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VOA News: África

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Desemprego, auto-emprego e emprego


Dados estatísticos são reais?
Um pequeno inquérito efectuado pela reportagem do «Canal» indica que há consideráveis hipóteses das estatísticas apresentadas pelas instituições do Estado sobre emprego não serem reais e estarem distorcidas. Não existe seguramente uma definição correcta hoje em dia do que se pode chamar desemprego e/ou emprego, dada a existência de uma imensa faixa de gente em situação intermédia a que vulgarmente se chama "sector informal". O nosso inquérito cingiu-se a citadinos que desenvolvem as suas actividades laborais na via pública, numa pequena garagem de uma residência, ou num formalmente designado ainda mesmo assim «Mercado Informal».
As pessoas que abordámos desenvolvem várias actividades, aparentemente rentáveis. Vários nos asseguraram que é mais seguro e vantajoso trabalhar por conta própria do que por conta de outrem. E muitos nos disseram que em vários empregos formais não lhes pagavam os vencimentos e por vezes só à força é que os patrões no fim do mês lhes abonavam os vencimentos. Falamos com pedreiros; carpinteiros, Bate-Chapas, pintores, sapateiros, Canalizadores, mecânicos, pequenos comerciantes, latoeiros e outras pessoas que através das suas profissões dão um contributo indispensável à sociedade. Todos eles afirmaram que as suas actividades rendem-lhes acima da media. Foram unânimes em afirmar que estão no mercado do "auto emprego" ou emprego por conta própria porque os baixos salários auferidos neste país "não ajudam nada". Queixaram-se sobretudo da falta de seriedade de alguns empregadores, até em tom com um certo preconceito racial. Disseram-nos com uma inquietante unanimidade que os patrões, sobretudo "os da raça negra" os aldrabavam com frequência quando estavam empregados.
Em resultado do inquérito pudemos aferir que não há também uma definição clara do que é desemprego e emprego, neste país, atendendo à enorme faixa de pessoas que andam a desenrascar a vida, afinal a esmagadora.

O que disseram alguns inquiridos

Abrantes Neves , mecânico de profissão , disse ao «Canal de Moçambique», ao ser interpelado na zona de Chamanculo, que optou pelo auto-emprego porque na empresa onde trabalhava , o seu patrão, a dado passo deixou de honrar com os seus compromissos. Deixou de pagar os salários devidos, por outras palavras.
"Assim comecei a fazer o meu trabalho em baixo de uma árvore e já passam muitos anos. Agora tenho quarto empregados. Aprendi esta profissão na oficina do meu irmão e depois fui trabalhar para um patrão", disse este nosso inquerido para depois acrescentar que do fruto das suas economias conseguiu comprar "dois chapas" (mini-bus) e acrescentou: "Fora do rendimento do «Chapa» só na parte da mecânica, por vezes, consigo facturar cerca de 3.000,00 MT por dia".
Já o bate-chapas, João Moises Macamo, disse ter aprendido a sua profissão de um seu antigo patrão só que por não ver o seu vencimento honrado teve que o abandonar preferindo o auto-emprego. Este entende que nunca poderá voltar a trabalhar para um patrão porque os valores que estes pagam são irrisórios.
"Veja só que os salários não ajudam. Três mil meticais por mês, para o custo de vida actual, são um valor insignificante, para além de que, chegado o fim de mês tem que haver barulho para os receber. Isto não posso aceitar", disse. Acrescenta que "em media diária posso ter por aí, entre quarto a cinco viaturas para reparar, e posso ganhar muito bem".
Jaime Daniel Sona, alfaiate de profissão e natural de Manica , disse que começou a desempenhar a sua profissão em 1978 e que aprendeu esta arte através do seu irmão. "Tenho quarto filhos a estudarem e diariamente consigo pelo menos adquirir 400,00 MT a 600,00 MT. Isto varia, mas sinto-me bem. Nunca pensei em trabalhar para um patrão".
Rafiudine Dulá Badru , também alfaiate disse estar a desempenhar a sua actividade desde 1970 e aprendeu esta profissão também através de um seu irmão. Ele disse que também sente se bem no auto emprego e o seu rendimento diário varia entre 250,00 MT a 300,00 MT.
"O que me atrapalha agora é essa roupa das calamidades que nos faz baixar de rendimento. Mas mesmo assim consigo ter dinheiro suficiente para sobreviver", disse. Ele referiu ainda que trabalhou para um patrão, até 1994. "Nessa ocasião ia para o serviço mas tinha que ao regressar a casa trabalhar de noite. Conseguia mais rendimento em casa do que no serviço. Assim optei pelo auto-emprego".
Perguntámos-lhe o que faria se lhe oferecessem um emprego. "Se aparecesse uma oportunidade de emprego podia aceitar mas tinha que ser pago acima de 10.000,00MT", responde.
Vasco Fernando Zuale , técnico de Frio , disse ter trabalhado na «Clima Técnica» tendo a empresa fechado. Para ele a única alternativa foi o auto-emprego. "Vou vivendo assim. Aprendi esta profissão através de um curso orientado por técnicos portugueses. Há pouco trabalho, mas tenho tido algum dinheiro para sobreviver e garantir mesada para os meus filhos. Trabalhar para um patrão posso. Mas estes nunca têm dinheiro para pagar quando chega o fim do mês. É por isso que agente nega hoje ir procurar um patrão".
Raimundo Manganhela, proprietário de «Txova» (NR: Carro com duas rodas de tracção a força humana) disse que o seu trabalho "é duro mas rendoso". "Não estudei, mas o que ganho com esta actividade vale mais que aquele que estudou", disse e acrescentou: "Por dia posso conseguir mais do que 500,00MT. Já fui aprendiz numa oficina de Bate-Chapa e deixei".
Aqui referir que o salário mínimo ronda os 1.500,00 MT/mês. Este bate-chapa faz isso em três dias.
O nosso interlocutor disse ainda que ao descobrir que o auto emprego é rendoso nunca mais se preocupou em bater às portas para arranjar um emprego. Conta: "Tenho oito filhos a estudarem. Tenho casa própria e não tenho muita preocupação".

Dados reais não existem

O delegado do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional, na Cidade de Maputo, Francisco Mamusse Júnior, confirmou à reportagem do «Canal de Moçambique» não haver dados reais sobre o índice do desemprego na capital do país. Explicou que o emprego formal é o sujeito a salário e que o auto emprego não é desemprego:
"Sobre o auto emprego os dados que temos têm muito a ver com aquelas pessoas que nos relacionamos com elas. São pessoas que nós formamos e damos os postos de trabalho", diz Francisco Mamusse Júnior e acaba logo a aseguir por confirmar o que há muito se suspeitava: "Nós nunca fizemos um levantamento sobre a situação do auto emprego e desemprego na cidade de Maputo".
Entretanto Francisco Júnior disse ainda que "os dados existentes dão conta que estão controlados cerca de 241 cidadãos no auto-emprego, mas esses dados são poucos". Afirma depois que "os dados oficiais somam a cerca de 3.120 desempregados" e conclui: "Também os consideramos dados irreais".
"Esses são dados de pessoas que se vêm inscrever e pedir emprego, mas nós sabemos que existem muitas mais pessoas que não tem emprego", disse também esta fonte acrescentando que "os dados reais serão conhecidos após terminar o recenseamento geral da população em curso".


Fonte: Canal de Moçambique

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