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VOA News: África

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Contra factos não há argumentos


"Questionário Confidencial" confirma «Frelimização» das Forças Armadas

Circula na «Casa Militar» e é de carácter obrigatório. Nele pergunta-se: "É simpatizante da Frelimo? É militante da Frelimo? Desde quando? Colaborou ou fez parte de algum partido ou grupo político moçambicano?"

Nas observações do «Questionário Confidencial» exige-se: "Nesta parte deverá expor as razões que o levaram a aderir à FRELIMO, descrevendo as suas ideias e actividades políticas, do passado e do presente e afirmar até que ponto está disposto a servir o POVO e a REVOLUÇÃO".

"Desde que comecei a assumir cargos altos, tive sempre que preencher esse tipo de questionário" - Brigadeiro Jorge Gune, comandante da «Casa Militar»

Maputo (Canal de Moçambique) – Um "Questionário Confidencial", agora na posse do «Canal de Moçambique», está a circular debaixo de forte secretismo na «Casa Militar».. Dissipa as dúvidas de quem pensava que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), constituídas após o Acordo Geral de Paz de Roma há 15 anos, são apartidárias. Nada mais falso! Um brigadeiro confirma que o documento é verdadeiro e o facto prova que está-se perante um caso de "frelimização" do Exército, com agravante dele ainda atentar contra a Constituição da República.
De 11 páginas, o preenchimento do questionário é de carácter obrigatório. Na cópia em poder do «Canal de Moçambique» pode-se ler em letras maiúsculas que "TODAS AS PERGUNTAS DEVEM SER OBRIGATÓRIAMENTE RESPONDIDAS" – e contem algumas perguntas que denotam uma clara preocupação de saber até que ponto os oficiais da «Casa Militar» são fiéis ao partido Frelimo.
"É simpatizante da Frelimo?" pode-se ler na insofismável prova documental na posse deste jornal em que ainda se lê: "Desde quando?".
"É militante da Frelimo?....Desde quando".
Para não deixar dúvida o mesmo "questionário confidencial" questiona: "Algum seu familiar ou amigo foi castigado depois do triunfo da revolução?".
"Colaborou ou fez parte de algum partido ou grupo político moçambicano?". Estas só são algumas das muitas perguntas que dão corpo ao referido "Questionário Confidencial".
A terminar, o "Questionário Confidencial» tem uma página destinada a "observações". Aqui o questionado é avisado que "Nesta parte deverá expor as razões que o levaram a aderir à FRELIMO, descrevendo as suas ideias e actividades políticas, do passado e do presente e afirmar até que ponto está disposto a servir o POVO e a REVOLUÇÃO".

Comandante da «Casa Militar» evasivo

Contactado pelo «Canal de Moçambique», o comandante da «Casa Militar», Brigadeiro Jorge Gune, algo espantado com o facto do "Questionário Confidencial" estar na posse deste jornal, confirmou a existência do mesmo, argumentado que apesar das perguntas nele contidas, ele não tem a ver com política. "Não há nada de político!".

"Todos quadros seniores das FADM"

O brigadeiro Jorge Gune diria ainda que "todos os quadros seniores das Forças Armadas de Defesa Moçambique, eu incluído, temos que preencher o questionário". Referiu que o mesmo é destinado a "Generais e Oficiais superiores".
"Desde que comecei a assumir cargos altos, tive sempre que preencher esse tipo de questionário".
Entre as várias questões que o documento aborda, uma delas exige que os "questionados" indiquem pelo menos 14 nomes, profissões e endereços de pessoas com quem se relacionam.
Gune disse ao «Canal de Moçambique», que as referidas exigências "tem razão de ser para constarem do cadastro do Exército", pois, como alega "em caso de morte sabermos a quem contactar".
O «Canal de Moçambique» observou na presença do brigadeiro Gune que o "Questionário Confidencial" está por demais partidarizado. Gune preferiu responder nos seguintes termos: "Obrigado e bom dia". Nada mais disse. Já eram perguntas a mais no seu entender. O objectivo do «Canal de Moçambique» não era mais do que dar àquele oficial superior das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) oportunidade de explicar porque se pergunta no questionário se é membro da Frelimo e não se pergunta se é membro de qualquer outro partido registado no Ministério da Justiça. Algo inconfesso fez com que o brigadeiro se fechasse em copas e se despedisse com um sugestivo "Obrigado e bom dia".
Apesar de Moçambique ter hoje umas forças armadas constituídas por elementos saídos das antigas «Forças Armadas de Moçambique-Forças Populares de Libertação de Moçambique (FAM-FPLM)» e também do antigo exército de guerrilha da Renamo, ambos extintos para dar lugar a uma casa castrense apartidária e isenta, os factos aqui reportados deixam claro que continua a haver uma ilegal, inconstitucional e forte «frelimização» das actuais Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
Presentemente as Forças Armadas integram também vários elementos que não participaram nem dum lado nem de outro na Guerra Civil de 16 anos.
Quadros superiores das FADM que as integram vindos da guerrilha da Renamo têm-se manifestado à imprensa indignados por estarem a ser passados compulsivamente à reforma.
A «Casa Militar» é a força que garante a protecção do chefe de Estado, neste caso Armando Emílio Guebuza, que após a sua ascensão a presidente da República, operou nelas profundas remodelações. Durante a governação de Joaquim Chissano, a «Casa Militar» esteve sobre comando de Almerino Manhenje, que acumulava esse com outros altos cargos, designadamente de Ministro de Interior e de Ministro na Presidência para os Assuntos de Defesa e Segurança. Subordinavam-se a Manhenje também os Serviços de Informação e Segurança de Estado (SISE).
As nódoas sobre a «Casa Militar» começaram por alturas da detenção dos já condenados no «Caso Carlos Cardoso» e, quem entornou o caldo, curiosamente foi Momad Assif Abdul Satar (Nini) – a cumprir pena maior na Cadeia da Machava – quem revelou, em sede de tribunal, que os responsáveis pela primeira fuga facilitada de Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), foram oficiais da «Casa Militar».
Já mais recentemente na «Era Guebuziana», a «Casa Militar» voltou a alimentar abundantes crónicas, quando um oficial da mesma, fuzilou, à queima-roupa e defronte do Hospital Central de Maputo (HCM), um jovem que teria estado envolvido num acidente de viação com a filha de Armando Guebuza, Valentina Guebuza, no parque de estacionamento da discoteca «Coconuts», e que se refugiara naquele local à procura de protecção policial da esquadra da Policia, que ao fim e ao cabo de nada lhe valeu.
Um especialista em assuntos militares, contactado pelo «Canal de Moçambique» falou na condição de anonimato, "por razões óbvias". Opinou que o "Questionário Confidencial" pode ser "indício" de que "Guebuza não tem total confiança nos homens que o protegem. A situação de instabilidade do país é disso esclarecedora".
Verdade ou não, uma coisa é certa: na «Casa Militar» está a circular o referido "Questionário Confidencial" que tem várias questões de carácter político partidário, factos irrefutáveis que põem em dúvida a isenção das FADM no contexto constitucional vigente.
Em vários momentos, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, já veio ao público denunciar a partidarização das FADM. Aqui pode estar pelo menos parte da explicação porque a Renamo não vai participar daquela que devia ser a festa maior dos moçambicanos: o dia da PAZ e Reconciliação Nacional. Resta saber o que tem agora a dizer as «forças vivas» da Sociedade Civil e os partidos registados como organizações oficiais no contexto nacional e quadro constitucional em vigor. Quando é suposto nas forças armadas, quer Lagos Lidimo, Chefe do Estado-Maior General das FADM, proveniente das FAM-Forças Populares de Libertação de Moçambique e do partido Frelimo, quer o vice-Chefe de Estado Maior das FADM, proveniente das forças de guerrilha da Renamo, Mateus Ngonhamo, serem hoje apenas moçambicanos na organização castrense, como explicarão eles, o ministro da Defesa e demais figuras da hierarquia do Estado este estranho e confidencial questionário.

Fonte: CANAL DE MOÇAMBIQUE





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