A decisão foi anunciada há dias pelo director provincial da Educação e Cultura em Nampula, António Pilale, numa altura em que alguns administradores distritais acusam o sector de cometer graves irregularidades, com corrupção à mistura, no processo de contratação de docentes, a maioria dos quais está há mais de quatro meses sem auferir salários por falta de fundos.
Na recente sessão do Governo provincial, realizada na vila-sede do distrito de Malema, os administradores distritais exigiram explicações junto da Direcção da Educação e Cultura sobre os atrasos sistemáticos no pagamento de salários aos professores contratados.
Na ocasião, a nossa Reportagem apurou que os Governos distritais, em cumprimento de uma orientação da DPEC, recrutaram candidatos a docentes, leque no qual foram inclusos indivíduos sem formação psico-pedagógica, alegadamente porque estava assegurada a sua capacitação em exercício, nomeadamente durante as férias trimestrais.
`O que aconteceu foi que, depois de começaram a leccionar, os docentes contratados a nível distrital começaram a enfrentar dificuldades, ao não receber os seus salários. A nossa indignação aumenta quando sabemos que os professores recrutados pela DPEC e enviados aos distritos chegam já com as guias de salário em mãos´, denunciou Alfredo Mata, administrador da Ilha de Moçambique.
António Pilale reconheceu ter havido graves erros no processo de recrutamento de docentes, aludindo que tal se deveu à falta de informação. Segundo ele, o processo de troca de informação foi deficiente, por um lado devido à aparente falta de cultura de diálogo, e, por outro, por desleixo dos funcionários do sector a vários níveis.
`Fomos traídos por falta de informação que se verificou entre a DPEC e as administrações distritais, incluindo os Serviços Distritais de Educação, Cultura, Juventude e Tecnologia. Por isso fomos enviando docentes com formação psico-pedagógica aos distritos na perspectiva de que as vagas não estavam preenchidas a nível local, devido a alguma eventual dificuldade´, disse Pilale.
Negou que tenha havido corrupção no processo de recrutamento a nível da sua direcção, embora o administrador de Muecate, José Carlos Amade, tenha argumentado que todos os docentes enviados ao seu distrito estão a pedir transferência para a cidade de Nampula, onde aparentemente conseguem afectação em escolas locais sem muitas dificuldades, embora as informações correntes se refiram à falta de vagas.
No entanto, Pilale garantiu que todos os docentes com contratos rubricados com a sua instituição e que até ao momento não auferiram os seus salários, vão receber o seu dinheiro brevemente.
O governador de Nampula, Felismino Tocoli, surpreendido com esta situação, instou o sector da Educação no sentido de imprimir maior dinâmica visando adequar os mecanismos de funcionamento e de coordenação com outras instituições a nível provincial e distrital, acrescentando que o recrutamento de docentes deve ser encarado com muita responsabilidade, sob o risco de o Governo ser penalizado devido aos erros que estão a ser cometidos. |
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