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terça-feira, 11 de setembro de 2007

Tensão política em Maríngue desmentida por fonte empresarial

Guardas da segurança da Renamo patrulham as instalações do partido e transitam pela vila, mas não houve confrontos. Comando Provincial da PRM na Beira também diz que tudo está calmo.

Num cenário que aparentemente montado para fazer recordar a situação vivida em meados do segundo semestre de 2004, na Vila de Inhaminga, no distrito de Cheringoma na província de Sofala, a vila de Maríngué, a norte de Sofala, voltou a ser chamada à ribalta a pretexto de disputas políticas envolvendo os dois principais partidos políticos em Moçambique, Frelimo e Renamo, respectivamente.
Informações na posse do Canal de Moçambique, indicam que a crispação em Maríngue, começou no passado dia 6 de Setembro, quando um grupo de militares da segurança da Renamo, decidiu sair a rua, armado e devidamente fardado, numa operação de patrulha nalgumas das artérias da vila, começando pela pista do aeródromo local e a zona onde se encontra instalada a sede distrital da Renamo naquele distrito, que por sinal dista a escassos metros de uma base da Força de Intervenção Rápida (FIR) que há anos foi estacionada naquele ponto do país.
Uma fonte do Canal de Moçambique, que esteve em Maríngue e regressou na noite de Domingo último, conta que até aquele dia, não houve disparos nenhuns nem distúrbios graves, tal como alguns círculos deram a entender na Cidade da Beira e até outros chegaram a propalar através da imprensa oficiosa que houve instalações incendiadas alegadamente propriedade do partido Frelimo.
“Não houve confrontação nenhuma. O que aconteceu é que, disseram que o primeiro secretário do partido Frelimo em Maríngue, ordenou que fossem queimadas as sedes e residências de membros da Renamo naquele distrito e que as tais pessoas que fazem isso, preparavam-se para queimar a sede distrital. Foi por causa disso que os homens da segurança da Renamo saíram à rua para inteirar-se da situação” referiu a fonte que solicitou anonimato.
O nosso entrevistado, que tem desenvolvido as suas actividades privadas relacionadas com o corte de Madeira no distrito de Maríngue, indicou que os seguranças da Renamo naquele distrito estão de facto a “andar em grupos separados de dois a três homens armados a patrulharem a vila, mas sem incomodar a ninguém”.
Na sequência desta movimentação de homens da segurança do partido de Afonso Dhlakama, a fonte que temos vindo a citar disse ter notado uma concentração fora do normal de efectivos da Polícia de Intervenção mais conhecida por FIR, que entretanto “também vem circulando nas ruas da vila, mas à paisana”.

Comando da PRM confirma que tudo está calmo

O Comando Provincial da Polícia da República em Sofala, até ontem alegou que não tinha nenhuma informação sobre o que estaria a acontecer no distrito de Maríngue apesar das informações postas a circular perante um grupo de jornalistas no Sábado pelo governador provincial de Sofala, Dr. Alberto Vaquina.
Mateus Mazive, das Relações Públicas da PRM em Sofala, prometeu para hoje, Terça-feira, apresentar a versão oficial sobre o que estará de facto a acontecer naquele ponto do país.
O governador de Sofala, Dr. Alberto Vaquina, foi quem avançou com informações sobre alegadas movimentações de homens armados e fardados “da Renamo” que teriam saído das suas instalações e que estavam a circular pelas ruas de Maríngues por razões desconhecidas.
A nossa reportagem, apurou que na sequência dessa informação, o governador Vaquina, fez viajar no domingo para o terreno, um grupo de jornalistas dos órgãos de informação controlados pelo Estado para se inteirar da situação. Outros jornalistas de órgãos de comunicação social privados foram impedidos de fazer parte da comitiva. Os jornalistas que se deslocaram a convite do governador receberam dinheiro de ajudas de custo oferecido pelo governo da província.
Do lado da Renamo, pouca informação transpirou, sabendo-se apenas que o Delegado Político Provincial, Fernando Mbararano, fez também deslocar uma equipa do seu partido ao local, afim de averiguar o que realmente está a acontecer naquele ponto que é tido como um dos bastiões históricos da “perdiz” na província de Sofala.
Desde que foi assinado o acordo de cessar-fogo entre o Governo da Frelimo e a Renamo, Maríngue e Cheringoma, ambos na província de Sofala, tem sido palco de alguma tensão política entre os dois antigos beligerantes da Guerra Civil dos 16 anos, sobretudo quando se aproxima o período eleitoral no país.
Em meados do segundo semestre de 2004, unidades da Força de Intervenção Rápida (FIR), chegaram a confrontar-se aos tiros com elementos da segurança do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ao tentarem ocupar a residência do presidente da Renamo na vila de Inhaminga.
Tal incidente no ano de 2004 em Inhaminga fez recordar os tempos da guerra civil. Culminou com a morte de mais de cinco agentes da Polícia – Forças de Intervenção Rápida, enquanto que os ex-guerrilheiros da Renamo, refugiaram-se nas matas obedecendo a ordens do seu líder para evitarem mais sangue.
Para além dos confrontos na zona serem cíclicos e sempre por alturas de eleições, agora há a acrescentar as desavenças veladas e subtis que vêm sendo identificadas entre interesses que tendem a puxar as exportações do carvão de Moatize pela Beira e por Nacala, respectivamente. De um lado estão os interesses do presidente Armando Guebuza e do outro os de Alberto Chipande, ex-ministro da Defesa de Samora Machel e hoje empresário de sucesso, o primeiro por defender o escoamento de carvão de Moatize pelo Porto da Beira e o segundo por defender essa operação através do Porto de Nacala onde tem os seus interesses pessoais no Corredor e Porto Nacala.
Tanto na Beira como em Nacala os presidentes dos municípios e as maiorias nas assembleias municipais são do partido de Afonso Dhlakama.
As provocações cíclicas entre a FIR e homens da segurança da Renamo e dos seus dirigentes designadamente do presidente Afonso Dhlakama não têm provocado distúrbios de sua iniciativa. As actuais crispações são vistas por certos observadores como tendentes a prejudicar os bons ofícios do chefe de Estado na visita que se encontrava a efectuar ao Brasil, país onde está a sede da Companhia Vale do Rio Doce, a quem já foi adjudicada a exploração de carvão em Moatize e cuja operação de escoamento se espera que tenha início em 2010 quando a conclusão da linha ferroviária de Sena estiver concluída. A referida linha férrea está presentemente a ser totalmente refeita por um consórcio indiano depois do Banco Mundial ter afectado ao Estado moçambicano através dos CFM centenas de milhão de dólares americanos para o sistema ferroviário que também serve o Malawi possa ser restabelecido permitindo a operacionalidade plena do Porto da Beira.

(Edy Ndapona)
Fonte: Canal de Mozambique

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