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quarta-feira, 7 de março de 2012

Saída de Josefo Nguenha não é uma questão pacífica

Da chefia da Bancada da Frelimo na Assembleia Municipal da Beira
- O próprio afirma ter sido apanhado de surpresa, que está equivocado porque os métodos usados não se identificam com os princípios do Partido Frelimo, denuncia autoritarismo na direcção do partido na Beira, fala de coação, de que vai impugnar a decisão porque não tem enquadramento estatuário do partido, levanta problemas de relacionamento com o primeiro secretário da cidade e com o representante do Estado na Beira, e deixa recado de que ainda tem muita coisa para despoletar
- Por seu turno, o primeiro secretário da cidade reitera que ele manifestou o desejo de abandonar o cargo numa reunião do executivo realizada em Dezembro e pelos vistos não esperava que um dia fosse produzir efeitos, observa que esse tipo de afirmações pode-se fazer em qualquer ambiente mas não num fórum próprio, onde se discutem questões sérias, como é o caso do secretariado, e recomenda ele é livre de pedir uma atenção especial para apresentar os seus problemas
Contrariamente ao que se podia imaginar, afinal de contas o afastamento de Josefo Nguenha da chefia da bancada da Frelimo na Assembleia Municipal da Beira não é uma questão pacífica. Trata-se de um imbróglio que só começou, promete fazer correr muita tinta e no âmbito político não se pode esperar outra coisa se não favorecer interesses de outros partidos, nomeadamente da oposição.

Descontentamento total
“O Autarca” abordou ontem a tarde Josefo Nguenha e este mostrou-se descontente com a medida do seu afastamento do cargo, negando categoricamente alguma vez tenha manifestado essa intenção, contrariando a versão apresentada pelo primeiro secretário da Frelimo na cidade da Beira, Lino Massinguine (consultar edição nº 2301 do “O Autarca”).

Nguenha disse que tudo partiu de um encontro do partido realizado no ano passado, no qual denunciou que havia um mau relacionamento entre ele e o representante do Estado na cidade da Beira, Arnaldo Machoe, a ponto de não se saudarem e considerava isso anormal sendo ambos camaradas e membros do mesmo secretariado.
Manifestações tribalistas
Denunciou-nos após colocar essa preocupação foi tido como tribalista, questionando-se se havia algum pecado pelo facto de ser ndau e nativo dessa província de Sofala, centro de Moçambique.
Apenas um parêntese, o primeiro secretário da Frelimo na cidade da Beira e o representante do Estado na cidade da Beira ambos a sua naturalidade é do sul.
Posteriormente, Nguenha disse ter servido o partido durante três anos consecutivos sem gozar férias e agora que solicitou licença de 45 dias foi surpreendido com a acusação de que estava a entregar a bancada de que até esta segunda-feira era chefe.
Simplesmente equivocado e surpreendido
“Ontem (anteontem) de repente quando chego aqui (sede do partido na Munhava) encontro uma reunião que nem sequer estava agendada e sou surpreendido com o anúncio da despedida do Representante do Estado na cidade da Beira para o distrito de Chibabava e logo a seguir sou anunciado que já não sou chefe da bancada e que o novo chefe é o José da Silva Raimundo”.
Josefo Nguenha reclama o to de ter sido eleito pelos membros da bancada e os estatutos do partido vincam claramente que a pessoa a cessar funções tem de ser notificada antes.
“Andam a formar grupinhos contra a mim com o intuíto de me isolarem. Eu descobri isso e denunciei.
Pedi um encontro com o primeiro secretário Lino Massinguine, conversamos como homens e informalmente ele lança-me uma ameaça de que vai me mandar para um sítio onde eu mereço, e esse sítio que eu mereço é deixar de ser chefe da bancada?” – questionou-se.
Na sua consideração aquilo tudo não passa de uma retaliação, de uma simbiose política de combate que está sendo travado contra a sua pessoa.
Disse que todo acto recaído sobre a sua pessoa não tem nenhum fundamento, defendendo-se que em nenhum momento escreveu ou solicitou demissão, pelo contrário referiu que escreveu para o primeiro secretário da província denunciando a existência de um complô contra a sua figura, ao mesmo tempo que manifestou desapontamento em relação ao acto praticado nesta segunda-feira, nomeadamente o seu afastamento de forma incorrecta.
“Se acham que fulano ou beltrano não é bom dirigente alguma vez isso significa que essa pessoa está a ceder o lugar? Se acham que não sirvo para a chefia da bancada que analisem o percurso do meu trabalho e me informem.
Tenho historial que merece uma análise do meu desempenho na bancada, primeiro como membro simples e agora como chefe da bancada” – reivindicou
Josefo Nguenha.
Visivelmente emocionado com a situação, Nguenha afirmou-nos que está muito equivocado com a situação, denunciando a seguir os métodos usados não se identificam com os princípios do partido Frelimo. “Isso é autoritarismo” – acusou.
Recusa de entregar chaves de gabinete
“O Autarca” apurou, entretanto, após ser informado da sua cessação do cargo de chefe da bancada da Frelimo na Assembleia Municipal da Beira Josefo Nguenha teria sido solicitado para entregar as chaves do gabinete e a sua reacção foi negativa. Perguntamo-lo sobre esse incidente e a resposta foi: “A quem devia entregar as chaves? Com que fundamento eu devia entregar as chaves? Qual o dispositivo legal para tal, se nem fui notificado sequer, nem uma ordem por escrito foi feita a me informar de que deixei de ser chefe da bancada? Vou entregar as chaves como?”.
Por outro lado, Nguenha reivindicou a necessidade de preservação da sua imagem, recordando que é membro sénior da Assembleia Municipal da Beira e milita no partido Frelimo a 35 anos. “Eu acho mereço o mínimo de respeito e consideração. Os camaradas tem de me tratar com dignidade. Se há algum equívoco que eu tenha praticado que me digam. Levantem um processo disciplinar e isso está previsto nos estatutos do partido”.
Coagiram-me para poder escrever
Prosseguindo a sua dissertação, Josefo Nguenha denunciou ter sido coagido para escrever ao partido solicitando o seu afastamento do cargo de chefe da bancada da Frelimo na Assembleia Municipal da Beira, tendo revelado que não acatou. Para sustentar a sua recusa, Josefo Nguenha disse ter se socorrido do texto constitucional exposto no artigo 80 (Direitos de Resistência), que estabelece todo o cidadão tem o direito de não acatar ordens ilegais ou que ofendam os seus direitos, liberdades e garantias.
Vou impugnar
Paralelamente, o nosso entrevistado transmitiu que vai impugnar a decisão do seu afastamento do cargo que vinha exercendo por a mesma não possuir o mínimo sequer de enquadramento estatutário do partido.
“Não também cabimento nenhum aquela decisão. Nem sequer fui notificado da minha cessação de funções. Nem o próprio secretariado ainda não se reuniu com os membros da bancada.
Isso é uma imposição para uma bancada. Eu tenho minhas influências políticas, fiz o meu nome na praça e não gostaria que andassem a dizer por aí que tenho problemas com o partido Frelimo. Eu não tenho problemas com a Frelimo, tenho problemas de relacionamento com alguns indivíduos da direcção do partido aqui na Beira”.
Ainda tenho mais coisas para colocar na mesa
Questionamo-lo em relação ao nível de relacionamento entre ele e o primeiro secretário da cidade, tendo respondido “agora é que estou a ver que havia uma farsa, que ele tem problemas comigo. Quando tem mesquinhices correm logo para a província antes de falar directamente comigo. Não é correcto e não ético essa forma de agir.
Eu não tenho problemas com ele, se eu tivesse problemas com ele não teria solicitado encontro de cavalheiros.
Afinal quando se diz camarada é o quê? Não é entendimento?”.
Nguenha deu exemplo de uma pessoa casada que se ausenta de casa por algum tempo e no seu regresso chama um dos filhos para perguntar como a sua mãe comportou-se durante a sua ausência – perguntando a seguir se esse procedimento é correcto ou é ético.
“Esse tipo de situações acontecem aqui nesta casa”, referindo-se a sede da
Frelimo na Beira.
“Alguns dirigentes aqui nesta casa saber do comportamento dos chefes junto de indivíduos inferiores. Alguma vez esse procedimento foi correcto?” voltou a questionar para depois concluir afirmando que “eu ainda tenho mais coisas para colocar na mesa”.
(Falume Chabane)
O AUTARCA – 07.03.2012

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