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TERMINEI o artigo anterior com a sugestão de que o auxílio externo produz uma tensão entre o político e o técnico. Enquanto que nos países doadores o auxílio ao desenvolvimento é coisa política, nos nossos países as decisões técnicas emanadas desse processo político não devem ser tratadas de forma política, algo que, apresso-me a acrescentar, é perfeitamente natural e legítimo. Sendo assim, uma boa parte da política dos doadores consiste em tentar impedir que a sua ajuda seja tratada politicamente entre nós.
O problema disto é que leva os doadores a interferirem cada vez mais no nosso processo político justamente para manter o carácter técnico das decisões políticas que eles tomaram. O Embaixador norueguês foi citado há alguns meses pela imprensa como tendo dito que os doadores estavam preocupados com o facto de que o governo não estava a ser suficientemente ambicioso nas suas metas relativas ao combate contra a pobreza. Ele é bem intencionado, disso não há dúvidas, mas esta é uma ingerência de muito mau gosto nos nossos assuntos. (J-Noticias)
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