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VOA News: África

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Um passo em frente” e três para trás

A frase que dá título a este texto não pertence ao autor destas linhas. Pertence a um senhor que, enquanto esteve vivo, levava o nome de Vladimir Lénine. A história recente de Moçambique ensinou ao autor destas linhas que o mesmo inspirou figuras notáveis deste país. Não importa discutir, aqui e agora, se valeu a pena Lénine ter inspirado alguns moçambicanos. Mas não é de Lenine que hoje pretendo falar. É de um Estado que sabe, e muito bem, dar “um passo em frente e dois para trás”.

O porta-voz do Comando Geral da PRM, Pedro Cossa, disse, em jeito de quem acabava de inventar a pólvora, em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique», que “ os militares não estão dotados para garantir a ordem pública, mas, sim, para defender a pátria contra os seus inimigos”. Grande descoberta a do senhor Cossa, a quem só faltou gritar: Eureka! Não é preciso ser general da Polícia para saber das descobertas do porta-voz do Comando Geral da PRM. É só ser sensato e um pouco inteligente. Não mais do que isto.

Na mesma entrevista, Pedro Cossa anunciou que, “devido às queixas que o Comando Geral da PRM tem recebido de cidadãos, acusando os militares de vários atropelos aos seus direitos, o Comando Geral da PRM, decidiu retirar os militares, o que poderá acontecer até finais de Agosto”. Cossa, referia-se à presença de militares no patrulhamento da cidade de Maputo fazendo companhia aos agentes da Polícia de Protecção, vulgo “cinzentinhos”, numa operação que leva o pomposo nome de «Operação Tubarão”. Os factos parecem indiciar que a referida operação é um verdadeiro insulto ao “peixe seláquio” que é o tubarão.

Os resultados da mesma, nem que seja pelas palavras de Pedro Cossa, mostram que não ficaria mal que a mesma operação fosse denominada: “ Operação Peixe de Aquário”. Porque os “peixes de aquário” são inofensivos tal como foi a referida operação, pelo menos para os criminosos. Os tubarões são, segundo o Dicionário Prático Ilustrado de Língua Portuguesa, publicado sob direcção de Jaime De Séguier (1994), “ grandes peixes marítimos, muito vorazes”. As palavras de Pedro Cossa, acima referenciadas, mostram que “os tubarões” a soldo do Estado Moçambicano, e pagos com dinheiro dos contribuintes de vários países, só são “vorazes” para os cidadãos que, até já se foram queixar ao Comando Geral da PRM. Mas o problema sério pode ser outro. A questão é, até que ponto os militares envolvidos na “Operação Tubarão”, ou “Operação Peixe de Aquário”, não voltarão aos quartéis com vícios adquiridos nas operações de patrulhamento? Qualquer indivíduo que se movimente na cidade de Maputo sabe como se comportam, e mal, os “patrulheiros”.

Normalmente, resolvem os seus problemas de baixos salários extorquindo dinheiro aos citadinos. Não terão os militares aprendido, com os seus colegas “cinzentinhos”, a arte de extorquir? E será com esses militares que se há-de “defender a Pátria contra os seus inimigos”. O autor destas linhas, enquanto as escreve, tem impressão de estar a ouvir Yana a cantar “Que Venham!”. Tudo isto para dizer que deu-se um passo para a frente e dois para trás. Ou três? Caso para se perguntar, “Oh Pátria Amada, Vamos Vencer?”. Penso que o autor destas linhas acha que tem o direito de perguntar à Pátria se “é assim que vamos vencer?”. Bolas para toda estas brincadeiras!... Poupem-nos, por favor. Temos o direito de exigir mais respeito das autoridades. E defemos começar todos a fazê-lo. O país é nosso ou não é?

Fonte: CANAL DE MOÇAMBIQUE

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