu”. Mavale disse ainda que o nome de quem se falava – partido Frelimo – era por demais esclarecedor de que a ordem devia ser executada.
Disse que tal embaraço levou a que conversasse longamente com a ré Deolinda Matos, após o nome de Joseldo Massango ter sido dado por Cambaza, tendo-se acabado por concluir que o mais prático era passar um cheque cruzado. Joseldo Massango é a figura, segundo os autos, que vendeu um terreno de 3 hectares a Diodino Cambaza no distrito de Marracuene.
António Bulande
Já sobre o pagamento de 15.000 USD, a título de empréstimo, a António Bulande, então chefe de gabinete de António Munguambe e agora co-arguido, pessoa alheia aos AdM embora do Ministério dos Transportes e Comunicações, Hermenegildo Mavale voltou a dizer que cumpriu a ordem dada pelo seu PCA. A condição imposta, segundo Mavale, era que Bulande fosse amortizando a sua dívida para a conta do SAS, Serviço de Acção Social dos Aeroportos, cujo número de conta “eu próprio indiquei”, referiu.
“Despedido verbalmente”
Hermenegildo Mavale esteve no Conselho de Administração dos AdM durante 18 meses. Segundo ele, como se recusava a pactuar com a burla de “forma continuada”, foi informado, no dia 10 de Agosto de 2007, pelo PCA, que a partir daquela data ele cessava as funções de administrador. Fui despedido verbalmente, referiu Mavala e a certa altura. E acrescentou: “Fui colocado num pequeno escritório sem fazer praticamente nada”.
Denúncia
Consta dos autos que Hermenegildo Mavale é um dos subscritores da denúncia que deu entrada na inspecção de finanças e na comissão de petições da Assembleia da República. Ele reconhece o facto e diz tê-lo feito em consciência para “devolver a empresa aos carris”. A defesa quis saber dele as razões de ter levado muito tempo a decidi-lo, ao que respondeu que muitos factos documentais emergiram muito tempo depois.
(Luís Nhachote)
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Enchimento de urnas e inutilização de boletins de voto pesaram nos resultados finais
Embaixador da Suécia felicita Guebuza, mas recorda que faltou transparência
Maputo (Canalmoz) – O embaixador da Suécia em Moçambique e Swazilândia, Torvald Akesson, disse ontem, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, que as eleições de 28 de Outubro foram manchadas pelo “complexo e confuso quadro legal de Moçambique, bem como pela falta de transparência” pela parte dos órgãos de administração eleitoral. No entanto, felicitou Moçambique “pela realização das quartas eleições gerais e adesão de muitos moçambicanos nas urnas para exercerem seu direito voto” e felicitou igualmente o presidente vencedor, Armando Emílio Guebuza.
Nas suas breves declarações, o embaixador daquele país da União Europeia em Moçambique citou o relatório preliminar da Missão de Observação da União Europeia em Moçambique, repetindo que sobre “as lacunas identificadas” neste processo, “esperamos que sejam analisadas” para evitar casos semelhantes em futuros pleitos.
Entretanto, no cômputo geral, o chefe da missão diplomática da Suécia em Moçambique avaliou positivamente o processo eleitoral, felicitando o “trabalho de funcionários eleitorais de todo o país, que realizaram o seu trabalho com dedicação”. Estende a felicitação aos observadores nacionais e internacionais, que também se empenharam na fiscalização”.
“Acreditamos que as instituições eleitorais e jurídicas, actuaram de forma excepcional e imparcial”, disse a terminar Torvard Akesson, o representante diplomático da Suécia e da União Europeia, em Moçambique. (Borges Nhamirre)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Votos de Dhlakama e Daviz anulados intencionalmente
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Manuel de Araújo seria a escolha ideal
Segundo Viriato Caetano Dias "há factos que me surpreendem para os quais gostaria de encontrar uma razão lógica. A política, à semelhança de futebol, é um jogo sem lógica.
Daviz ganha a Beira
Daviz Simango (MDM): 59,548 (51%)
Armando Guebuza (Frelimo): 49,553 (42%)
Afonso Dhlakama (Renamo): 7,789 (7%)
Eleições para a AR
MDM: 55,455 (48%)
Frelimo: 49,150 (42%)
Renamo: 7,786 (7%)
A afluência foi de 46%.
Fonte: Boletim sobre o processo político em Moçambique, Número 32, 5 de Novembro de 2009/Reflectindo sobre Mocambique
MDM na AR: mudo e impotente
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
'democracia cosmética'
Analistas consideram que os resultados das eleições moçambicanas de semana passada poderão traduzir-se numa 'democracia cosmética'.
Há indicações de que a Frelimo, o partido no poder, ficará eventualmente com perto de 200 dos 250 assentos da Assembleia da República.
Tal poderá permitir emendas constitucionais, entre outros, sem qualquer oposição.
O jurista e analista político moçambicano, Custódio Duma, diz que a democracia do seu país está fragilizada.
"Uma democracia pressupõe diversidade, mais inclusão. A Frelimo pode ficar satisfeita [com esta vitória] mas até para ela própria não é um bom sinal. É um sinal de que estamos a cimentar o mono-partidarismo e, no século XXI, isso é inaceitável".
De acordo com os últimos dados referentes ao apuramento parcial de resultados, a Frelimo terá conseguido, se não houver surpresas pouco prováveis, mais de 30 deputados acima daqueles que seriam no mínimo necessários para ter a tão almejada - mas receada por alguns - maioria de dois terços.
A Renamo por seu lado deverá ficar com menos de meia centena dos assentos, e o Movimento Democráctico de Moçambique, MDM, com um número abaixo dos 10%.
Para Custódio Duma, os 'magros' resultados conseguidos pela oposição devem-se à falta de condições para concorrer em pé de igualdade com a Frelimo.
"Eles [os partidos da oposição] participam num processo em que não têm condições. A oposição não tem condições materiais, não tem capacidade de poder atingir todo o eleitorado".
Mas a vitória da Frelimo não se resume às legislativas.
Nas presidenciais o seu candidato também 'soma e segue', com mais de 75% dos votos, contra cerca de 14% de Afonso Dlhkama, da Renamo, e 9% de Daviz Simango do MDM.
"Eventualmente, se a Frelimo não conseguir encontrar um candidato à altura de competir com a oposição em 2014, pode crer que Guebuza continue. E aí nada vai impedir que a Constituição seja ractificada," vaticina Custódio Duma.
BBC - 03.11.2009
Ecos do anúncio de resultados provisórios em Nampula
Armando Guebuza, que entrou na corrida pela sua própria sucessão, teve um total de 386.175 mil votos, o que corresponde a 68%. Daviz Simango, o mais novo na corrida e que concorre pela primeira vez, conseguiu 5% dos votos, ou seja, um total de 30.494 votos, e Afonso Dhlakama, que está na corrida pela quarta vez, conseguiu 155.439 mil votos, o que corresponde a 14%. São dados oficiais.
Momentos após o anúncio dos resultados, cuja cerimónia inicialmente marcada para as dezoito horas veio a acontecer apenas pouco depois das vinte e uma horas, no salão nobre do Conselho Municipal local, o primeiro secretário da Frelimo, Agostinho Trinta, foi quem se pronunciou de imediato à Imprensa presente e disse que os mesmos são justos, resultado de quarenta e cinco dias de trabalho árduo e perseverante.
Arnaldo Chalaua foi o homem da Renamo presente e revelou alguns planos do seu partido para retaliar os resultados eleitorais.
“Haverá revolução popular, mesmo que seja necessário a morte”, disse em jeito de retaliação contra os resultados do pleito em Nampula que o partido de que Chalaua é membro considera injustos e saídos da “fábrica” da Frelimo.
Arnaldo Chalaua disse que o povo não vai ceder, e muito menos o líder do seu partido, às fraudes fabricadas pela Frelimo, e tudo está a postos do lado da Renamo para a retaliação.
Instado a pronunciar-se sobre o tipo de manifestação a que se referia, Chalaua escusou-se a falar da natureza e amplitude que assumirão.
Fontes próximas do partido Renamo, aqui em Nampula, dizem que o partido de Afonso Dhlakama está a preparar-se para fazer uma intervenção armada no país, assim que os resultados do pleito forem validados.
Estas nossas fontes avançaram que neste momento “o presidente Dhlakama até alocou segurança para os quadros seniores, aqui em Nampula”, para evitar que sejam perturbados por membros e simpatizantes da Frelimo.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama disse recentemente na capital do Norte que pretende “incendiar” o país. Quando e por onde começará, não disse. Depois disso já disse que quem incendiará o País é o povo. Ninguém acredita que Dhlakama não esteja simplesmente a ameaçar.
Fraude filmada em Escola Primária na Beira
Nas imagens filmadas vê-se, escrito no quadro da sala de aulas em que funcionou a assembleia em questão, que havia 23 nulos, 3 brancos e 2 votos protestados.
Na acta e edital em poder do Canalmoz consta, no entanto, que houve 124 votos nulos, portanto mais 121 do que no acto de escrutínio propriamente dito. Vê-se nas imagens que todos os votos anulados têm expresso, com uma cruz, a intenção de se votar em Daviz Simango. Mas, depois, foram apensas dedadas, aparentemente com tinta indelével, pelo que se vê nas imagens.
No final dos trabalhos da assembleia, o edital, com sérias rasuras, atribui a Daviz Simango, candidato do MDM, 98 votos, contra 150 de Armando Guebuza, 14 a Afonso Dhlakama, 2 votos em branco e 124 nulos.
No quadro da sala de aulas onde funcionou a assembleia e onde, durante a contagem, foram sendo registados os votos para cada candidato e outras ocorrências, vê-se claramente, no filme, que Daviz Simango somava cerca de cem votos mais do que Armando Guebuza. A imagem, confrontada com o edital e a acta da assembleia da EPC do Esturro (0056), mostra, claramente, que os votos anulados são de Daviz Simango.
No filme, vê-se a recontagem dos nulos e ouve-se a voz de quem está a contar. Passam de cem os votos anulados por força de dedadas. Nesses votos, constam cruzes a votar em Simango.
No filme, vê-se, ainda, uma primeira recontagem dos votos que, depois de manipulados pelo presidente da mesa, vice-presidente e dois escrutinadores, aparecem com as cruzes iniciais postas pelos eleitores e dedadas que um teste de dactiloscopia poderá identificar de quem são. Só a Polícia de Investigação Criminal estará capaz de fazer esse exercício, se o desejar e lhe for permitido.
José Manuel de Sousa disse ao Canal que o MDM vai interpor queixa também na Procuradoria da República.
Faziam parte da mesa onde se deu esta ocorrência, Esmeraldo Agostinho Abreu (presidente), Adriano João Roque Sumbreiro (vice-presidente), Fátima Armando Mussa (secretário), Flora Manuel (1.º escrutinador), Teresinha Jemuce João (2.º escrutinador), Delfina Jaime Sunda (3.º escrutinador) e Raimundo Tomás Júnior (4.º escrutinador).
O delegado de lista do MDM que protestou verbalmente na mesa, era Castro Zacarias Dias. Ele foi impedido de meter formalmente a queixa. Quem o impediu foi, segundo ele, o presidente da Mesa, Esmeraldo Agostinho Abreu.
Como na mesa foi impedido de formalizar o protesto, o MDM, segundo nos disse o mandatário nacional, José Manuel de Sousa, interpôs na Comissão de Eleições da Cidade da Beira um protesto do delegado de lista do MDM na mesa. Quem interpôs esse protesto na CEC da capital de Sofala foi o mandatário do MDM na cidade da Beira, engenheiro Passipanaca.
O filme aqui em referência passou na TIM (Televisão Independente de Moçambique). A TV Miramar recusou-se a passar as imagens da fraude provada.
Na mesa 0056 estavam inscritos 921 eleitores. Encontraram-se “na urna” votos de 388 eleitores. Votos “não utilizados” 753. Foram “inutilizados” 2 boletins. Votaram 387 eleitores. E não votaram 534 eleitores. A soma de votos atribuídos, de brancos e nulos e protestados dá 388.
Entretanto, só no distrito do Búzi, segundo fontes da Renamo, terá havido mais de onze mil votos nos candidatos da oposição, anulados da mesma forma.
As mesmas fontes alegam que os recursos não foram aceites pelos integrantes das mesas onde esses votos nulos foram registados.
Na mesa do Esturro, na cidade da Beira, também não consta da acta qualquer recurso. Mas, no filme, vê-se o delegado do MDM a protestar.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Apuramento provisório dá mais de 190 deputados ao Partido Frelimo
Maputo (Canalmoz) – Os resultados finais só lá para 12 de Novembro se conhecerão, como anunciou oficialmente a Comissão Nacional de Eleições antes do escrutínio, mas está visto que o Partido Frelimo conseguirá a tal “vitória retumbante” de que falava antes mesmo da campanha eleitoral abrir. Os cálculos de 89% do total de votos das Eleições Legislativas, processados até ao domingo passado, dão ao Partido Frelimo uma vantagem histórica com 71% dos votos, o que lhe confere cerca de 193 deputados dos 248 eleitos a nível nacional.
Na diáspora, nos círculos eleitorais da África e Europa e Resto do Mundo, respectivamente, a Frelimo é igualmente a vencedora. Elege os dois deputados da diáspora. Assim, a Frelimo tudo leva a crer que somará 195 deputados, do total de 250 que constituem a Assembleia da República.
Estes dados ainda são provisórios. Foram disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). Falta ainda o apuramento ao nível central da CNE, que será através do software electrónico. No entanto, tudo leva a crer que os dados finais não andarão muito longe destes.
Com base em cálculos de apuramento provisório, a oposição fica apenas com 55 deputados, sendo que 47 vão para a Renamo, e 8 para o MDM.
O MDM aparece em segundo lugar nos círculos eleitorais da cidade de Maputo e de Sofala, onde elege 3 e 5 deputados, respectivamente. Em Inhambane e Niassa, os outros dois círculos eleitorais de quatro a que o partido de Daviz Simango foi permitido concorrer, os dados até aqui divulgados pela CNE, indicam que o MDM não consegue eleger nenhum deputado.
Sendo assim, o MDM não poderá constituir nenhuma bancada parlamentar na próxima legislatura, dado que o regimento da Assembleia da República só permite a constituição da bancada aos partidos que consigam eleger pelo menos 11 deputados.
Estes dados, como já nos referimos, ainda não são definitivos.
Exclusão do MDM alterou os resultados finais
A avaliar pelos votos que o MDM conseguiu amealhar nos círculos eleitorais onde concorreu (Maputo-cidade, Inhambane, Sofala e Niassa), bem como pelos que foram alcançados pelo seu candidato presidencial, engenheiro Daviz Simango, pode-se apurar que caso este partido não tivesse sido impedido de concorrer em todos círculos eleitorais, o MDM podia ter eleito mais deputados e isso ser-lhe-ia suficiente para constituir bancada parlamentar, o que daria representatividade nos órgãos do Estado, tais como Conselho Constitucional, Comissão Nacional de Eleições, Conselho Superior de Comunicação Social, entre outros órgãos em que parte dos seus membros é eleita pela Assembleia da República, de acordo com a representatividade parlamentar na base da proporcionalidade.
Por exemplo, nos círculos eleitorais de Nampula e Zambézia, o candidato do MDM consegui amealhar 6% e 7% dos votos, o que faz acreditar que o seu partido podia ter conseguido mais ou menos a mesma percentagem de votos, caso não tivesse sido impedido de concorrer nestes círculos eleitorais, pela CNE.
Nem a remoção da barreira dos 5% ajudou os extra-parlamentares
Os chamados partidos pequenos, que nunca conseguiram eleger deputados para a Assembleia da República, continuam em branco, nas presentes eleições. Nem a remoção da barreira de 5% ajudou aos partidos extra-parlamentares.
Nem o PDD, nem o Partido Ecologista, nem o Partido Trabalhista, conseguiram eleger deputados para a próxima VII Legislatura da Assembleia da República, muitos menos os recém surgidos. O único partido que ao entrar no cenário político nacional logo conseguiu representatividade na Assembleia da República foi o MDM, um partido com cerca de oito meses de existência.
(Borges Nhamirre)
A propósito dos pirómanos de ocasião
Estas eleições de 2009 assemelharam-se a um torneio de futebol todos contra todos com três equipas: uma juvenil, uma sénior e uma de veteranos. Para agravar, os árbitros de todas as partidas, eram também os treinadores da equipa sénior. Além disso, os patrocinadores nacionais e internacionais apoiaram exclusivamente uma equipa: A Sénior. Excusado será dizer que os melhores executantes eram também da equipa sénior. Obviamente.
Naquilo que é um insulto à inteligência do espectador, até a FIFA enviou observadores para "avalizar" os jogos de um campeonato interno e, como as regras da bola nunca estiveram em causa, então o importante foi registar que o espírito e a letra dos ideais da FIFA, quiçá Olimpicos, jamais foram postos em dúvida. Isso é o que interessa. The show must go on, see you on 2014, Mac!
Pois claro, os que foram ver os jogos, já sabiam quem iria vencer o torneio. E só lá foram por crença genuína (ou postiça), não se importando de – uma vez mais - dar o seu tempo e dinheiro mal empregues. Impossível seria vermos os juvenis a conquistarem o caneco. Numa partida de 90 minutos, perante séniores, a condição física revelou-se no factor mais importante, logo após os primeiros 15 minutos da partida. Por muito talentosos que mostraram ser os jovens contendores.
Quanto aos veteranos, esses ficaram sempre confinados na sua grande área, num salve-se quem puder desajeitado...com pontapés para o charuto (ou seria cachimbo?!), num longo chuto esclerosado para alvos imaginários, afinando a pontaria nos holofotes do estádio, um feito notável, sem dúvidas, porém inútil. Pois é, a idade não perdoa... mais vale agora pensar em escrever suas memórias e perpetuar os louros dum passado cada vez mais remoto. Isto é, se forem capazes de tal feito... Porque ainda se arriscam a ter o mesmo destino de um certo Jonas, o tal, que foi engolido. Mas não por uma baleia.
Imaginemos agora se o nosso MOÇAMBOLA começasse a ser jogado nos mesmos moldes, valeria a pena continuar a ir ao futebol?!, diga-me, caro Leitor.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Deve haver igualdade de oportunidades para todos partidos concorrentes
As recomendações do EISA |
“Os resultados eleitorais devem ser anunciados expeditamente, sem comprometer a letra e o espírito da lei” - afirma o EISA na sua declaração preliminar da sua observação nas eleições deste ano. |
Maputo (Canalmoz) - A Missão de Observação Eleitoral do Instituto para a Promoção de Eleições Credíveis e Governação Democrática em África, EISA, considera que as eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais de 2009, em Moçambique, no geral, foram conduzidas de acordo com os critérios eleitorais contidos nos Princípios de Administração, Monitoria e Observação de Eleições (PAMOE), e assegura que o “povo moçambicano pôde expressar livremente a sua vontade”. Contudo, recomenda a uma reestruturação necessária para a melhoria e equilíbrio das forças, oferecendo oportunidades iguais a todos partidos concorrentes, e fortalecer a transparência do processo eleitoral. Na sua declaração preliminar, a Missão do EISA diz que no dia da votação notou-se que houve longas filas de eleitores desejosos a votar. Todavia, nas observações preliminares, a missão considera que os esforços de educação eleitoral e cívica e as longas filas podem não traduzir-se numa participação alta, pois essas filas longas eram, no geral, o resultado de um processo lento de votação. “Nos locais onde as equipas do EISA estiveram presentes, o nível de participação variou entre o baixo e o médio”. Actos de violência A Missão do EISA diz ter constatado que a fase pré-eleitoral foi marcada por incidentes isolados de violência e intimidação, envolvendo principalmente os partidos Frelimo e Renamo, que se caracterizavam por destruição de materiais de propaganda dos partidos oponentes, perturbação dos comícios, e utilização de linguagem abusiva. “Embora a violência e a intimidação não tenha sido generalizado e não tenha levado a perda de vidas humanas, a missão recebeu relatos de ferimentos sérios que os perpetradores causaram às vítimas”, diz o EISA na sua avaliação preliminar, e afirma que a polícia foi lenta ou indiferente na sua resposta à violência e intimidação política. “A missão notou com agrado que o nível de violência reduziu drasticamente quando os dirigentes partidários apelaram à calma e à contenção”. Cotagem e publicação dos resultados A Missão de Observação do EISA afirma ter observado que o processo de contagem de votos em Moçambique é bastante lento, decorrente do processo laborioso de reconciliação dos boletins de voto, antes da contagem. “Os nossos observadores notaram que, ao aproximar-se o fim do processo da contagem, os membros das mesas de voto e os fiscais dos partidos políticos estavam tão fatigados que já prestavam pouca atenção aos detalhes do processo”. Outrossim, a Missão do EISA considera que o processo eleitoral moçambicano é bastante lento, o que de certo modo deixa margem para dúvidas e dificulta que haja transparência na gestão do processo. “É entendimento da missão que o processo de verificação pelo Conselho Constitucional leva três dias por cada juiz, consecutivamente. A documentação é posteriormente submetida ao Procurador-Geral da República por mais três dias. O Relator do CC leva oito dias adicionais a preparar o Acórdão. Este processo pode levar mais de três semanas até os resultados finais serem anunciados”. No entanto, a missão diz estar ciente de que o processo tem que respeitar o estabelecido na lei para assegurar que não sejam cometidos erros. Contudo, a missão nota também que o processamento lento dos resultados pode despoletar suspeitas de manipulação. “Os resultados eleitorais devem ser anunciados expeditamente sem comprometer a letra e o espírito da lei”. Moçambique deve introduzir Código de Conduta Entretanto, a Missão de Observação do EISA recomenda que os requisitos e procedimentos de selecção dos membros da CNE, especialmente os propostos pela sociedade civil, sejam mais transparentes. Adicionalmente, a própria lei eleitoral deve ser mais clara e específica em relação à selecção dos membros da CNE provenientes da sociedade civil. Reconhece ainda que os Conflitos violentos põem em causa o valor das eleições para a democracia e a paz. Portanto, insta os moçambicanos a desenvolver mecanismos institucionais firmes para a prevenção, gestão e resolução de conflitos eleitorais. “Como parte dos mecanismos para a gestão de conflitos eleitorais, Moçambique poderia considerar a introdução de um Código de Conduta legalmente vinculativo que os partidos assinem antes das eleições, comprometendo a respeitá-lo durante todo o ciclo eleitoral”. Esta missão de observadores apela ainda às autoridades eleitorais a acelerarem o processo de contagem e processamento dos resultados de forma a evitar longas demoras registadas em eleições anteriores, e que qualquer decisão que for tomada deve ser explicada atempadamente a todos os intervenientes, sempre que necessário. Que é o EISA? O EISA é uma organização não lucrativa, regional, fundada em 1996, com sede em Joanesburgo, África do Sul, com escritórios na RD do Congo (Kinshasa), Moçambique (Maputo), Madagáscar (Antananarivo), Costa do Marfim (Abidjan) e Chade (Ndjamena). O EISA luta pela excelência na promoção de eleições credíveis, participação democrática, cultura de direitos humanos e fortalecimento das instituições de governação, para a consolidação da democracia em África. O EISA apoia comissões eleitorais, partidos políticos, organizações da sociedade civil, governos e outras instituições que trabalham nas áreas de democracia e governação em África. De referir que a Missão do EISA é composta por 24 membros em representação de comissões eleitorais, organizações da sociedade civil e comunidades económicas regionais, provenientes de 10 países africanos, nomeadamente África do Sul, Angola, Cabo Verde, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Lesoto, Quénia, República Democrática do Congo, Serra Leoa e Tanzânia, e, também, observadores de organizações parceiras de países europeus e asiáticos. Missão é chefiada pelo Dr. Christiana Thorpe, Presidente da Comissão Nacional de Eleições da Serra Leoa (Egídio Plácido). |