“Deixem de engordar e vão trabalhar no campo, para tirarem essas barrigas. Vamos trabalhar no campo, pois o nosso trabalho, o nosso gabinete é onde estão os mineiros.” – Helena Taipo, citada pela AIM, dirigindo-se aos funcionários da Delegação do MITRAB na RSA
Maputo (Canalmoz) – A gestão ruinosa instalada na Delegação moçambicana do Ministério do Trabalho na África do Sul, que foi reportada por mais de duas ocasiões pelo semanário Canal de Moçambique, foi reconhecida pela ministra do pelouro, Helena Taipo, que, de visita àquele país, “ficou irritada” com o desempenho daquela instituição nacional, escreve a agência estatal de informação, AIM.
“A ministra moçambicana do Trabalho, Helena Taipo, manifestou a sua frustração com o mau desempenho da Delegação da sua instituição na África do Sul”, lê-se no artigo da AIM, em que se acaba por reconfirmar as sucessivas reportagens do semanário Canal de Moçambique, que davam conta de que aquela Delegação está a ser gerida de forma danosa, que inclui o desvio de fundos sociais dos trabalhadores moçambicanos naquele país vizinho.
A ausência de mineiros ou seus representantes foi um dos factores que irritou a governante moçambicana, segundo escreve a AIM. “Porque é que não convidaram os mineiros para esta cerimónia? Quem é que vai informar aos mineiros que já temos uma nova Delegação, como é que se inaugura uma Delegação, que se chama ‘Casa dos Mineiros’, quando hoje não vimos nenhum mineiro na inauguração?”, questionou a ministra, citada pela agência de informação do Estado moçambicano.
O artigo da AIM não fala de desvio do dinheiro do Estado pela parte dos funcionários daquela instituição, mas o Canal de Moçambique tem recebido queixas de muitos mineiros moçambicanos inscritos na Delegação do MITRAB naquele país, a reportarem casos de uso de dinheiro do Estado e dos mineiros para fins pessoais dos funcionários da Delegação.
No artigo publicado na Agência de Informação de Moçambique, a ministra é citada a dizer que “os funcionários da delegação do MITRAB na RSA parecem estar mais preocupados com a sua comodidade, ao invés das pessoas que deveriam servir”.
Mais de 40 mil moçambicanos trabalham legalmente na RSA, para além de tantos outros que trabalham de forma clandestina e não estão registados na Delegação do Trabalho.
Contratação de funcionários estrangeiros
Segundo o artigo da AIM, a ministra terá repudiado o facto de naquela instituição nacional estarem a trabalhar 10 cidadãos sul-africanos contratados, quando existem moçambicanos naquele país que deambulam sem emprego.
Esta crítica levanta outras questões profundas relacionadas com os critérios da contratação de mão-de-obra naquela Delegação, que, tudo indica, não é comunicada à ministra do Trabalho.
“Temos 10 funcionários contratados localmente. O que é que isto significa para uma Delegação que é moçambicana? Todos os países tudo fazem para encontrar emprego para os seus compatriotas. Os investimentos, quando vão para os nossos países, vão no sentido de uma parte deste investimento empregar compatriotas dos investidores”, observou a ministra Helena Taipo, citada no artigo da AIM.
(Redacção)
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