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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Quando é acusada de servir para nada

OTM prepara Congresso para Novembro próximo
"Nós neste momento não podemos dizer se conseguimos defender os interesses dos trabalhadores ou não. Uma organização inserida na sociedade é alvo de diferentes apreciações. A sociedade nunca está satisfeita com nada fundamentalmente quando atinge um determinado patamar, pois a partir daí ela tem outras preocupações. Nós não estamos preocupados que a sociedade diga que a OTM tem um bom desempenho. É bom ouvir que a OTM é uma organização fraca. Mas temos que saber que não há uma organização com sucessos ou insucessos absolutos" - Francisco Mazoio , porta voz da OTM- Central Sindical em entrevista ao Canal de Moçambique.

 Os sindicatos filiados na Central Sindical criada como organização de massas do partido Frelimo, a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (O.T.M. Central Sindical) encontram-se desde o passado dia 30 de Agosto a realizar conferências provinciais com o objectivo de levar a efeito o seu congresso entre 28 e 30 de Novembro próximo.
Numa fase em que no país a esmagadora maioria das pessoas continuam desesperadamente à procura de emprego e não conseguem, onde os empregadores são considerados detentores de grande poderio decisório e a maior parte das empresas são detidas ou participadas por membros do governo e da hierarquia do partido no poder, fazendo isso com que as relações laborais e entre os outros intervenientes e os sindicatos, designadamente os filiados na OTM, sejam praticamente de nenhum proveito e estes últimos até acusados pelos trabalhadores de serem organizações cujos dirigentes são vendidos e inúteis, que nada fazem em defesa dos interesses dos trabalhadores, a primeira central a ser formada no país como organização democrática de massas do partido Frelimo prepara-se para realizar mais um congresso. Prevêem os seus dirigentes que ocorra de 28 a 30 de Novembro próximo.
Tem como principais objectivos, segundo revelou Francisco Mazoio, porta voz da OTM-Central Sindical, efectuar o balanço de todo o trabalho que tenha sido empreendido pela organização durante os últimos cinco anos, isto é, desde 2002 a 2007.
"Temos ainda como agenda para o Congresso a revisão dos estatutos; a aprovação de um plano estratégico que irá orientar a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos nos próximos cinco anos na defesa dos interesses dos trabalhadores, bem como a eleição de novos corpos directivos", disse Francisco Mazoio.
Segundo ele, neste momento estão a decorrer em todo o país conferências provinciais que são considerados passos iniciais para a preparação do Congresso que acabará sendo "a reunião mais alta alto nível da OTM – Central Sindical do País".
"Alguns sindicatos filiados na OTM-Central Sindical irão fazer, durante o período de preparação do Congresso da Central Sindical, os seus congressos. São eles, nomeadamente, o SINTIAB, Sindicato da Indústria Alimentar e Bebidas; SINTEVEC – Sindicato Nacional da Indústria Têxtil e Vestuário; SINTIQUIGRA- Sindicato Nacional da Indústria Química, Borracha, Papel e Gráfica ; SINPIOC- Sindicato Nacional dos Estivadores; SINPOCAF - Sindicato Nacional dos Portos e Caminhos de Ferro, entre outros", disse a mesma fonte.

Sobre o percurso da OTM

Instado a pronunciar-se sobre uma Organização dos Trabalhadores Moçambicanos partidarizada e que sempre se norteou pelos princípios de um partido que tem estado no poder e que actualmente tem membros dirigentes que são proprietários ou accionistas das empresas do país que mais precisariam de uma actividade sindical consequente, uma organização desactualizada e a ser acusada pelos trabalhadores de nada fazer e de se tratar de uma organização inútil pelas bases, quisemos ouvir o parecer do nosso interlocutor.
Francisco Mazoio foi explícito: "Nós neste momento não podemos dizer se conseguimos defender os interesses dos trabalhadores ou não".
"Uma organização inserida na sociedade é alvo de diferentes apreciações. A Sociedade nunca está satisfeita com nada, fundamentalmente quando se atinge um determinado patamar, pois a partir daí ela tem outras preocupações".
"Nós não estamos preocupados que a sociedade diga que a OTM-Central Sindical está num bom desempenho. O que a nós nos interessa é sermos uma organização com uma boa intervenção na defesa dos interesses dos trabalhadores", disse Francisco Mazoio.
De acordo com Mazoio, "quando a OTM faz um congresso, fá-lo por o mesmo constituir uma ocasião de análise dos principais problemas que afectam a organização".
"Neste momento", acrescentou, "estamos a auscultar as diversas sensibilidades para melhor avaliarmos a nossa vida e traçarmos novas estratégias".
"É bom ouvir que a OTM é uma organização fraca. Mas temos que saber que não há uma organização com sucessos ou insucessos absolutos", disse o porta-voz desta Central Sindical que não é a única existente no país.
De recordar que Soares Nhaca, actual vice-ministro do Trabalho, quando era o mais alto dirigente desta central sindical foi convidado e aceitou tornar-se governador de uma província. Desde aí todos os seus discípulos tem vindo a ser acusados pelos trabalhadores de agirem na direcção da OTM-Central Sindical sempre com o propósito de agradar ao governo e aos chefes numa desesperada tentativa de lhes vir a calhar a mesma sorte.

(Alexandre Luís)

Fonte: CANAL DE MOÇAMBIQUE 

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