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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Na província de Maputo: “Revolução Verde” comprometida pela seca

"Caso não forem tomadas medidas urgentes a situação poderá conhecer um certo agravamento o que fará com que o número de pessoas em situação de vulnerabilidade extrema e em situação de insegurança alimentar aumente para cerca de 120.000 afectados" - Pinto Luciano, Chefe dos Serviços Provinciais de Agricultura, na Província de Maputo

A seca que as autoridades dizem estar a assolar na província de Maputo desde Janeiro último, é tida por essas mesmas autoridades da Agricultura como um "nó de estrangulamento que poderá comprometer a «Revolução Verde»", estratégia esta traçada pelo actual Governo do país. "Contribui para que mais de 100 mil pessoas das cerca de 90.456 famílias afectadas desde o início do presente ano quando começou a estiagem, sejam consideradas numa situação de extrema pobreza e insegurança alimentar", segundo fonte oficial.
A "Revolução Verde", depois da «Jethrofra» ter sido a primeira paixão e agora estar aparentemente remetida ao esquecimento, é a mais recente paixão conhecida do chefe de Estado. É agora "a grande paixão" de Armando Guebuza, mas pelo que nos dizem está também remetida ao fracasso, por força da chuva que tem sido insuficiente como o chefe dos Serviços Provinciais de Agricultura, Pinto Luciano, disse à reportagem do «Canal de Moçambique». Segundo ele, "caso não sejam tomadas medidas urgentes a situação poderá ficar ainda pior o que fará com que o número de pessoas em situação de vulnerabilidade extrema e de insegurança alimentar aumente para cerca 120 mil".
A fonte revela-se entretanto e mesmo assim, "optimista". Fala de "exiguidade de meios" mas insiste que se deve manter a esperança. Diz que "perante a gravidade da situação, o Conselho Técnico de Gestão de Calamidades da província, juntamente com a Direcção Provincial de Agricultura, elaboraram um plano que inclui um conjunto de acções visando reverter situação " que a ser concretizado como diz acreditar "vai proporcionar o acesso de alimentos aos afectados bem como vai permitir criar bases para a redução da vulnerabilidade das famílias afectadas pelos efeitos desta estiagem".
O Chefe dos Serviços Provinciais de Agricultura, na Província de Maputo, Pinto Luciano acrescentou ainda que a proposta de "acções para a mitigação da seca visam ainda fazer intervenções de emergência que permitam que, num curto espaço de tempo, se atenue o sofrimento das famílias afectadas e criarem-se recursos que assegurem as bases para a auto-suficiência alimentar no futuro", disse.

Subaproveitamento das baixas levou à fome

Entretanto, num relatório sobre a avaliação da situação da estiagem na província de Maputo, que o chefe dos Serviços Provinciais de Agricultura nos forneceu dá conta que as autoridades de agricultura reconhecem não ter havido, antes da eclosão da seca, medidas preventivas que permitissem um aproveitamento das extensas baixas existentes naquele território, imprecaução tal que leva a que distritos potencialmente ricos na produção de alimentos estejam hoje na lista das zonas afectadas pela seca e fome. Destaca-se o subaproveitamento das baixas nos distritos de Marracuene, Manhiça, Moamba e Magude outrora potenciais produtoras de comida para os centros urbanos periféricos, principalmente à cidade de Maputo.
"Um dos factores que", segundo ainda o relatório, "contribui para o fraco aproveitamento das baixas, é a obstrução das suas valas, o que leva à estagnação das águas e à sua salinização".
Contudo, "sobre esse factor, o programa de acções de mitigação da estiagem na província propõe", segundo Pinto Luciano, "a limpeza de um total de dez quilómetros de extensão de valas de irrigação nos distritos de Marracuene e Manhiça", o que, defende-se nele, "contribuiria para o aproveitamento de oito mil hectares de área irrigável às comunidades afectadas".
"Estimamos que com esta acção sejam beneficiadas, aproximadamente, 16 mil famílias, parte das quais em situação de vulnerabilidade extrema", disse a fonte que temos vindo a citar, acrescentando que "a implementação do referido projecto compreende o aluguer de uma máquina para escavação e limpeza das valas de irrigação o que a efectivar-se, o trabalho deverá ser realizado durante este mês de Setembro antes do período das chuvas".

Os fundos que faltam

Mas apesar das boas intenções lá vem sempre o eterno problema. Diz o chefe dos Serviços Provinciais de Agricultura na província de Maputo que durante o período de pico desta seca, que se "começou a registar-se no mês de Fevereiro passado, o Governo provincial identificou vários projectos e empreendeu esforços para apoio às comunidades afectadas, só que alguns não foram concluídos por exiguidade de fundos".
Diz a fonte que "é o caso do apoio à Associação dos Produtores de Malegane, no distrito da Moamba que consistia na reabilitação de um sistema de rega para cerca de 10 hectares que iria beneficiar 30 camponeses". "Tal projecto estava orçado em 403.524,17 MT dos quais só estão disponíveis 176.000,00 MT", concluiu.
"A componente de transporte afigura-se ainda como a mais gravosa nos custos envolvidos nas acções de mitigação dos efeitos da estiagem porque alguns insumos agrícolas como a rama da batata-doce, estacas da mandioca e socas de ananaseiros são aprovisionadas e transportadas a partir das províncias de Inhambane e de Sofala", acrescentou Pinto Luciano.
"Este programa envolve a preparação de cerca de 44,5 hectares, sendo 25 há para estacas de mandioca, 12,5 há para batata-doce e 7 ha para ananaseiros", diz ainda a fonte.
Para Pinto Luciano "nem tudo arrancou mal pois durante este período em que a seca dura no território, já foram investidos cerca de 8.000.000,00 MT em acções para a sua mitigação".
"Reabilitámos", diz Pinto Luciano, "alguns sistemas de regadio; abrimos valas de drenagem; estamos a construir represas em quase todos os distritos da província, fundamentalmente nas zonas mais no interior; houve fomento de culturas resistentes à seca e prevêsse a construção de 115 pequenos regadios dado o facto de haver muitas famílias que praticam agricultura não só nas baixas mas também em zonas possíveis de serem irrigadas", afirmou a concluir.

(Alexandre Luís)
 Fonte:Canal de Moçambique
 
 

 



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